O PAPEL DA IGREJA NO ENVIO DE MISSIONÁRIOS
AQUELES
QUE SÃO CHAMADOS E SÃO
ENVIADOS
Não
obstante a toda a sua relutância; às suas deficiências; às suas ansiedades; a
todas as coisas que precisam renunciar; a todas as oposições; e ao peso da
responsabilidade pela grandeza da missão, eles fazem uma completa rendição:
“Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6.8). “(...) Não fui desobediente a visão
celestial” (At 26.19).
O
CANAL DO ENVIO
O
papel da igreja Sendo que Deus é aquele que chama e envia, qual é o papel da
igreja?
Colaborar
com Deus neste processo. Esta declaração é confirmada em Atos 13.1-4, com o
envio dos missionários Paulo e Barnabé.
São
alguns termos que definem bem o papel da igreja:
A
IGREJA SEPARA (PREPARA):
“Separai-me
a Barnabé e a Saulo para a obra que os tenho chamado”;
A
IGREJA ORA (CONSAGRA):
“Então,
depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos”;
A
IGREJA ENCOMENDA À GRAÇA DE DEUS (CULTO DE ENVIO):
“E
dali navegaram para Antioquia, donde tinha sido encomendados à graça de Deus
para a obra que acabavam de cumprir” (At 14:26; 15.40);
A
IGREJA DESPEDE (PROVIDENCIA OS MEIOS):
“(...)
os despediram”;
A
IGREJA COMUNICA (SUSTENTA):
“(...)
Nenhuma igreja comunicou comigo no sentido de dar e de receber, senão vós
somente” (Fl 4.15).
As
igrejas fundaram duas instituições para facilitar todo este processo: os
seminários teológicos e as Juntas ou agências missionárias.
Patrick
Johnstone, em seu livro A Igreja é maior do que você pensa declara que a
evangelização mundial ainda não foi completada por causa da falta de unidade.
Esta
declaração tem base bíblica, pois Jesus, na sua oração sacerdotal (Jo cap.17)
disse que a nossa unidade é o que faria o mundo crer nele.
A
unidade proposta por Jesus é diferente da proposta pelo movimento ecumênico,
que sugere uma unidade institucional (entre as religiões). Vejamos. Jesus se
refere de uma unidade espiritual. “Para que todos sejam um; assim como tu, ó
Pai, és em mim, e eu em ti, que também, eles sejam um em nós” (v. 21).
A
UNIDADE ESPIRITUAL ESTÁ EM TRÊS FATORES:
NO
AMOR - “(...) Para que haja neles aquele amor com que me amaste” (v. 26);
NA
PALAVRA – “E eles guardaram a tua palavra” (...) a tua palavra é a verdade”
(vs. 6 e 17);
NA
SANTIFICAÇÃO – “Eles não são do mundo (...) santifica-os na verdade” (vs. 16 e
17).
O
Senhor Jesus também fala de uma unidade missionária – “Eu te glorifiquei na
terra, completando a obra que me deste para fazer” (v. 4). “Manifestei o teu
nome aos homens” (v. 6).
“Assim
como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (v. 18). “Para que
eles sejam perfeitos em unidade para que o mundo conheça que tu me enviaste”
(v. 21).
O
que é defendido é a parceria no serviço de um para com o outro, dessa maneira a
igreja se torna aquilo que Deus sempre quis – uma igreja perfeita para o seu
Filho, para reinar com Ele por toda a eternidade.
Nós
estamos aquém deste ideal, entretanto, todo esforço deve ser feito para
consertar pontes quebradas de interpretação e comunhão, e estabelecer um
relacionamento prático no trabalho em todos os níveis. Assim nós, a Igreja,
devemos ser um em amor, no poder do Espírito Santo, e na visão para um mundo
perdido”.
O
que muitos seminários, sem vocação missionária, tem oferecido aos seus alunos é
a disciplina Missiologia e às vezes, é só para constar em seus currículos.
Quando
eu era seminarista fiz esta matéria com um professor que não tinha vivência
missionária, e não me lembro dele ter incentivado os alunos a pensarem sobre
missões com seriedade.
Mais
triste do que isso aconteceu em um seminário
quando um candidato deu a sua entrevista para ser admitido como aluno e
o entrevistador, que era o próprio reitor, perguntou-lhe em que tipo de
ministério queria se envolver quando terminasse o curso.
O
candidato respondeu que queria ser um missionário. Aquele reitor lhe disse
então que o seminário não poderia recebê-lo, porque a sua direção era
acadêmica. Sendo assim, deveria voltar para casa e repensar a sua vocação; se
decidisse pelo ministério pastoral, então poderia voltar, pois seria admitido
sem nenhum problema.
Graças
a Deus porque ele tem operado na vida daquela instituição. Recentemente, eles
introduziram o curso de missões, e este tem sido procurado por muitos
vocacionados para essa obra.
POR
QUE MUITOS SEMINÁRIOS NÃO ESTÃO DANDO ÊNFASE A MISSÕES?
Talvez
porque considerem os missionários pertencentes a uma categoria inferior de
obreiros. Parece que este (pre)conceito depreciativo vem desde o tempo
apostólico, por isso Paulo faz o seguinte desabafo:
“Porque
tenho por mim, que Deus a nós, apóstolos [os que são enviados = missionários],
nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculos ao
mundo, tanto a anjos como a homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós
sábios em Cristo; nós fracos, e vós fortes; vós ilustres, e nós desprezíveis.
(...) Até o presente somos considerados como refugo do mundo, e como a escória
de tudo” (1Co 4.9-13).
Os
missionários sendo considerados pelo mundo como refugo até dá para entender,
mas serem considerados desta maneira pelos seminários, realmente não dá para
aceitar mesmo!
Os
seminários devem preparar servos e não chefes, e os missionários são servos,
assim como as demais categorias de obreiros. “O maior dentre vós será o vosso
servo” (Mt 23.11).
Muitas
agências missionárias têm dificuldade em colaborar com os seminários e as
igrejas A igreja local tanto é fonte de recursos para os seminários como para
as agências missionárias.
A
parceria implica em responsabilidades recíprocas. O apóstolo Paulo define a
relação que deve existir entre as igrejas e os missionários (Juntas
missionárias) como uma colaboração mútua no sentido de "dar e de receber”
(Fp 4.15).
Seria
bom que as Juntas missionárias envolvessem as igrejas não somente no sustento
material e espiritual dos missionários, mas também na tomada de decisões e em
projetos missionários.
MUITAS
IGREJAS PREFEREM SE ISOLAR ESTE ISOLAMENTO SE DÁ POR ALGUNS MOTIVOS.
ANALISEMOS
Porque
a igreja tem perdido a visão e todo o entusiasmo pela obra missionária;
Porque
a igreja continua com o seu ardor missionário, mas prefere fazer a obra sozinha.
Há alguns anos, circulou um material impresso que enfatizava: “Quem faz missões
é somente a igreja”. O problema está com a palavra “somente”.
Talvez
o autor deste artigo e as igrejas que pensam assim estejam certos em suas
motivações, mas correm o risco de perder a visão do todo e chegar ao
exclusivismo.
Quero
lembrar que Paulo foi enviado pela Igreja de Antioquia, mas houve um grupo de
igrejas que participou efetivamente do seu ministério.
Ele
mesmo definiu a fórmula de fazer missões: COOPERAÇÃO. Ele estava sempre
procurando a interação das igrejas e dos missionários. “Pois nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus” (1Co 3.9).
O
envio de missionários só vai cessar quando o último povo for alcançado e o
último homem tiver a oportunidade de crer em Cristo. Deus é aquele que chama e
envia e aqueles que são chamados devem dizer: “Eis-me aqui, envia-me a mim”.
Devem andar como é digno da vocação com que foram chamados (Ef 4.1).
A
Igreja, em perfeita colaboração com as suas duas instituições (seminários e
Juntas missionárias), deve equipar (aperfeiçoar) os santos para a obra do
ministério, para a edificação do corpo de Cristo.
Cabe
à igreja selecionar, sob a direção do Espírito Santo, os que serão enviados;
encomendar, à graça de Deus, os que são enviados; e manter uma perfeita
comunicação “no sentido de dar e de receber” (Fp 4.15).
A
igreja missionária perfeita é a junção de duas igrejas: a de Antioquia - que
separou, orou, encomendou à graça de Deus e despediu seus vocacionados - e a
igreja de Filipos - que manteve a comunicação com os missionários, garantindo o
seu sustento.
Que
o Senhor nos ajude a seguir o modelo dessas duas igrejas e que possamos atender
três desejos do coração de Jesus quanto à obra missionária: orarmos para que o
Senhor da seara possa enviar mais trabalhadores para a sua seara; sermos um, perfeitos
em unidade, para que o mundo creia; e pregarmos ao mundo inteiro, em testemunho
a todas as nações.
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