MISSÕES UMA TAREFA INACABADA




ALCANÇAR SIMULTANEAMENTE JERUSALÉM...
...E OS CONFINS DA TERRA


Já se vão algumas décadas desde que me envolvi na tarefa de promover a obra missionária, tanto na Igreja onde eu era membro como em outras em que eu era convidado, geralmente para pregar em Cultos de Missões ou outras atividades missionárias.

Geralmente naquela época quando alguém era convidado para pregar em um culto ou alguma festividade de jovens o que se esperava era uma mensagem cheia de retórica convincente, daquelas capazes de atravessar os corações e fazer o povo chorar lagrimas de grande avivamento com toda expressão emocional inerente.

Mas ao rediigir este texto quero confessar para você que a meu anelo no Senhor é que esta mensagem provoque em seu coração decisão prática e duradoura, que leve você a assumir um compromisso sério e definitivo de vida com Jesus.

O tema escolhido para esta postagem encontra-se no Evangelho de Lucas 24.27. (... em todas as nações, começando por Jerusalém).

Agora atente para as palavras do Senhor Jesus que encontra-se em Atos 1:8:

"Recebereis poder, ao vir sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra."

Estas são as últimas palavras proferidas por Jesus, aqui na terra antes de voltar para o Céu.  A pergunta que fica é:

Será que Jesus não escolheu com cuidado essas palavras?

Certamente que sim e certamente Ele espera que prestemos cuidadosa atenção a elas. Mesmo numa leitura superficial fica claro que a preocupação de Jesus é com o mundo inteiro.

Mas além desse sentido óbvio, esta palavra de Jesus contém uma estratégia, uma tremenda estratégia. Uma estratégia capaz de alcançar o mundo dentro de uma geração!

Imagine se nós que amamos a volta de Jesus, ficarmos envolvidos primeiramente com a evangelização de nossa Jerusalém para apenas depois nos voltarmos à evangelização de outras cidades ou nações.

Como muitas vezes acontece na Bíblia, o segredo da estratégia estabelecida por Jesus, está nas pequenas palavras, no caso
"tanto . . . como . . . e".

Observe, por favor, que Jesus não disse:  "Ser-me-eis testemunhas primeiro em Jerusalém, depois em toda a Judéia e Samaria, e finalmente, se um dia sobrar tempo, mão de obra e dinheiro, iremos  até aos confins da terra."

Precisamos Ter muito cuidado com o texto sagrado pois o termo “primeiro em Jerusalém” não aparece em Atos 1.8 como muitos enfatizam.

Consideremos que Jerusalém não era a cidade dos primeiros discípulos já que eles vieram de Cafarnaum e da Galiléia.

Portanto, “se primeiro Jerusalém” significa evangelizar primeiro “sua cidade”, então os primeiros discípulos não poderiam começar por Jerusalém, mas deveriam voltar para Cafarnaum  para começar de lá a evangelização. 

Infelizmente, é assim que estamos conduzindo a coisa, de modo geral.  E isto acontece por falta de uma análise mais acurada do texto sagrado. A expressão  "tanto . . . como . . . e", indica o princípio de simultaneidade. 

Simultaneamente temos que nos esforçar para alcançar a nossa "Jerusalém, Judéia e Samaria" e os confins da terra. Se um dia, de forma geral, assumirmos efetivamente esta estratégia terminaremos de alcançar o mundo nesta nossa geração. Se os Apóstolos conseguiram por que nós não podemos?

Os Apóstolos, e presumivelmente a geração discipulada por eles, entenderam e obedeceram esta estratégia de Cristo. Tanto assim que naquela geração, começando com aquele punhado de gente, que não dispunham da tecnologia moderna, praticamente conseguiram alcançar o seu mundo.

O Apóstolo Paulo fez planos para alcançar a Península Ibérica. Mas infelizmente após a era apostólica a Igreja foi perdendo essa visão e assim ficou através dos séculos, até os dias atuais.

Como conseqüência deplorável da perda dessa visão, de lá para cá, através dos séculos e até hoje a maioria das pessoas nascem, vivem e morrem sem uma vez ouvir falar de Jesus Cristo. É a maior calamidade  de todos os tempos!

Vejam só. Se a partir de hoje, de forma geral, o povo de Deus assumisse efetivamente a estratégia de Jesus, com certeza deveria acontecer o seguinte:

Os muitos jovens que Deus está chamando receberão apoio e sustento de suas igrejas. Deverão se preparar adequadamente, inclusive adquirindo as ferramentas para lidar com outras línguas e culturas (quero lembrar que muitas destas línguas ainda não foram sequer estudadas). Uma vez preparados serão semeados pelo mundo inteiro, nas áreas e junto aos povos onde ainda não existe acesso efetivo ao Evangelho.

Gastarão uns dois anos adquirindo um domínio da língua e cultura local que permita começar a falar de Jesus sem o perigo demasiado de proclamar heresias. Daí para frente deverá haver conversões e o surgir de novas igrejas onde nunca houve.

Agora, essas igrejas deverão também abraçar esta estratégia de Cristo, e com isso começarão a evangelizar não somente na sua "Jerusalém" mas também na "Judéia" e "Samaria". Dessa forma, dentro de uma geração não sobraria povo ou lugar sem acesso efetivo ao Evangelho de Cristo.

Para exemplificar, existem tribos indígenas no Brasil que há poucos anos receberam pela primeira vez a Palavra de Deus onde os crentes já se preocupam não somente com o resto da sua etnia, sua "Judéia", mas inclusive querem enviar missionários para outras tribos.

Aqui eu gostaria de tecer algumas observações quanto à situação e ao potencial do Brasil. Será que nossas igrejas e lideranças evangélicas estão entendendo e seguindo esta estratégia missionária de Cristo?

Qual é o enfoque principal das nossas igrejas? Não seria o evangelismo local, a nossa "Jerusalém"? Tudo bem até aí. E a nossa "Judéia"? Bem, a coisa não anda totalmente mal; está havendo um esforço visível no sentido de abrir novos trabalhos no interior dos estados, em lugares onde ainda não tem nenhuma igreja..

E a nossa "Samaria"? Já que a Samaria representava uma cultura diferente encravada no território judeu, proponho que consideremos os povos indígenas do país como sendo a nossa "Samaria".  Assim sendo, como anda nosso desempenho?

Para começar, entre os grupos indígenas distintos que existem no país pelo menos a metade não tem trabalho evangélico estabelecido ainda.

Se não me engano, “a esta altura”, os missionários de origem estrangeira vivendo e trabalhando com índios no país já estão na minoria. Devem existir mais de 300 obreiros nacionais agindo dessa forma. Já é alguma coisa, mas será que podemos ficar complacentes diante desse quadro? O ingresso no país de novos missionários estrangeiros vem sendo dificultada, e os que já estão aqui muitas vezes encontram restrições diversas. A vantagem que o obreiro nacional leva é óbvia, e deve ser explorada.

E os "confins da terra", as 2.000 etnias sem sequer porta-voz de Cristo ainda, os mais de 12.000 "povos não-alcançados"?

Meus irmãos, temos que mudar esse quadro; temos que nos esforçar no sentido de realizar o grande potencial que o povo evangélico do país representa em prol do Reino de Deus.

Irmãos, vamos levar a sério a ordem de Cristo. Vamos dar respaldo a nossos jovens que Deus está chamando para trabalho transcultural.

Em vez daquele "balde d’água fria".  - ["O quê!? Pode já tirar da tua cabeça essa idéia boba! Você não vai ser missionário coisa alguma; precisamos de você É por aqui. Quando terminarmos de ganhar todo mundo em nosso estado, aí será tempo suficiente de olhar mais longe, Etc”.].

Vamos incentivá-los a se prepararem adequadamente (dando o sustento necessário) para então seguirem efetivamente para os campos do mundo.  Vamos ajudá-los a achar a infra-estrutura apropriada para poderem trabalhar de forma eficiente.

Talvez seja preciso, inclusive, colaborar com a manutenção de tais infra-estruturas. Enfim, vamos fazer o necessário para alcançar os confins da terra durante esta nossa geração!

 Amados irmãos, desse jeito não dá e ninguém deve pensar em enfrentar trabalho transcultural sem se preparar devidamente. Esse preparo deve incluir as ferramentas para enfrentar novas línguas e culturas.

E ainda, o mais importante e  imprescindível mesmo, é que o obreiro precisa ser um discípulo verdadeiro de Jesus Cristo e tem que saber como se conduzir numa guerra espiritual.

Ao terminar este texto, quero pedir ao Senhor que nos perdoe e nos faça entender que somos responsáveis por nossa geração. Geração que se perde a cada momento sem que muitas vezes não nos darmos conta que muitos estão indo para a perdição eterna, por não terem tido a oportunidade de ouvir nem sequer uma vez, falar o nome de Jesus.

Eu reconheço Senhor que somos culpados e te peço perdão, porque bilhões de pessoas ainda não te conhecem, porque temos sido negligentes em cumprir a tua ordem. 

Mas te peço Pai que todos que ainda não te conhecem, tenham oportunidade de ouvir a tua palavra, de saber do teu amor e perdão, como nós ouvimos; para que eles possam ser felizes como eu sou ao teu lado. Continue abençoando, meu Deus, aqueles que têm anunciado fielmente a tua palavra e levante mais obreiros para a  seara onde os desafios  crescem a cada dia.

Quanto a nós Senhor, mostra-nos em que podemos ser mais úteis em tuas mãos. Queremos contribuir na tua obra com a nossa vida, com tudo o que temos. Queremos ajudar uns  aos outros a levarmos a salvação ao mundo que ainda não te conhece.
           
Em nome de Jesus, oramos agradecido.  Amém.



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