SEGURANDO AS CORDAS NA OBRA MISSIONÁRIA


A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO EM MISSÕES




A oração e o avanço missionário dos morávios também preparou o caminho para William Carey e a nova era das missões modernas. Numa cidade do interior da Inglaterra, o Espírito Santo estava trabalhando na vida deste jovem pobre e simples.

Tudo começou com um chamado à oração. Carey era recém batizado, e aconteceu em sua igreja uma conferência da Associação Batista, em 1784. John Sutcliff convocou os pastores para realizar toda segunda-feira do mês uma reunião de oração como objetivos bem definidos: “O principal pedido da reunião deve ser que o Espírito Santo seja derramado sobre os pastores e igrejas, que os pecadores sejam convertidos, que os santos sejam edificados, que o interesse pela religião seja reavivado, e o nome de Deus seja glorificado.

Lembrem-se, ao mesmo tempo, de que esperamos que vocês não se limitem em seus pedidos às suas próprias comunidades, ou aos seus próprios relacionamentos mais imediatos; que o interesse amplo do Redentor seja lembrado com carinho, e que a expansão do evangelho às regiões habitáveis mais distantes do globo seja o objetivo dos seus pedidos mis fervorosos.” A receptividade foi admirável. Todas as igrejas da Associação começaram a orar com seriedade nunca vista.

Carey participava das reuniões e fez do seu ambiente de trabalho um lugar de intercessão. Enquanto consertava sapatos, tinha diante de si um mapa mundi, por meio do qual o Senhor das nações foi colocando a compaixão pelos povos pagãos em seu coração, e assim ele foi despertado para evangelizar os perdidos. Sete anos após a convocação para oração, ele levantou-se e pregou o sermão que desafiou a liderança para preocupar-se com a evangelização dos pagãos.

Carey esforçou-se orando, escrevendo e falando sobre o dever de levar Cristo as outras nações. “Ele não deixou de mencionar o papel da oração em preparar seu coração e o dos outros para a grande tarefa que estavam abraçando.”

Em 13 de junho de 1793, partiu para a Índia. Durante seus 41 anos de ministério naquele país multicultural e multilíngüe, traduziu as Escrituras para mais de trinta línguas. Escreveram várias gramáticas e dicionário, fundou uma escola de preparação de obreiros que fez avançar a evangelização entre os povos não alcançados daquela época.

Fundou, em Serampore, o centro de atividade missionária batista, onde recebia outros missionários, tornando-se um exemplo harmonioso de cooperação. Serviu ao país fundando e ensinando em várias escolas; também fundou a Sociedade de Agricultura e Horticultura e publicou livros sobre a flora indiana. Só foi possível vencer todos os obstáculos e fazer uma obra tão extensa e produtiva porque vivia possuído pela chama do amor divino e alimentado pela oração.

Assim, Carey deixou sua marca na Índia e nas missões mundiais. Apropriadamente, é considerado o “pai das missões modernas.”.

É neste período que nascem as sociedades missionárias independentes ou denominacionais, com leigos e eruditos, homens e mulheres que se dedicaram integralmente à expansão do evangelho. “Nunca o cristianismo ou qualquer outra religião tivera tantos indivíduos em tempo integral na propagação da fé. Nunca tantas centenas de milhares contribuíram voluntariamente de seus meios a fim de assistir à difusão do cristianismo ou de qualquer outra religião”.

Surge, então, “o grande século missionário, período que compreende os anos de 1792 a 1914, pertencente às épocas mais brilhantes da história da igreja e especialmente da história de missões. Um movimento missionário sem igual, desde os tempos dos apóstolos, caracterizou estes 122 anos, onde a determinação, a coragem, a fé e o sucesso acompanharam a maioria dos pioneiros e seus sucessores”.

Desta época, destacamos grandes personagens, homens de oração que fizeram o reino eterno se expandir aos lugares mais difíceis e escondidos da terra:

Henrique Martyn conheceu o testemunho do trabalho de William Carey, na Índia, e sentiu-se dirigido por Deus para trabalhar no mesmo país. Os obreiros que ali estavam decidiram clamar ao Senhor da seara que enviasse trabalhadores, pois a necessidade era muito grande e poucos os obreiros.

Em abril de 1806, Martyn desembarcou na Índia e foi recebido alegremente como resposta às orações. Entregou-se ao serviço; entretanto, separava dias inteiros para a intercessão, pois, para ele, “a oração não era uma formalidade, mais o meio certo de quebrantar os endurecidos e vencer os adversários”.



John Hyde é conhecido como “o homem que orava”. Ao concluir seu curso, um colega desejava persuadi-lo na decisão de entregar-se para a obra missionária, mas ele disse: “Não era de argumentos que ele carecia, mas devia ir ao quarto, prostar-se de joelhos e permanecer perante Deus até resolver a questão em definitivo. Na manhã seguinte, disse ao colega: Estou resolvido”.

A bordo em caminho para a Índia, recebeu um telegrama: “Estás cheio do Espírito Santo?” Ele era conhecido como um grande pregador e ficou irritado com a pergunta, que julgou ousada. “Naturalmente eu estou, pois eu sou um missionário!” Mas, voltou ao camarote e de alguma forma Deus lhe falou; caiu de joelhos e se entregou inteiramente ao Senhor. “Entregou tudo, e clamou com fé pelo poder do Espírito Santo em sua vida. John Hyde foi para a Índia, e um grande reavivamento se realizou”.




John Hyde buscou forças em Deus para vencer as fraquezas da própria humanidade. Certa vez, durante um culto, ele se levantou e disse: “Não dormi a noite inteira, não comi durante o dia. Tive uma grande luta com Deus. Sentia-o chamando-me para vir aqui e testificar-lhes de algumas coisas que ele fez em minha vida. “ Contou-lhes simples e humildemente como lutara contra certos pecados e como deus lhe dera a vitória. Após falar, todos os presentes caíram em pranto e em confissão, e muitas vidas foram profundamente transformadas.

Inúmeras vezes, na sala de oração, Hyde expressava o seu clamor e choro pelo mundo perdido. Seus colegas testemunharam que Deus derramou um espírito tão forte de intercessão e súplica pelas almas perdidas que contagiou os crentes da Índia, e muitos agonizavam juntamente com ele.

Hyde passava noites inteiras em oração, a ponto de ficar com o corpo debilitado. “Um peso consumia-lhe a alma: a agonia do Senhor Jesus no Getsemane pela redenção do mundo. Sentia a missão de “completar o que resta das aflições de Cristo” (Cl. 1.27). Ele se gastava em oração e clamava: “Pai, dá-me almas ou morrerei!.” Em 1910, pediu quatro almas por dia, e, muitas vezes, ganhava dezenas. 

Ele costumava dizer: “Se nos conservamos juntos a Jesus, ele é quem atrai as almas, por nosso intermédio. “Mas é necessário que ele seja levantado em nossas vidas; isto é, devemos ser crucificados com ele.” Sob o poder da sua intercessão, multidões caíram de joelhos diante do Pai celestial, John Hyde anunciou o evangelho aos indianos e ganhou cem mil almas para Cristo. Ele fez da oração a base de todo empreendimento para o reino de Deus.”

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(Extraído do Livro “A missão de interceder – Oração na Obra Missionária”, de Durvalina B. Bezerra. Editora Descoberta Ltda. Londrina, 1ª. Edição – 2001).




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