RECURSOS DA IGREJA PARA FAZER MISSÕES
O QUE A IGREJA TEM PARA FAZER MISSÕES
Texto: Atos 1.6-8
Quando o evangelho chega a um povo não
alcançado, a indagação dos primeiros convertidos é quase sempre a mesma: Por
que não nos trouxeram esta boa notícia antes? Como ficarão nossos antepassados
que morreram sem ouvir da salvação em Cristo?
A igreja não pode demorar a ouvir o
clamor dos que jazem sem o evangelho de Cristo. Deus quer alcançar os povos da
terra com o evangelho e os povos precisam desesperadamente da graça salvadora
de Deus no evangelho de Cristo.
A igreja é agência de Deus aqui na
terra para a concretização do seu propósito salvador em direção aos povos. É
ela quem deve fazer missões, porque missões é o trabalho de Deus através da
igreja para trazer o homem à comunhão com ele através de Jesus Cristo.
Foi para essa prioridade que Jesus chamou a atenção dos seus discípulos no
texto em questão.
Os discípulos queriam saber do futuro e
das coisas não reveladas. Não foi esta
aprimeira vez que eles perguntaram a Jesus o que estava por vir e, como das
outras vezes, o Senhor não lhes deu
resposta. Em vez disso, Jesus lhes focalizou a atenção para a missão
atual. O futuro está nas mãos
de Deus, e não lhes competia
saber o que o futuro lhes traria, pelo menos não em minúcias.
Eles tinham que
concentrar suas energias na grande tarefa que lhes fora dada: fazer discípulos
de Jesus de todos os povos da terra, ou seja, serem suas testemunhas “até os
confins da terra”. Pensando nisso, eu te desafio a pensar comigo sobre o tema:
O que a igreja tem para fazer missões? Primeiro, ela tem o Espírito Santo.
I – O ESPÍRITO
SANTO (V.8)
O Espírito Santo é
um Espírito missionário e ele é o maior recurso que a igreja tem para fazer
missões. Ele é o próprio Deus presente na vida da igreja para conceder poder,
dons e abrir os corações dos incrédulos para o evangelho. Lucas, que escreveu o
evangelho que leva o seu nome e o livro de Atos, já havia registrado a
recomendação de Jesus aos seus discípulos que não saíssem de Jerusalém até que
do alto fossem revestidos de poder, ou seja, eles não poderiam fazer missões
sem a descida definitiva do Espírito Santo que ocorreu no dia de Pentecostes.
Com a descida do
Espírito Santo, os discípulos foram capacitados com o seu poder para darem
testemunho ousado da morte e da ressurreição de Cristo. Homens tímidos e de
pequena fé, agora capacitados pelo Espírito Santo tinham grande coragem para
falarem das maravilhas de Deus, estando dispostos a sofrer e a morrer por causa
de Cristo. No primeiro sermão do apóstolo Pedro após estar cheio do Espírito
Santo, cerca de três mil pessoas foram tocadas por Deus e aceitaram o
evangelho.
Em todo livro de
Atos vemos a ação do Espírito Santo salvando, chamando e capacitando a igreja
para a obra missionária. Aliás, alguém já disse que o livro de Atos poderia muito bem se chamar: Atos do
Espírito Santo por intermédio dos apóstolos.
O Espírito tem um
papel fundamental em missões. Ele enche a igreja de poder, concede dons
espirituais, chama pessoas para missões como Paulo e Barnabé, além de agir na
vida dos incrédulos, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo. É somente
pela ação do Espírito que uma pessoa pode entender e aceitar o evangelho da
salvação em Cristo Jesus. O novo nascimento, é uma obra do Espírito como bem
falou Jesus a Nicodemos. Não podemos jamais desprezar a ação do Espírito na obra
missionária.
Percebo dois
extremos perigosos com relação a pessoa do Espírito Santo: Os pentecostais
tendem a exaltar sua pessoa em detrimento das demais pessoas da Trindade e as
igrejas históricas, como a Presbiteriana, tendem a desconsiderar a sua atuação
em detrimento do seu caráter divino. O maior recurso de Deus para missões
não são homens eloqüentes, não são a estrutura e o dinheiro da igreja, mas o
Espírito Santo que age em nós e através de nós.
Quando planejamos um trabalho missionário, não pensamos
primeiro quantas pessoas temos, quanto recursos temos, quanta estrutura temos,
mas buscamos o poder, o auxílio e a direção do Espírito Santo. Façamos como os
irmãos moravianos que mantiveram uma reunião de oração por cem anos ininterruptos,
conseguindo enviar missionários para várias partes do mundo.
Façamos como Jesus
que antes de começar o seu ministério terreno foi conduzido pelo Espírito para
o deserto para orar e jejuar a fim de resistir às terríveis tentações do
inimigo.
Façamos como a
igreja primitiva que perseverava em oração enquanto era revestida pelo poder do
Espírito Santo para pregar a Palavra de Deus com toda intrepidez.
Façamos como
apóstolo Paulo que escreveu: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito Santo”. Que a nossa igreja busque o
poder do Espírito para fazer missões. Você pode dizer amém em concordância coma
essa grande verdade bíblica. Amém!
Além do Espírito
Santo,outro recurso que a igreja tem para fazer missões são as testemunhas de
Jesus.
II – TESTEMUNHAS
DE JESUS (V.8)
Os métodos de Deus
são homens, mais precisamente são testemunhas de Jesus, pessoas que foram
lavadas e redimidas pelo sangue do Cordeiro, que tiveram uma experiência
pessoal com Jesus e que agora pelo poder do Espírito podem dar testemunho do
que creram, sentiram e experimentaram de Jesus na sua vida pessoal. “Vós sereis minhas testemunhas”. Começa a
missão, a evangelização para a construção do corpo de Cristo.
Para isso há necessidade de “poder”.
Porém não basta o poder do intelecto, da vontade humana, da retórica. “Poder do
Espírito que desce sobre a igreja: somente por meio dele que é possível
realizar a tarefa missionária. Com ele, os apóstolos e nós somos as
“testemunhas” eficazes de Jesus.
Ele nos transforma em testemunhas.
Conhecemos o termo “testemunha” do linguajar jurídico. Num processo judicial
são interrogadas as testemunhas. Não lhes cabe externar sua opinião, nem
relatar seus pensamentos, mas – exatamente como fazem os apóstolos – “falar das
coisas que viram e ouviram”. As testemunhas estabelecem o que aconteceu na
realidade. Por isso agora os apóstolos, já podiam ser testemunhas de Jesus.
No entanto, como se trata de realidades
invisíveis, divinas, não bastam todos os testemunhos humanos para convencer o
próximo dos fatos. Somente o poder do Espírito Santo pode atestar o testemunho
de Jesus de forma que atinja a consciência da pessoa e ela creia ou se rebele
contra a verdade, que já não pode ser negada.
O termo grego para “testemunha”, “martys”
nos lembra que justamente esse testemunho que atinge o coração é que conduz os
mensageiros ao sofrimento, e ele somente pode ser prestado mediante o
sofrimento.
Nem todos foram chamados para serem
missionários em Guiné-Bissau, nem todos foram chamados para serem pastores ou
músicos, mas todos os crentes foram chamados por Jesus para serem suas
testemunhas. O privilégio e o desafio de dar testemunho de Jesus são para todos
crentes que foram salvos por ele.
Portanto, onde você está, foi colocado
por Jesus para dar testemunho dele: no seu trabalho, na sua escola e na sua
família. Veja como Deus é bom: coloca você no seu trabalho para testemunhar
dele e ainda permite que você ganhe o sustento para sua família e para o
sustento da obra missionária.
Querido irmão, saiba de uma coisa:
Antes de você ser um médico, um advogado, um enfermeiro, uma professora, um
pedreiro, uma dona de casa ou um estudante, você é uma testemunha de Cristo.
Você não trabalha onde trabalha só para ganhar dinheiro; você não estuda onde
estuda só para adquirir conhecimentos; você não mora onde mora só para viver.
Mas, principalmente para testemunhar de Cristo às pessoas com quem convive no
trabalho, na escola e na vizinhança. Será que temos essa consciência?
Os pais querem que seus filhos sejam
médicos, advogados e engenheiros. Isso é uma coisa boa. O problema é que, às
vezes, se esquecem de inculcar na cabeça dos seus filhos que antes de tudo eles
são testemunhas de Jesus. É preciso enfatizar essa missão de Deus para
nós desde cedo. Temos procurado fazer isso com os nossos filhos. Sempre perguntamos
para eles: vocês já falaram para os amigos sobre Jesus, já convidaram para ir à
escola dominical?
Como testemunha de Jesus você deve se
envolver de forma direta e indireta com missões. De forma direta você deve
testemunhar de Jesus com sua vida e com suas palavras para seus amigos e
vizinhos, entregar folhetos, Bíblias e literatura cristã, visitar hospitais e
cadeias, etc.
De forma indireta você pode orar pelos
missionários, escrever para eles, informar-se do trabalho missionário no mundo,
participar de conferências missionárias, ser fiel nos dízimos e generoso nas
ofertas missionárias para que a igreja tenha sempre recursos para investir na
evangelização do Brasil e de lugares distantes.
Por mais que vivamos no mundo da
tecnologia e do desenvolvimento científico: internet, celular, vôos espaciais,
etc., Deus ainda prefere usar uma pessoa como testemunha para falar diretamente
para outra, portanto, a evangelização pessoal, o discipulado, o evangelismo
através de relacionamentos ainda é o grande método de Deus para o avanço da
obra missionária. Podemos e devemos usar a tecnologia disponível, mas ela
jamais pode substituir o contato pessoal, o relacionamento, o evangelismo de
pessoa para pessoa, ao vivo e a cores. Igreja é relacionamento: com Deus e com pessoas.
Missões também! Por isso, precisamos investir tempo e dinheiro em pessoas.
Temos muito que agradecer a Deus porque
ele tem dado as suas testemunhas dons, talentos, oportunidades, boa formação
bíblica e profissional, boa estrutura e recursos abundantes que precisam ser
canalizados para a obra missionária. Precisamos entender que tudo que Deus nos
dá é para ser usado para glória dele e expansão do seu reino aqui na terra e
não só para o nosso deleite pessoal.
O Brasil foi ricamente abençoado pela
igreja americana que enviou seus melhores homens e mulheres: pastores, médicos
e professores, além de enorme quantidade de recursos financeiros para a
plantação de igrejas, fundação de seminários, hospitais, escolas e
universidades. Eles entenderam seu papel como testemunhas de Jesus. Agora é a
nossa vez, é a vez da sua igreja ser uma testemunha de Jesus para o mundo.
Já vimos que a igreja tem para fazer missões o Espírito Santo, as testemunhas de Jesus e também a visão missionária de Jesus.
III – A VISÃO MISSIONÁRIA DE JESUS (V.8)
O campo da
igreja, ou seja, sua esfera de atuação é o mundo porque a ordem de Jesus tem um
escopo universal. Partindo de Jerusalém, os discípulos
deveriam sair até os confins da terra. Estas palavras contêm o corretivo
para a pergunta individualista dos apóstolos no v. 6, embora se possa duvidar que eles tenham
entendido dessa maneira na época. O nacionalismo judaico da igreja
primitiva demorou muito a morrer. Todavia, à época em que Lucas estava escrevendo, esse nacionalismo extremado em grande parte já era coisa do passado, e a frase
"até os confins da terra" havia assumido sentido mais amplo.
Abrangia agora o
império romano, representado pela própria Roma e,
nessa base, Lucas adotou o programa resumido nesse
versículo como estrutura de sua narrativa. Jerusalém– Judéia – Samaria – todo o
mundo. Durante longos capítulos ele nos manterá em Jerusalém; depois ele passa
ao grande avivamento na Samaria, e, na seqüência, à conversão de Paulo, com o
qual viajaremos até Roma.
Jesus abriu os olhos dos discípulos
para que pensassem não em termos particulares (Israel), mas em termos
universais (“até os confins da terra”). Ainda hoje a igreja tende a pensar em
missões, em termos particulares (aumentar seu número de membros ou abrir uma
congregação em outro bairro da cidade). Ela deve pensar nisso, mas não somente
nisso, seu campo não é apenas sua cidade, mas o mundo. Por muito tempo, por má
interpretação do texto em questão a igreja brasileira pensou cronologicamente e
não simultaneamente. Ela pensou: primeiro vamos evangelizar Jerusalém (nossa
cidade), depois vamos evangelizar a Judéia (nosso estado), depois vamos
evangelizar Samaria (nosso país) e depois vamos evangelizar os confins da terra
(o mundo). Porém, o texto não dá base para essa ideia. Jesus disse que a igreja
deve ser testemunha dele tanto aqui quanto em outros lugares ao mesmo tempo.
A igreja de Jerusalém não esperou
evangelizar toda a cidade para sair do seu território. A igreja americana não
esperou evangelizar todo o país para enviar Simonton ao Brasil. O testemunho de
Jesus é para ser dado pela igreja simultaneamente no Brasil e no mundo. Como
não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo: damos testemunho de Jesus
onde estamos e apoiamos aqueles que estão dando testemunho ou que vão dar em
outros lugares.
Portanto, toda igreja necessariamente
precisa estar envolvida com o testemunho de Jesus até os confins da terra, ou
seja, toda igreja precisa participar ativamente da obra missionária em todo o
mundo, pois, esta é a visão e desejo de Jesus para ela. Damos graças a Deus
pelo desejo da IPB de querer se envolver mais com missões.
Se pensarmos como Jesus, vamos entender
que missões não é algo para um grupo da igreja, mas para todos os seus membros;
não é uma programação da igreja, mas sua atividade diária; não é parte da vida
igreja, mas sua vida, sua essência, sua totalidade, sua razão de existir no
mundo. Cabe a nós, pastores e líderes passar para a igreja a visão missionária
de Jesus para que ela pense e haja em termos mundiais e não locais. Em termos
de mundo e não de cidade.
Dentro dessa perspectiva, a pergunta que não quer calar é: O que a nossa igreja está fazendo efetivamente em relação a missões mundiais? Será que estou participando de alguma forma da evangelização do mundo? O que eu tenho feito para que o nome de Jesus seja pregado e conhecido em São Paulo, em Guiné-Bissau e em todos os cantos da terra? Será que tenho enxergado o mundo todo como o campo da minha atuação como testemunha de Jesus? Será que estamos dispostos a investir os nossos recursos e enviar os nossos filhos além das nossas fronteiras?
CONCLUSÃO:
Um casal de missionários estava se
preparando para evangelizar um povo não alcançado das montanhas de um país
africano. Após longa preparação e horas de caminhas para chegar às montanhas,
logo se depararam com o líder da tribo que disse: “Por que vocês demoravam
tanto a vir aqui para tirar o nosso povo das trevas?”
Os missionários ficaram pensando: Nós
não falamos para eles que viríamos aqui. Como aquele povo, muitos outros povos
ao redor do mundo estão clamando para que alguém vá até eles a fim de
libertá-los das trevas com a luz do evangelho de Cristo. Passa a Macedônia e
ajuda-nos é clamor dos povos sem Cristo ainda hoje. Por amor a Deus que
nos salvou e por amor às pessoas sem Cristo, precisamos urgentemente fazer
missões.
Aprendemos que Jesus deixou os recursos
necessários para que sua igreja faça missões. Ele deixou o Espírito Santo que
nos enche com o seu poder e opera eficazmente no coração dos nossos ouvintes.
Ele nos deixou aqui como suas testemunhas a fim de que usemos a nossa vida, os
nossos dons e recursos para mostrar o seu amor ao mundo. Ele nos deixou a sua
visão missionária, isto é, ele nos deu o mundo como o nosso campo de atuação
missionária. Façamos, então, o que nos cabe na obra missionária: pregar onde
estamos com o auxílio do Espírito Santo e apoiar em oração e financeiramente
quem está dando testemunho de Jesus onde não podemos estar.
Lembre-se de uma coisa: Deus nos dá um
grande desafio: a evangelização do mundo, mas também no dá um grande poder: Seu
Espírito Santo. Portanto, temos tudo que precisamos para fazer missões, isto é,
para cumprirmos o ide de Jesus. Que Deus nos ajude. Amém.
-----------------------------------------------------
Rev.Paulo Serafim de Souza
Guiné-Bissau, África Ocidental.
Texto: Atos 1.6-8
INTRODUÇÃO:
Quando o evangelho chega a um povo não
alcançado, a indagação dos primeiros convertidos é quase sempre a mesma: Por
que não nos trouxeram esta boa notícia antes? Como ficarão nossos antepassados
que morreram sem ouvir da salvação em Cristo?
A igreja não pode demorar a ouvir o
clamor dos que jazem sem o evangelho de Cristo. Deus quer alcançar os povos da
terra com o evangelho e os povos precisam desesperadamente da graça salvadora
de Deus no evangelho de Cristo.
A igreja é agência de Deus aqui na
terra para a concretização do seu propósito salvador em direção aos povos. É
ela quem deve fazer missões, porque missões é o trabalho de Deus através da
igreja para trazer o homem à comunhão com ele através de Jesus Cristo.
Foi para essa prioridade que Jesus chamou a atenção dos seus discípulos no
texto em questão.
Os discípulos queriam saber do futuro e
das coisas não reveladas. Não foi esta
aprimeira vez que eles perguntaram a Jesus o que estava por vir e, como das
outras vezes, o Senhor não lhes deu
resposta. Em vez disso, Jesus lhes focalizou a atenção para a missão
atual. O futuro está nas mãos
de Deus, e não lhes competia
saber o que o futuro lhes traria, pelo menos não em minúcias.
Eles tinham que
concentrar suas energias na grande tarefa que lhes fora dada: fazer discípulos
de Jesus de todos os povos da terra, ou seja, serem suas testemunhas “até os
confins da terra”. Pensando nisso, eu te desafio a pensar comigo sobre o tema:
O que a igreja tem
para fazer missões? Primeiro, ela tem o Espírito Santo.
I – O ESPÍRITO
SANTO (V.8)
O Espírito Santo é
um Espírito missionário e ele é o maior recurso que a igreja tem para fazer
missões. Ele é o próprio Deus presente na vida da igreja para conceder poder,
dons e abrir os corações dos incrédulos para o evangelho. Lucas, que escreveu o
evangelho que leva o seu nome e o livro de Atos, já havia registrado a
recomendação de Jesus aos seus discípulos que não saíssem de Jerusalém até que
do alto fossem revestidos de poder, ou seja, eles não poderiam fazer missões
sem a descida definitiva do Espírito Santo que ocorreu no dia de Pentecostes.
Com a descida do
Espírito Santo, os discípulos foram capacitados com o seu poder para darem
testemunho ousado da morte e da ressurreição de Cristo. Homens tímidos e de
pequena fé, agora capacitados pelo Espírito Santo tinham grande coragem para
falarem das maravilhas de Deus, estando dispostos a sofrer e a morrer por causa
de Cristo. No primeiro sermão do apóstolo Pedro após estar cheio do Espírito
Santo, cerca de três mil pessoas foram tocadas por Deus e aceitaram o
evangelho.
Em todo livro de
Atos vemos a ação do Espírito Santo salvando, chamando e capacitando a igreja
para a obra missionária. Aliás, alguém já disse que o livro de Atos poderia muito bem se chamar: Atos do
Espírito Santo por intermédio dos apóstolos.
O Espírito tem um
papel fundamental em missões. Ele enche a igreja de poder, concede dons
espirituais, chama pessoas para missões como Paulo e Barnabé, além de agir na
vida dos incrédulos, convencendo-os do pecado, da justiça e do juízo. É somente
pela ação do Espírito que uma pessoa pode entender e aceitar o evangelho da
salvação em Cristo Jesus. O novo nascimento, é uma obra do Espírito como bem
falou Jesus a Nicodemos. Não podemos jamais desprezar a ação do Espírito na obra
missionária.
Percebo dois
extremos perigosos com relação a pessoa do Espírito Santo: Os pentecostais
tendem a exaltar sua pessoa em detrimento das demais pessoas da Trindade e as
igrejas históricas, como a Presbiteriana, tendem a desconsiderar a sua atuação
em detrimento do seu caráter divino. O maior recurso de Deus para missões
não são homens eloqüentes, não são a estrutura e o dinheiro da igreja, mas o
Espírito Santo que age em nós e através de nós.
Quando planejamos um trabalho missionário, não pensamos
primeiro quantas pessoas temos, quanto recursos temos, quanta estrutura temos,
mas buscamos o poder, o auxílio e a direção do Espírito Santo. Façamos como os
irmãos moravianos que mantiveram uma reunião de oração por cem anos ininterruptos,
conseguindo enviar missionários para várias partes do mundo.
Façamos como Jesus
que antes de começar o seu ministério terreno foi conduzido pelo Espírito para
o deserto para orar e jejuar a fim de resistir às terríveis tentações do
inimigo.
Façamos como a
igreja primitiva que perseverava em oração enquanto era revestida pelo poder do
Espírito Santo para pregar a Palavra de Deus com toda intrepidez.
Façamos como
apóstolo Paulo que escreveu: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito Santo”. Que a nossa igreja busque o
poder do Espírito para fazer missões. Você pode dizer amém em concordância coma
essa grande verdade bíblica. Amém!
Além do Espírito
Santo,outro recurso que a igreja tem para fazer missões são as testemunhas de
Jesus.
II – TESTEMUNHAS
DE JESUS (V.8)
Os métodos de Deus
são homens, mais precisamente são testemunhas de Jesus, pessoas que foram
lavadas e redimidas pelo sangue do Cordeiro, que tiveram uma experiência
pessoal com Jesus e que agora pelo poder do Espírito podem dar testemunho do
que creram, sentiram e experimentaram de Jesus na sua vida pessoal. “Vós sereis minhas testemunhas”. Começa a
missão, a evangelização para a construção do corpo de Cristo.
Para isso há necessidade de “poder”.
Porém não basta o poder do intelecto, da vontade humana, da retórica. “Poder do
Espírito que desce sobre a igreja: somente por meio dele que é possível
realizar a tarefa missionária. Com ele, os apóstolos e nós somos as
“testemunhas” eficazes de Jesus.
Ele nos transforma em testemunhas.
Conhecemos o termo “testemunha” do linguajar jurídico. Num processo judicial
são interrogadas as testemunhas. Não lhes cabe externar sua opinião, nem
relatar seus pensamentos, mas – exatamente como fazem os apóstolos – “falar das
coisas que viram e ouviram”. As testemunhas estabelecem o que aconteceu na
realidade. Por isso agora os apóstolos, já podiam ser testemunhas de Jesus.
No entanto, como se trata de realidades
invisíveis, divinas, não bastam todos os testemunhos humanos para convencer o
próximo dos fatos. Somente o poder do Espírito Santo pode atestar o testemunho
de Jesus de forma que atinja a consciência da pessoa e ela creia ou se rebele
contra a verdade, que já não pode ser negada.
O termo grego para “testemunha”, “martys”
nos lembra que justamente esse testemunho que atinge o coração é que conduz os
mensageiros ao sofrimento, e ele somente pode ser prestado mediante o
sofrimento.
Nem todos foram chamados para serem
missionários em Guiné-Bissau, nem todos foram chamados para serem pastores ou
músicos, mas todos os crentes foram chamados por Jesus para serem suas
testemunhas. O privilégio e o desafio de dar testemunho de Jesus são para todos
crentes que foram salvos por ele.
Portanto, onde você está, foi colocado
por Jesus para dar testemunho dele: no seu trabalho, na sua escola e na sua
família. Veja como Deus é bom: coloca você no seu trabalho para testemunhar
dele e ainda permite que você ganhe o sustento para sua família e para o
sustento da obra missionária.
Querido irmão, saiba de uma coisa:
Antes de você ser um médico, um advogado, um enfermeiro, uma professora, um
pedreiro, uma dona de casa ou um estudante, você é uma testemunha de Cristo.
Você não trabalha onde trabalha só para ganhar dinheiro; você não estuda onde
estuda só para adquirir conhecimentos; você não mora onde mora só para viver.
Mas, principalmente para testemunhar de Cristo às pessoas com quem convive no
trabalho, na escola e na vizinhança. Será que temos essa consciência?
Os pais querem que seus filhos sejam
médicos, advogados e engenheiros. Isso é uma coisa boa. O problema é que, às
vezes, se esquecem de inculcar na cabeça dos seus filhos que antes de tudo eles
são testemunhas de Jesus. É preciso enfatizar essa missão de Deus para
nós desde cedo. Temos procurado fazer isso com os nossos filhos. Sempre perguntamos
para eles: vocês já falaram para os amigos sobre Jesus, já convidaram para ir à
escola dominical?
Como testemunha de Jesus você deve se
envolver de forma direta e indireta com missões. De forma direta você deve
testemunhar de Jesus com sua vida e com suas palavras para seus amigos e
vizinhos, entregar folhetos, Bíblias e literatura cristã, visitar hospitais e
cadeias, etc.
De forma indireta você pode orar pelos
missionários, escrever para eles, informar-se do trabalho missionário no mundo,
participar de conferências missionárias, ser fiel nos dízimos e generoso nas
ofertas missionárias para que a igreja tenha sempre recursos para investir na
evangelização do Brasil e de lugares distantes.
Por mais que vivamos no mundo da
tecnologia e do desenvolvimento científico: internet, celular, vôos espaciais,
etc., Deus ainda prefere usar uma pessoa como testemunha para falar diretamente
para outra, portanto, a evangelização pessoal, o discipulado, o evangelismo
através de relacionamentos ainda é o grande método de Deus para o avanço da
obra missionária. Podemos e devemos usar a tecnologia disponível, mas ela
jamais pode substituir o contato pessoal, o relacionamento, o evangelismo de
pessoa para pessoa, ao vivo e a cores. Igreja é relacionamento: com Deus e com pessoas.
Missões também! Por isso, precisamos investir tempo e dinheiro em pessoas.
Temos muito que agradecer a Deus porque
ele tem dado as suas testemunhas dons, talentos, oportunidades, boa formação
bíblica e profissional, boa estrutura e recursos abundantes que precisam ser
canalizados para a obra missionária. Precisamos entender que tudo que Deus nos
dá é para ser usado para glória dele e expansão do seu reino aqui na terra e
não só para o nosso deleite pessoal.
O Brasil foi ricamente abençoado pela
igreja americana que enviou seus melhores homens e mulheres: pastores, médicos
e professores, além de enorme quantidade de recursos financeiros para a
plantação de igrejas, fundação de seminários, hospitais, escolas e
universidades. Eles entenderam seu papel como testemunhas de Jesus. Agora é a
nossa vez, é a vez da sua igreja ser uma testemunha de Jesus para o mundo.
Já vimos que a igreja tem para fazer
missões o Espírito Santo, as testemunhas de Jesus e também a visão missionária
de Jesus.
III – A VISÃO MISSIONÁRIA DE JESUS (V.8)
O campo da
igreja, ou seja, sua esfera de atuação é o mundo porque a ordem de Jesus tem um
escopo universal. Partindo de Jerusalém, os discípulos
deveriam sair até os confins da terra. Estas palavras contêm o corretivo
para a pergunta individualista dos apóstolos no v. 6, embora se possa duvidar que eles tenham
entendido dessa maneira na época. O nacionalismo judaico da igreja
primitiva demorou muito a morrer. Todavia, à época em que Lucas estava escrevendo, esse nacionalismo extremado em grande parte já era coisa do passado, e a frase
"até os confins da terra" havia assumido sentido mais amplo.
Abrangia agora o
império romano, representado pela própria Roma e,
nessa base, Lucas adotou o programa resumido nesse
versículo como estrutura de sua narrativa. Jerusalém– Judéia – Samaria – todo o
mundo. Durante longos capítulos ele nos manterá em Jerusalém; depois ele passa
ao grande avivamento na Samaria, e, na seqüência, à conversão de Paulo, com o
qual viajaremos até Roma.
Jesus abriu os olhos dos discípulos
para que pensassem não em termos particulares (Israel), mas em termos
universais (“até os confins da terra”). Ainda hoje a igreja tende a pensar em
missões, em termos particulares (aumentar seu número de membros ou abrir uma
congregação em outro bairro da cidade). Ela deve pensar nisso, mas não somente
nisso, seu campo não é apenas sua cidade, mas o mundo. Por muito tempo, por má
interpretação do texto em questão a igreja brasileira pensou cronologicamente e
não simultaneamente. Ela pensou: primeiro vamos evangelizar Jerusalém (nossa
cidade), depois vamos evangelizar a Judéia (nosso estado), depois vamos
evangelizar Samaria (nosso país) e depois vamos evangelizar os confins da terra
(o mundo). Porém, o texto não dá base para essa ideia. Jesus disse que a igreja
deve ser testemunha dele tanto aqui quanto em outros lugares ao mesmo tempo.
A igreja de Jerusalém não esperou
evangelizar toda a cidade para sair do seu território. A igreja americana não
esperou evangelizar todo o país para enviar Simonton ao Brasil. O testemunho de
Jesus é para ser dado pela igreja simultaneamente no Brasil e no mundo. Como
não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo: damos testemunho de Jesus
onde estamos e apoiamos aqueles que estão dando testemunho ou que vão dar em
outros lugares.
Portanto, toda igreja necessariamente
precisa estar envolvida com o testemunho de Jesus até os confins da terra, ou
seja, toda igreja precisa participar ativamente da obra missionária em todo o
mundo, pois, esta é a visão e desejo de Jesus para ela. Damos graças a Deus
pelo desejo da IPB de querer se envolver mais com missões.
Se pensarmos como Jesus, vamos entender
que missões não é algo para um grupo da igreja, mas para todos os seus membros;
não é uma programação da igreja, mas sua atividade diária; não é parte da vida
igreja, mas sua vida, sua essência, sua totalidade, sua razão de existir no
mundo. Cabe a nós, pastores e líderes passar para a igreja a visão missionária
de Jesus para que ela pense e haja em termos mundiais e não locais. Em termos
de mundo e não de cidade.
Dentro dessa perspectiva, a pergunta
que não quer calar é: O que a nossa igreja está fazendo efetivamente em relação
a missões mundiais? Será que estou participando de alguma forma da
evangelização do mundo? O que eu tenho feito para que o nome de Jesus seja
pregado e conhecido em São Paulo, em Guiné-Bissau e em todos os cantos da
terra? Será que tenho enxergado o mundo todo como o campo da minha atuação como
testemunha de Jesus? Será que estamos dispostos a investir os nossos recursos e
enviar os nossos filhos além das nossas fronteiras?
CONCLUSÃO:
Um casal de missionários estava se
preparando para evangelizar um povo não alcançado das montanhas de um país
africano. Após longa preparação e horas de caminhas para chegar às montanhas,
logo se depararam com o líder da tribo que disse: “Por que vocês demoravam
tanto a vir aqui para tirar o nosso povo das trevas?”
Os missionários ficaram pensando: Nós
não falamos para eles que viríamos aqui. Como aquele povo, muitos outros povos
ao redor do mundo estão clamando para que alguém vá até eles a fim de
libertá-los das trevas com a luz do evangelho de Cristo. Passa a Macedônia e
ajuda-nos é clamor dos povos sem Cristo ainda hoje. Por amor a Deus que
nos salvou e por amor às pessoas sem Cristo, precisamos urgentemente fazer
missões.
Aprendemos que Jesus deixou os recursos
necessários para que sua igreja faça missões. Ele deixou o Espírito Santo que
nos enche com o seu poder e opera eficazmente no coração dos nossos ouvintes.
Ele nos deixou aqui como suas testemunhas a fim de que usemos a nossa vida, os
nossos dons e recursos para mostrar o seu amor ao mundo. Ele nos deixou a sua
visão missionária, isto é, ele nos deu o mundo como o nosso campo de atuação
missionária. Façamos, então, o que nos cabe na obra missionária: pregar onde
estamos com o auxílio do Espírito Santo e apoiar em oração e financeiramente
quem está dando testemunho de Jesus onde não podemos estar.
Lembre-se de uma coisa: Deus nos dá um
grande desafio: a evangelização do mundo, mas também no dá um grande poder: Seu
Espírito Santo. Portanto, temos tudo que precisamos para fazer missões, isto é,
para cumprirmos o ide de Jesus. Que Deus nos ajude. Amém.
-----------------------------------------------------
Rev.Paulo Serafim de Souza
Guiné-Bissau, África Ocidental.
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