CUIDANDO DO MISSIONARIO NO CAMPO
IMPLICAÇÕES EMOCIONAIS NA CARREIRA MISSIONÁRIA
PARTE 1
“Nós, porém, irmãos privados da companhia de
vocês por breve tempo: em pessoa, mas não no coração, esforçamo-nos ainda mais
para vê-los pessoalmente, pela saudade que temos de vocês” (1 Tessalonicenses 2.17)
Considerando
somente os desafios que já foram abordados até aqui, já teríamos motivos
suficientes para supor que o trabalho missionário é campo fértil para lidarmos
com grande sorte de dificuldades emocionais e acumularmos alto nível de
estresse.
Sem
sombra de dúvidas, o missionário antes de seguir para o campo de trabalho
precisa saber que, tal como sua fé, suas emoções serão, também e com
freqüência, postas à prova.
De
fato, surgirão momentos de crises em que suas convicções há de ser intensamente
testadas, produzindo sentimentos de profunda incapacidade, questionamentos
quanto à sua identidade e, até mesmo, dúvidas quanto ao seu chamado.
Surgirão,
ainda, ocasiões em que o obreiro se sentirá indigno por não estar
correspondendo a todo investimento feito por parte daqueles que mantêm seu
ministério e insignificante ao se comparar com outros missionários (talvez,
aqueles “heróis” que o inspiraram no processo de caminhada para o campo).
Ao
se deparar com estas situações, em que suas emoções se encontram abaladas, será
difícil o obreiro reconhecer que as crises possuem seu valor de importância.
Não obstante, elas desempenham papel fundamental em nosso processo de
amadurecimento cristão.
Em
virtude de sua complexidade, o campo missionário se torna lugar propício para
encarnamos a nossa identificação com a morte de Jesus, a fim de que Cristo viva
em nós e por meio de nós: “Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em
mim”. (Gálatas 2.20).
Definitivamente,
as crises nos auxiliam neste processo ao apontarem para a nossa humanidade e
insuficiência (João 15.3). Outro benefício é que as crises nos levam a repensar
as convicções que sustentam a nossa vocação, sugerindo-nos olhar para o que
Deus já fez e nos oferecendo a chance de ouvir novamente a sua doce voz,
reafirmando no presente o que já foi dito no passado.
É
bom que se diga que as crises não são de exclusividade de uma minoria ou
propriedade privada dos inexperientes. Apesar de tais crises não serem
comumente trazidas ao conhecimento público, elas fazem parte da carreira de
todo missionário e costumam se manifestar com freqüência num ambiente
transcultural.
Saber
que elas fazem parte da jornada missionária nos dá uma visão correta de nossa
carreira. Ainda, traz-nos certo conforto nesses momentos de conflito interior
em que pensamos que somos os únicos debaixo de tão grande nuvem de provação. A
missionária no Senegal, Ronalda Lombardo Garcez, da APMT, compartilha conosco
acerca desses momentos:
Existem momentos de
lutas, dificuldades e pressões em que nos sentimos desanimados e tristes. Às
vezes sentimos tanta falta de uma palavra de encorajamento de consolo... “Então
pensamos em nossas igrejas, parentes e amigos e, por estar longe já há bastante
tempo muitos deles têm se esquecido de nós”.
O
grande problema é quando os conflitos emocionais não nos conduzem a
experiências de amadurecimento e resultam apenas em sobrecarga emocional. Aí é
preciso ter cuidado redobrado. Ao percebermos que um ciclo de acúmulo de tensão
está se formando, precisamos interrompê-lo.
Do contrário o resultado pode comprometer tanto a nossa saúde emocional quanto
a física, a ponto de nos incapacitar totalmente no desenvolvimento do trabalho.
O ex-missionário, Myron Loss chama atenção para a estreita relação entre a
sobrecarga emocional e o surgimento de doenças físicas.
Ao
longo dos últimos vinte anos, muitos estudiosos têm comprovado a influência que
o estresse exerce em problemas como dores de cabeça, artrites, dores de coluna,
pressão alta e vulnerabilidade para acidentes. O estresse também pode
criar frigidez, impotência e outras
irregularidades sexuais, como perda da
menstruação, por exemplo.
Muitos
médicos acreditam que as alergias são deterioradas, senão causadas pelo
estresse. “Mais e mais pesquisas estão chamando a atenção também para a
influência que o estresse pode ter no surgimento de câncer”.
As
crises que dão origem à condição de estresse ou a sobrecarga emocional podem
ocorrer quando enfrentamos diversos fatores, como, por exemplo, saudade,
preocupação, desconforto, opressão, instabilidades, falta de dinheiro, solidão,
ameaças, conflitos, fraquezas, enfermidades, frustrações, perdas etc. Tudo isso
pode nos levar a aborrecimentos com o povo, com os colegas de equipe, com a
organização missionária e, inclusive, com a igreja em nosso país.
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