A IGREJA E A OBRA MISSIONÁRIA
A NATUREZA DA OBRA MISSIONÁRIA
Para
entender o significado de MISSÕES no contexto bíblico neotestamentário, é
preciso partir da “Grande Comissão”, Mateus 28:19-20, dada pelo nosso Senhor
Jesus Cristo aos discípulos.
O convívio
de Jesus com os doze discípulos envolveu um treinamento conscientizador, em
primeira instância, do plano salvífico de Deus aos homens.
Não era
intenção do Senhor prepará-los do ponto de vista político, nacionalista ou
filosófico, e sim um compartilhar sério dos princípios e natureza Divina. Na
encarnação, uma identificação com os limites humanos e terrenos; na divindade,
o superar das fraquezas e a consciência da eternidade.
No ” IDE”,
a ordem para propagar a “revelação do mistério da piedade”, onde Jesus
constitui o elemento identificador, remidor, mediador e salvador da humanidade
sofrida por suas limitações e fraquezas.
O caráter universal de missões foi dado pelo próprio Jesus quando
disse: “… ide por todo o mundo…”. Isto é, missões não se
limita a barreiras geográficas, culturais, raciais ou lingüísticas. Em Atos dos
Apóstolos, estão as primeiras investidas missionárias pós-ressurreição. Os
métodos foram diversos, os ministérios diversificados, surgiram problemas de
ordem doutrinária e conflitos na parceria de trabalho, porém a Igreja nascente
venceu as barreiras, pagou o preço e evangelizou.
A SECULARIZAÇÃO MISSIONÁRIA
Nos
fundamentos dos apóstolos, a Igreja prosseguiu conquistando pequenos e grandes
a preço dos martírios e perseverança. Mais tarde, livre da perseguição, ela
abraçou o amparo dos reis e burgueses da época. Sentiu-se confortada e
protegida pelas riquezas e pelos exércitos dos poderosos. E, assim, o governo
espiritual engraçou-se com as benesses do governo temporal.
Formada
essa dupla, passaram a exercer o governo sacerdotal e político. A Igreja
cresceu assustadoramente em meio aos castelos e palácios, passando a exercer o
domínio sobre as terras e os povos.
Aliando-se
ao propósito de conquistas territoriais, investiu na cristianização dos povos,
com as armas políticas e poderio bélico.
É certo
que o Senhor Deus nunca deixou de ter os remanescentes fiéis, mas a Igreja
organizada e institucionalizada quedou-se no tempo, obscureceu-se no conforto
terreno, perdeu-se nas discussões teológicas infrutíferas.
Esta
Igreja secularizada alienou a muitos em seus “guetos espirituais” nos desertos,
nas florestas e em clausuras nos castelos, longe das pessoas. Enquanto que os
sacerdotes políticos davam os seus maus testemunhos entre os povos sequiosos
por justiça.
Em mil
anos de obscurantismo a obra missionária caracterizou-se pelo estilo
colonização, marcada por cruzadas ou conquistas.
TEMPOS MODERNOS
Insatisfeitos
com o papel da Igreja, muitos se levantaram, pois eram vítimas de um juízo
arbitrário. Principalmente a partir do final do século XV, a Igreja
secularizada não pôde conter a consciência dos homens que se levantaram contra
seus atos, liberando a revelação e o entendimento da Palavra Deus às
civilizações da época.
Vários
movimentos filosóficos eclodiram-se num desvencilhar das amarras da Igreja,
caracterizando o tempo secular dessa Igreja como “período das trevas”. Mas
pelas misericórdias de Deus, a Bíblia passou a ser guia e regra de fé e prática
para a Igreja do Senhor.
Em meio às
reformas, aos avivamentos e reavivamentos, a obra do Senhor moldou novas
civilizações nos fundamentos e princípios bíblicos. E vem esforçando-se para
resgatar os povos das velhas tradições, das crendices e superstições de um
cristianismo doentio.
MISSÕES NA VIRADA DO SÉCULO
Muitos
movimentos filosóficos ressurgentes neste século e nos séculos anteriores
continuaram na tentativa de sepultar a Igreja do Senhor, por causa dos erros e
desvios da igreja secularizada do passado. Contudo, Deus levantou, e continua
levantando, a muitos missionários valorosos para fincar a bandeira do Evangelho
nos mais recônditos lugares.
Diante das
lições do passado, não podemos incorrer nas mesmas falhas.
Devemos
encarar com muita seriedade a tarefa final da Igreja do Senhor. Tem havido
prosperidade, crescimento e obras, no entanto a Igreja tem de estar atenta para
não ser vítima das “benesses organizacionais”, dos “guetos doutrinários” e do
“orgulho denominacional”. Nunca confundir “zelo farisaico”, que é ardil,
vingativo, destruidor e cego, com “zelo espiritual”, que é prudente, sábio e
restaurador.
Temos de
discernir o Corpo de Cristo na operosidade dos dons e na realização dos
ministérios em sua multifuncionabilidade, de modo que haja respeito ético e
harmonia entre o povo de Deus, resultando em trabalhos conjuntos pela expansão
do Reino de Deus.
A igreja
missionária de hoje tem de ser uma igreja contextualizada, isto é, uma igreja
que preencha os anseios do ser humano dentro do seu contexto de vida,
conduzindo-o a um encontro pessoal com Deus. Esta igreja não está preocupada em
dar ao indivíduo uma forma de crença, mas em moldá-lo no caráter de Cristo.
O
missionário abnegado, chamado, treinado e qualificado pelo Senhor parte para os
lugares distantes onde, como embaixador de Deus, exerce o seu chamado
fielmente, produtivamente e destemidamente.
PREPARANDO-SE
PARA MELHOR SERVIR
Experiências
negativas do passado e a realidade presente não nos podem intimidar ou
desmotivar na realização da obra do Senhor. Cada Igreja Local deve estar atenta
aos “seus filhos vocacionados”. Através de seus líderes amadurecidos e
experientes, deve conduzir os vocacionados a um bom treinamento, preparo e
segurança ministerial.
As
demandas para servir à causa do Senhor em um campo missionário são por demais
grandes. Além de sua experiência pessoal com Deus, o vocacionado precisa de um
bom preparo espiritual, psicológico, teológico, histórico, cultural,
missiológico, familiar, bem como no relacionar consigo mesmo e com os outros,
quer seja no sofrimento ou na prosperidade.
Finalizando
esta reflexão, afirmamos que missões está intrinsecamente ligada à natureza de
Deus, pois faz parte de seu plano redentor e salvífico da humanidade.
Realizar
missões é expandir o reino de Deus entre os povos, legando a estes o
entendimento dos princípios regentes da humanidade no mundo espiritual. Esta é
uma tarefa de toda Igreja e da igreja toda. Omitir-se a isto será faltar ao
dever do sacerdócio.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
Autor:Paulo
Fernando Cândido Mendes
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para melhorarmos o nosso trabalho.
Obrigado pela visita, compartilhe e
Volte Sempre.