O QUE A BÍB LIA DIZ SOBRE...



   O QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE LEVANTAR RECURSOS PARA A OBRA DE 

DEUS?

 

A perspectiva que a Bíblia apresenta na questão de angariação de sustento possibilitam abordagem diferenciadas. Não há uma concordância generalizada quanto a uma abordagem bíblica única e definitiva.


Antes de qualquer coisa, quero mencionar o texto que está no Salmo 24.1: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam”. Sobre esse texto, o comentarista da Bíblia de Genebra diz: “Deus criou e sustenta a terra inteira; ela lhe pertence”. O estudioso da Bíblia. Dr. Russell Norman Champlin, assim explica o mesmo texto, em seu comentário.


“A terra física e a terra cultivada, e todos os seus habitantes pertencem ao Senhor, por ser ele o Criador, Benfeitor e Guia de todos. O termo “nela” se refere à terra física, à terra cultivada, aos habitantes e todos os tesouros da terra, sua prata, seu ouro, suas árvores, plantas, vegetação, animais, colinas e vales”. A partir dessas  explicações e de outros autores, concluímos que, literalmente, toda a terra e tudo que existe nela pertence a Deus.


O QUE DIZ O NOVO TESTAMENTO


A EXPERIÊNCIA DO SUSTENTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO


No capítulo 8 de Lucas (1-3), vemos um grupo de mulheres assistindo a Jesus em suas necessidades. Ele estava passando por várias cidades e vilas pregando o evangelho e, além dos doze, algumas mulheres o acompanhavam. O verso 3 diz que aquelas mulheres lhe prestavam assistência com os seus bens. Temos aqui subsídio para crer que essa foi a principal fonte de sustento durante aquele período da vida e do ministério de Jesus. O texto em João 13.29 menciona a bolsa de onde os apóstolos tiravam os recursos para o alimento e oferta aos pobres. Mas quem será que mantinha cheia essa bolsa?


A EXPERIÊNCIA DO SUSTENTO NO MINISTÉRIO DE PAULO


Segundo o relato bíblico, apenas uma igreja participou diretamente do sustento de Paulo: Filipos. Em Filipenses 1.1-11, ele passa informações para a igreja, agradece o apoio e ora por eles. O versículo 14 do capítulo 4 usa o termo associação. Nesse ponto, captamos o princípio de que a relação entre o missionário e a igreja possui um caráter de mutualidade, ou seja, ambos participam da obra. Paulo explica que essa concomitância ministerial presente em sua experiência é “como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (v. 18), ou seja, Deus se alegra quando seu povo se envolve com seus missionários. Para completar, no verso 19, Paulo afirma sua crença de que quando alguém contribui, seguindo a orientação divina, será abençoado com o suprimento de suas necessidades.


Outra forma de sustento relatada na Bíblia, em relação a Paulo, é a que ficou amplamente conhecida como “fazedor de tendas”, contudo essa prática foi temporária. O que é um “fazedor de tendas”? Poderíamos dizer que é alguém que recebe o sustento pessoal a partir de seu próprio trabalho. Por exemplo, uma moça que tenha chamado para missões e é enfermeira, independentemente do local onde irá atuar como missionária poderá trabalhar em um hospital e receber seu salário por essa função. Paralelamente a esse trabalho secular, ela poderá desenvolver um ministério, seja em capelania hospitalar ou em um contexto diferente.


No entanto algumas coisas devem ser consideradas quando se almeja ser um fazedor de tendas. A maioria dos missionários que “fazem tendas” tenta conciliar o ministério com o trabalho secular crendo que assim não precisarão “se preocupar” com sustento. É um erro pensar assim. Há países como, por exemplo os do Oriente Médio que jamais darão visto de entrada para um “missionário”, um “pastor”, ou um “ministro religioso”, mas, certamente, darão para um “enfermeiro”, um “engenheiro”, um “médico” ou um “pedreiro”. Em casos como esses, o missionário só poderá exercer o seu ministério se tiver uma profissão como “fachada”.


Nesse contexto, o “fazer tendas” torna-se uma ferramenta imprescindível ao ministério. Entretanto, há obreiros que não estão enquadrados nesses casos e mesmo assim “não querem depender de ninguém”. Eles afirmam que não têm o “dom” de levantar sustento e preferem ser os próprios supridores de seu sustento.


Qualquer fazedor de tendas pode testemunhar que, devido às suas atribuições profissionais, o tempo que lhes sobra para evangelizar, discipular e pregar é mínimo, pois precisa realizar seu trabalho paralelamente ao ministério. Além disso, se o trabalho for exaustivo, o ministério poderá ser consideravelmente prejudicado, pois um obreiro é fisicamente limitado, como qualquer outra pessoa.


AS ADMOESTAÇÕES DE PAULO (EM DETRIMENTO DE SUA EXPERIÊNCIA)


Em pelo menos duas ocasiões Paulo diz aos cristãos que contribuam para suprir as necessidades dos santos. Em Gálatas 6.6 ele diz que “aquele  que está sendo instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas aquele que o instrui”. Em 1 Corintios 9, ele afirma que os obreiros têm o direito de esperar suprimento por parte daqueles a quem ministram (VV. 11, 13).


CORINTO VERSUS FILIPOS – DUAS IGREJAS, DUAS ESTRATÉGIAS


Você pode me dizer: “É, mas Paulo não pediu nada à igreja de Corinto, pelo contrário, em 1 Coríntios 9.12 e 15 ele chega a dizer que não usufruiu do direito que tinha de ser sustentado por eles”. O caso é que Paulo era sensível à sua audiência. Ele percebeu naquela igreja um possível impedimento à pregação do evangelho caso pedisse sustento, por isso, mesmo defendendo a causa do sustento (1 Co. 9.1-14), ele não estabeleceu vínculos dessa natureza com a igreja de Corinto. Já sua experiência com os Filipenses, como já mencionada, foi totalmente diferente.


JOÃO E OS COOPERADORES DA VERDADE


O apóstolo João afirma que devemos encaminhar e acolher os ministros do evangelho, pois essa atitude nos credencia como cooperadores da verdade. (3 João 5.8). Qual a verdadeira implicação dessa função? Sua prerrogativa está clara se alguém honra o Nome de Cristo e propaga fielmente o evangelho, então é nosso dever sustentá-lo financeiramente. O Dr. Champlin comenta que o cooperador da verdade é alguém que tem papel ativo na propagação da verdade da mensagem cristã.


Diz ainda que esse versículo ensina a possibilidade e a propriedade da cooperação de todos os membros das igrejas com “missões, na forma de apoio financeiro aos missionários. Seria a mesma idéia mencionada por Paulo em Colossenses 4. 10,11 quando menciona Aristarco, Marcos e Justo como seus cooperadores.


Esses 5 pontos observados no Novo Testamento obviamente não esgotam o assunto, mas nos fornecem uma sólida estrutura no que diz respeito à viabilidade e autenticidade na questão do sustento missionário.

 


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