MISSÕES - UMA TAREFA INACABADA
POR QUE IR PARA
TÃO LONGE SE AQUI PERTO HÁ TANTA NECESSIDADE?
Por alguma razão, muitas pessoas se
sentem desconfortáveis com a ideia de que um indivíduo abrace desafios num
contexto distante, enquanto há a manifestação de desafios semelhantes em seu
ambiente originário.
Visitando diversas igrejas no Brasil
e compartilhando o nosso ministério de proclamação da Palavra de Deus aos povos
africanos, temos ouvido com certa freqüência uma pergunta que todo missionário
transcultural já deve ter tido que responder pelo menos uma vez na vida: “Por
que ir para tão longe se aqui perto há tanta necessidade?”
Normalmente, diante da apresentação
dessa pergunta, temos procurado responder tendo em mente as seguintes razões:
PORQUE É
BÍBLICO
A atitude de alguém que sai da sua
terra natal para levar o Evangelho a outras nações é, antes de tudo,
sustentada, inspirada e ordenada pelas Escrituras.
“Portanto, ide e fazei com que todos
os povos da terra se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do
Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a obedecerem a tudo quanto vos tenho
ordenado. E assim, Eu estarei permanentemente convosco, até o fim dos tempos”
– Mt 28.19-20.
O fato é que a Bíblia é
essencialmente um livro missionário e, como tal, requer que o povo do caminho
concentre seus esforços em termos de anúncio da glória de Deus, também, e às
vezes principalmente, entre aqueles que estão distantes.
Abrão foi pioneiro, ao ter que deixar
sua casa para se tornar bênção para as famílias da terra (Gn 12.1-3), cumprindo
assim os projetos missionários divinos. Depois dele, muitos outros personagens
bíblicos seguiram seu exemplo, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
Sair da própria terra para levar o
Evangelho aos que estão distantes não se trata de uma proposta humana. Não é
modismo, heroísmo ou tentativa de expansão religiosa.
O trabalho missionário transcultural
é vontade e propósito de Deus! A tarefa missionária da Igreja, antes de
qualquer outra coisa, é bíblica.
PORQUE O
MESTRE MANDOU
O missionário vai aos lugares mais
distantes do planeta a fim de anunciar o Evangelho em obediência a Jesus. Não
se trata prioritariamente de responder a desafios maiores ou menores que os
encontrados em sua pátria, mas de se submeter à ordem expressa de Jesus para
anúncio do Evangelho entre todas as nações.
A Grande Comissão não é a única base
do nosso envolvimento com missões (uma vez que o assunto é bíblico e
reafirmado em cada livro das Escrituras), mas é preciso reconhecer que o Mestre
não sugeriu ou solicitou a participação da Igreja na tarefa de proclamação do
evangelho. Ele nos mandou fazer discípulos em todas as nações.
Aquele que nos mandou fazer
discípulos tem toda a autoridade no céu e na terra. Sendo assim, devemos nos
submeter à sua autoridade, obedecendo à sua convocação a fim de alcançarmos
também os que estão distantes.
POR UMA
QUESTÃO DE EXEMPLO
Quando olhamos para trás, encontramos
em toda a história bíblica e eclesiástica o exemplo de homens e mulheres que
cumpriram com obediência o seu chamado missionário. De fato, o Evangelho chegou
até nós porque esses valentes do passado compreenderam que a Igreja é a agência
missionária de Deus para o mundo.
É saudável lembrarmos com freqüência
que foi por meio do desprendimento e da obediência dos missionários
estrangeiros, como o casal americano Alton e Ebba Cothron da Missão Novas
Tribos do Brasil, que o Evangelho foi semeado em nosso país.
Eles saíram de suas terras deixando
para trás desafios presentes em seu próprio contexto. Antes de desembarcarem no
Brasil é possível que também tenham ouvido de seus compatriotas: “Por que ir
para tão longe se aqui por perto há tanta necessidade?”. Não obstante, saíram
com coragem e vieram nos trazer o Evangelho.
Hoje, tendo sido alcançados pelo
Evangelho, parece que o mínimo que devemos fazer é reproduzir o exemplo,
assumindo o mesmo tipo de iniciativa em relação aos demais povos que ainda não foram
evangelizados.
PARA
IMPEDIR O AVANÇO DOS FALSOS ENSINOS EM OUTRAS PARTES DO MUNDO
Os povos sem o testemunho do
Evangelho estão mortos espiritualmente e caminhando em escuridão. Em
contrapartida, as falsas religiões continuam avançando e, em muitos casos,
gerando oposição e perseguição aos cristãos.
Há contextos onde a obra da cruz de
Cristo ainda não é conhecida e uma das conseqüências é que, de maneira
explícita, Satanás é tido como rei e permanece recebendo adoração que não lhe é
devida.
É importante dizer que quando nos
omitimos de pregar a Palavra de Deus, estamos consentindo que gerações inteiras
se mantenham na escuridão. Por isso, não podemos permanecer indiferentes,
quando temos todas as condições para interferir nesses cenários e fazer com que
as trevas sejam dissipadas.
POR UMA
QUESTÃO DE COERÊNCIA
Certa vez, sentei-me com o meu
pastor, em seu gabinete e, ao considerarmos a presença da Igreja em nosso
bairro, identificamos mais de vinte igrejas locais em uma única rua. Esse fato
faz parte da realidade de outras ruas da nossa cidade e também de muitas outras
ruas de outras cidades do nosso país.
A questão que vem à mente diante
desse quadro é: “Se o acesso ao Evangelho é tão abundante em nossas cidades,
por que não compartilhá-lo com aqueles que ainda não o receberam?”.
Se o Evangelho é, de fato, a mensagem
de salvação para todos os povos, e há muitos que sequer tiveram acesso a ele,
acredito que não podemos omiti-lo aos tais. Se o fizermos, seremos os mais
insensíveis e os mais incoerentes de todos os homens, mesmo que não houvesse
uma ordem tão explícita para o pregarmos ao mundo.
Será que é justo que alguns recebam
do Evangelho em abundância enquanto outros não recebem nada? Foi em resposta a
esse cenário que o apóstolo Paulo escreveu:
“Sempre fiz questão de pregar o
Evangelho onde Cristo ainda não era conhecido, de forma que não estivesse
edificando sobre um alicerce elaborado por outra pessoa” – Rm 15.20.
POR UMA
QUESTÃO DE ESTRATÉGIA
Por mais incrível que pareça, há povos
que nunca ouviram o Evangelho e precisam ser focalizados pela Igreja de Jesus
Cristo, a fim de serem evangelizados. Eles representam nações inteiras
intocadas pelo trabalho de evangelização da Igreja e ignorantes da revelação
especial de Deus. São seres humanos que vivem em cegueira espiritual,
mergulhados na idolatria e arraigados nas falsas religiões. São vítimas da
fome, da pobreza, das doenças, das guerras e da impossibilidade de conhecerem a
graça divina, revelada em Cristo Jesus.
Os povos não alcançados são aqueles
em que não há uma comunidade nativa de crentes em Cristo, com números ou
recursos adequados para evangelizarem seu próprio grupo sem a ajuda de
missionários transculturais. Eles representam algo em torno de 2,3 bilhões de
pessoas com muito poucas possibilidades de ouvir e crer no Evangelho de Cristo.
Alguns desses povos não têm igrejas,
missionários ou versículos da Bíblia traduzidos na língua local. Um contexto
que se destaca como um grande desafio para a Igreja da nossa geração.
Se é vontade de Deus que a glória do
Cordeiro, Jesus, seja proclamada em todo o mundo e ele receba de todos os povos
digna adoração por seu sacrifício, é estratégico semear o evangelho nos
contextos aonde ele ainda não foi anunciado.
PORQUE É
UM PRIVILÉGIO
Aquele que deixa o seu lar para
seguir para terras distantes com o fim de proclamar o Evangelho, é um
mensageiro da paz e pode estar se tornando um pioneiro no trabalho de levar a
Palavra de Deus aos que ainda não a ouviram.
Tenho enorme alegria em dizer que o
maior investimento que fiz na minha vida foi dedicar a juventude ao anúncio do
Evangelho (já se vai mais de uma década!). Pois a obra missionária é um grande
privilégio para quem pode experimentá-la e investimento garantido para a
eternidade; certa é a recompensa!
Entendemos, por meio da teologia
bíblica, que esse ministério não foi dado aos anjos, mas aos discípulos de
Jesus. Portanto, trata-se de um grande privilégio que o Senhor tem
reservado para nós.
O apóstolo Paulo destacou esta
verdade em Romanos 10.15: E como pregarão, se não forem enviados? Como
está escrito: “Como são maravilhosos os pés dos que anunciam boas
novas!
Por todas estas razões, vale a pena
alcançar aqueles que estão longe de nós!
Por Jairo
de Oliveira
Jairo de Oliveira é missionário da
PMI (Povos Muçulmanos Internacional) e da World Witness. Serve no Oriente Médio
e é autor de vários livros, dentre eles: “Vida, ministério e desafios no campo
missionário”. Para adquiri a obra completa ou saber mais sobre o
livro Clique aqui
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para melhorarmos o nosso trabalho.
Obrigado pela visita, compartilhe e
Volte Sempre.