MULHER SOLTEIRA NO CAMPO MISSIONÁRIO
Missionária: Antonia Leonora van der Meer
Sou uma mulher solteira de 67 anos, e sou uma pessoa feliz, realizada, sem complexos. Como cheguei aqui?
Como quase todas as mulheres solteiras também tiveram o desejo normal de
encontrar um companheiro e de ter meus filhos. Mas Deus tinha outros planos
para minha vida.
Apaixonei-me várias vezes, tive
alguns relacionamentos especiais que poderiam resultar em namoro, mas não
chegaram a esse ponto; uma vez estive prestes a ficar noiva. Mas eu me
preocupava com minha convicção de chamado, e como conciliar isso com esses
relacionamentos? Resolvi orar a Deus pedindo que Ele não permitisse que eu
entrasse num relacionamento ou casamento que me afastaria do meu chamado. No
quase noivado essa preocupação veio à tona com nova força.
Todas as vezes que um relacionamento terminava,
mais tarde eu compreendia que foi uma libertação, que de alguma maneira essa
pessoa não combinava comigo e com meu chamado, mesmo que na hora houvesse dor.
Houve uma fase em que lutei com sentimentos de inferioridade, por ser ainda
solteira.
Mas Deus me livrou totalmente desse
sentimento, enquanto fui me dedicando a sua obra, em resposta a seu chamado. Eu
percebia que minhas amigas casadas, e mães, também tinham dores e problemas que
eu não precisava enfrentar. E fui me realizando como pessoa, e como
missionária, amando crianças, jovens e famílias, relacionando-me bem com elas,
percebendo que me valorizavam e amavam. Também recebi ajuda significativa de
alguns conselheiros.
Infelizmente há solteiras que ficam
amargas, frustradas, infelizes. Isso em parte pelas cobranças constantes de sua
família e de seus colegas de estudo ou trabalho, que assim transmitem a ideia
que há algo de errado com elas, com sua aparência, com sua feminilidade. Assim
ficam presas a esse conceito de inferioridade e não se desenvolvem plenamente
como pessoas, e não conseguem se alegrar com seus amigos e suas amigas que se
casam e têm filhos. E a fixação emocional nessa situação pode levar a um
sentimento de carência na sexualidade.
Muitos pensam que as solteiras no
campo missionário pertencem a esse grupo. Pode até ser que algumas encaram a
missão como uma fuga de sua vida infeliz, mas essas não terão a força e a graça
necessárias para permanecer no campo como pessoas que transmitem alegria,
esperança e vida plena.
Também há mulheres que ficam
solteiras por traumas que sofreram na infância, seja de abuso físico, ou de
mensagens negativas constantes, que marcaram suas vidas.
Mas há muitas missionárias solteiras
normais, felizes, que descobriram um lugar para exercer seus dons e talentos,
para amar as pessoas a quem servem e para exercer uma boa influência em seu
contexto – essas são respeitadas por muitos.
As missionárias solteiras em sua
maioria desejavam se casar, mas seu compromisso com sua vocação resultou na
permanência da situação de solteira. Essas normalmente passam por períodos de
luta e sentimentos de solidão, mas aprendem a se realizar como pessoas humanas
plenas, e são felizes. Essas podem se alegrar quando outras solteiras encontram
um parceiro e têm filhos saudáveis.
De qualquer maneira haverá também
períodos de tentação, homens cristãos ou não cristãos que tentam conquistar
essas mulheres, e em sua carência afetiva podem sentir que esse homem é a
resposta de Deus para sua vida, não pedem direção de Deus, não se abrem para
conselhos de outros a seu redor, e acabam entrando em relacionamentos que
resultam em muitas lágrimas ou até no fim do seu ministério. Aí ficam com uma
vida infeliz, sem aquele relacionamento que sonhavam ter e sem a mesma
oportunidade de dedicar-se ao seu chamado. É um preço muito alto.
Isso significa que as mulheres
solteiras no campo precisam muito de apoio pastoral compreensivo, alguém a quem
possam abrir o coração e compartilhar suas dores e lutas. Elas também precisam
saber que podem voltar para seu país numa fase mais difícil e perigosa, e não
têm a obrigação de ser vitoriosas sozinhas.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para melhorarmos o nosso trabalho.
Obrigado pela visita, compartilhe e
Volte Sempre.