A GRANDE COMISSÃO - UMA TAREFA INACABADA - PARTE FINAL
CHOQUE
CULTURAL
É A PERDA DE VALORES CONHECIDOS. Os padrões sociais familiares do missionário
foram removidos e prevalece a ausência do seu sistema cultural conhecido. É
neste ponto que o missionário fica bombardeado e não aguenta. Seu sistema
nervoso abala. A “ignorância” e “insegurança”
de como agir abala suas emoções e o deixa nervoso. Pode ser intensivo ou
não, mas todos o experimentarão,
independente do grau de espiritualidade.
ETAPAS DO CHOQUE CULTURAL
Em geral, o choque
cultural tem duas etapas:
· Choque
com o “incomum” (visível) comida, moradia, língua, estrutura física,
relacionamento interpessoal, região, religião e costumes diários.
· Choque
com a cosmovisão (invisível)
acontece mais rapidamente com as pessoas mais sensíveis e preceptivas. O choque
vai acontecendo à medida que entende a parte invisível que compõe a cultura,
isto é: valores, sistema social, pressuposições existenciais, bem como
anomalias.
SINTOMAS DO CHOQUE CULTURAL
Passa a lua de mel e
logo cai na realidade, tenta comunicar e não consegue, está “doido” para
evangelizar e não consegue passar a mensagem, pois ninguém o entende. Tenta
imitar os outros e cai no ridículo. Tenta imitar os sons da língua arrisca uma
frase e todos riem dele, fica sem jeito. Não sabe comer à maneira do povo, não
sabe fazer as coisas como eles fazem, faz as coisas do jeito da sua cultura,
mais não funciona dentro daquela cultura.
O acúmulo de vários
“baques culturais” tem as seguintes conseqüências reais:
o
Desorientação.
o
Insegurança no agir.
o
Medo de errar,
o
Medo de adquirir doenças
o
Desenvolve hábitos estranhos.
o
Vergonha pelos erros.
o
Desanimo.
o
Melancolia.
o
Saudade, nostalgia.
o
Sentimento de inferioridade.
o
Desconfiança do povo e colegas.
o
Nervosismo, tristeza.
o
Espírito crítico.
o
Frustração (por não conseguir desenvolver o ministério)
o
Rejeição. Afastamento do povo para eliminar o abalo
emocional;
Pode chegar ao ponto de uma rejeição muito forte:
· Não agüenta mais o confronto com a cultura, tem
atitudes negativas.
· Rejeita a língua, o povo e os colegas que estão bem
entrosados na cultura, antipatiza-os.
· Rejeita a si mesmo (o “...não valho nada...” –
sentimento de inutilidade, “...não sirvo para nada!”).
· Põe a culpa no povo, que é “estranho demais”... “a
língua é muito difícil”: desfaz da cultura, começa a criticar e a rejeita.
· Neste ponto há caso de retorno à pátria. Se
retornar, a situação espiritual do missionário ficará muito abalada.
Conseqüência física:
1. Dor de
cabeça.
2. Dor de
barriga.
3. Dor de
estômago.
4. Tensão
muscular, etc.
ADAPTAÇÃO E RECUPERAÇÃO
Como vencer o choque
cultural? ignorá-lo? Fingir que não está sentindo: O primeiro passo para a
recuperação é encará-lo de frente. Admitir que esteja sentido; encarar a
realidade.
TRATAMENTO
PARA O CHOQUE CULTURAL
· Aprender a língua
· Fazer amizade com os
nacionais
· Cuidar de si mesmo
(exercícios, comida, sono)
· Tentar descobrir na outra
cultura a razão lógica das coisas que parecem estranhas ,confusas e ameaçadoras.
· Escutar sua música, falar
com amigos, etc.
· Confiar em sua chamada e
preparação.
ATITUDES QUE
AJUDAM
o Ser tolerante e flexível
com as coisas da cultura que não são muito claras.
o Não zombar nem desprezar
a outra cultura e o seu povo
o Ter mente aberta
o Ser comunicativo
o Tolerar os próprios erros
e fracassos
o Ter senso de humor.
Existe stress proveniente da perda das dicas
familiares da cultura, o qual é denominado “choque cultural”. Nenhum missionário, mesmo que tenha uma preparação
e orientação maravilhosa, será capaz de absorver todas as normas culturais de
comportamento e normas de comunicação do povo diferente. Cada cultura tem
milhares de dicas, algumas das quais só podem ser aprendidas com o passar do
tempo na cultura que está exposto. Até que elas sejam aprendidas, o missionário
estará culturalmente desorientado. Ele enfrentará dificuldades, tensão e até
mau ajustamento emocional por causa da perda de coisas familiares.
ESTILO DE VIDA E STRESS EM RELACIONAMENTO
Há outro tipo de stress
que vem da mudança inevitável à nova maneira de viver e relacionar-se com o
povo do país. Aqui os valores culturais são envolvidos. Enfrentando estes
diferentes valores e tendo que passar por mudanças, resultará em stress.
Valores relacionados a situações tais como a privacidade pessoal, o uso do
tempo, dinheiro e limpeza afetarão o estilo e a vida do missionário.
PRIVACIDADE PESSOAL:
A falta de privacidade
pessoal pode ser a fonte do stress. Na Nova Zelândia, pode-se observar que a
privacidade pessoal é altamente respeitada. Em muitas áreas, as casas não têm
muros ou portões. Na popular e barulhenta Ásia, nem sempre é possível
recolher-se em sua própria privacidade ou quietude. Fitar inquiridamente para
você ou olhar longamente para dentro de sua casa pode parecer ser o passatempo
de seus vizinhos ou estrangeiros, que passam na frente de seu portão e olham
atentamente por cima do seu muro.
AMBIENTE E SAÚDE:
Sujeira e poeira são
comuns em qualquer lugar, e geralmente não se pode fazer muita coisa para
evitá-las e mudar a situação. A dificuldade maior para suportar é a falta de
higiene que prevalece em consequência do pobre serviço sanitário. Formigas,
moscas, mosquitos, baratas, ratos e insetos em geral são abundantes em muitos
lugares. Nem sempre há água potável à disposição.
Um erro comum é pensar
que o povo da localidade detesta limpeza. O problema de limpeza não é somente
uma dificuldade para os missionários, como também para os moradores locais. Em
um país da Ásia, os missionários tiveram que se ajustar ao fato de que não se usava papel higiênico, pois era
muito caro e, portanto, coisa de luxo para ser usado pelo povo local.
Um dos sintomas mais
comuns do stress é a preocupação com os germes. Alguns missionários persistem
em lavar as mãos excessivamente, e até em momentos inadequados. Outros se
recusam a comer alimentos oferecidos pelo povo local. Nenhum missionário
transcultural pode viver normalmente e ministrar adequadamente, se ele se
recusar a come com o povo.
STRESS RELATIVO À LÍNGUA
Quando o novo
missionário chega no campo, reconhece imediatamente o quanto ele é inútil sem o
domínio da língua. Conheci um missionário que aonde ia carregava consigo um
dicionário – isto ele fez durante os primeiros meses de seu ministério. Não
havia um amigo para ajudá-lo, então ele teve que aprender algumas palavras
essenciais para locomover-se. Este foi um período muito estressante para ele e
sua esposa.
Uma pessoa sem o domínio
da língua, sente-se constantemente inútil. Ela comete erros repetidamente e é
semelhante a uma criança. Em alguns campos, mesmo depois de algumas semanas de
estudo da língua, a comunicação ainda é limitada.
Língua e cultura estão
entrelaçadas. Aprender bem a língua contribui para aprender bem a cultura.
Muito do stress cultural desaparece quando a pessoa aprende a falar a língua. O
novo missionário aprende através de erros, e desenvolve o senso de humor, rindo
de si mesmo. Quando ele é capaz de fazer isto, diminui as tensões e a
comunicação não é tão difícil como parecia no principio. Aprendendo as dicas
culturais torna-se mais fácil, e também relacionamentos mais profundos podem
ser desenvolvidos.
A RELEVÂNCIA DO APRENDIZADO E USO DA LÍNGUA
A
relevância do aprendizado e uso da língua falada pelo povo com o qual você
tenciona interagir é acentuada, seja para uma boa interação social ou para o
desenvolvimento de um projeto. Nenhuma pessoa poderá de fato comunicar uma
mensagem relevante, profunda e complexa, senão na língua daquele que ouve.
Qualquer outra tentativa, mesmo que pontualmente viável, virá com certo grau de
frustração e prejuízo.
Um
dos maiores equívocos no processo do aprendizado de uma nova língua é
distinguir a aquisição lingüística da aquisição cultural. A língua é uma
expressão cultural e, deste modo, está revestida de simbolismos, cosmovisão,
costumes e história. Aprender uma língua em ambiente de sala de aula
dificilmente levará alguém ao trânsito livre entre o povo-alvo. É necessário,
portanto, que a aquisição cultural caminhe de mãos dadas com a aquisição linguística.
ADAPTAÇÃO CULTURAL E O APRENDIZADO DE LÍNGUAS
O chamado choque cultural é um fator reacionário
que pode inibir o aprendizado de uma nova língua. Nesta fase, se for acentuada,
o estudante passa a ter dificuldades de estar e transitar entre o povo.
CONSIDERAÇÕES CULTURAIS NO APRENDIZADO DA LÍNGUA.
Não faça de sua moradia um lugar de refúgio.
Portanto, transite pela comunidade, esteja (se possível) na casa das pessoas e
vizinhos, reúna-se com outros em lugares públicos e frequentes seus ambientes
de trabalho. Quando a casa se torna um local de refúgio a tendência do
estudante de uma nova língua, que se encontra em ambiente distinto, é criar ali
um cenário de exclusão, ausente do povo. Abra as portas de sua casa
(respeitando os seus próprios limites de privacidade) para que eles também frequentem
sua habitação.
Controle a visão crítico-comparativo. Ela
pode impedir uma adaptação mais rápida e fácil. Comparar os elementos de
vivência (moradia, relacionamento, perfil, alimentação, etc.) do grupo alvo, ou
de seu ambiente, com a sua cidade, casa ou país é um erro fatal que gerará
apenas um coração pesado com dificuldade de aproveitar as belas oportunidades
de convivência e aprendizado.
Não transforme o seu companheiro em intérprete cultural e lingüístico. É
natural que, se vocês forem casados ou companheiros de estudo dessa nova
língua, um se desenvolva mais rapidamente que o outro. Raramente pessoas
caminham no mesmo ritmo. Assim, não transforme o seu companheiro de estudo, que
estiver um pouco mais à frente ou demonstre mais facilidade, em seu intérprete
cultural e linguístico. Tenha suas próprias experiências, cometa seus próprios
erros e se relacione diretamente com o povo. Lembre-se que o povo é a melhor
fonte de informação, e na coleta dessa informação (mesmo que já esteja
acessível com o companheiro ao lado) você ganha na interação humana,
relacionamento e aprendizado lingüístico.
Ande diariamente dentro da circunferência cultural. Exponha-se ao povo, cultura e ambiente onde você
está inserido no aprendizado de uma nova língua. Planeje que horário você irá
sair, diariamente, para andar e estar na circunferência cultural. Este
planejamento é importante, sobretudo para aqueles que são mais retraídos ou
preferem estar em casa. Ao se relacionar com outras pessoas e praticar a língua
que está aprendendo saiba que cometerá muitos erros, eles são necessários neste
processo. Tenha senso de humor.
Mantenha-se aberto a novos costumes e sistemas. O tempo e a forma irão mudar se você estiver
inserido em um povo com grave distinção cultural. E talvez estes dois, tempo e
forma, sejam os elementos que mais geram desconforto. Se a forma de transmitir
conhecimento é por meio da repetição, em um ambiente de tempo cíclico, por exemplo,
acostume-se a ouvir a mesma história 15 vezes por noite. A melhor maneira de
minimizar o desconforto relacionado ao tempo e à forma é a participação.
Adapte-se, para que se sinta bem e integrado ao contexto.
Adaptar não é criar conceitos de diversão, modo de vida, moradia, etc., mas
transferir seus conceitos formados e encaixá-los na cultura em que você se
encontra. Depressão, sentimento de perda, saudades e sentimento de incapacidade
nos primeiros meses possivelmente ocorrerão. Em algum nível alguns destes
sintomas devem acontecer. Tenha paciência durante este período de adaptação,
ore e peça que o Senhor o ajude a perseverar.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para melhorarmos o nosso trabalho.
Obrigado pela visita, compartilhe e
Volte Sempre.