ACULTURAÇÃO NO CAMPO MISSIONÁRIO PARTE 2
ACULTURAÇÃO NO CAMPO MISSIONÁRIO
No
processo de adaptação cultural é preciso ter em mente que as diferenças
culturais não se manifestam apenas entre os grupos étnicos distantes, em outros
países e continentes.
Para
a nossa surpresa, comportamentos reconhecidos com um significado entre
determinado povo podem ter significados totalmente diferentes entre os grupos
étnicos vizinhos. É preciso estar atento.
Exemplificando,
consideremos a condição dos povos indígenas nas Jamamadi e Mura-Pirahã, ambos
localizados no Estado do Amazonas, região norte do Brasil. A despeito de serem
vizinhos, apresentam diversidades lingüística e cultural, o que faz deles povos
distintos.
Outra
descrição interessante se encontra na exposição feita pelo antropólogo William
A. Haviland sobre três diferentes lpovos em Papua Nova Guiné:
-
Entre os Arapesh, tanto as mulheres quanto os homens são dóceis e brandos.
-
Entre os Mundugamor, homens e mulheres são nervosos e agressivos.
-
Entre os Tchambuli, os homens decoram o corpo, são vaidosos e interessados em
arte, teatro e fofocas. As mulheres, diferentemente, não se enfeitam nem
festejam, porque têm muitas tarefas durante o desenvolvimento dos filhos.
Os
exemplos citados revelam a importante verdade de que não são as barreiras
geográficas que determinam as diversidades entre os povos e as implicações
étnicas no trabalho missionário.
Logo,
estar próximo ou distante da terra natal não significa necessariamente para
alguém proximidade ou distância de sua cultura de origem. Essa análise revoga a
falsa idéia de que missionário transcultural é somente aquele que deixa o
próprio país, cruza suas fronteiras geográficas e desembarca numa terra
distante e desconhecida. ilustrando essa afirmação, poderíamos pensar em um
brasileiro que trabalha nos EUA, entre
os imigrantes de Lingua Portuguesa.
Tal
individuo tem diante de si um desafio cultural de menor intensidade do que
aquele que trabalha no Brasil entre uma sociedade indígena, tendo a necessidade
de aprender a cultura e a língua local para poder se comunicar.
O
PROCESSO DE ADAPTAÇÃO
Quando
minha esposa e eu chegamos à Africa do Sul as gafes e os pedidos de perdão eram
quase que diários nas primeiras semanas.
Sorrir dos próprios erros era a maneira divertida que utilizávamos para aliviar
a tensão.
Num
país como a África do Sul, com tantas línguas (das 32, 11 são oficiais) um
estrangeiro precisa ter bastante atenção para não se decepcionar.
Inicialmente,
as compras no mercado duravam bastante tempo, sobretudo, por não conhecermos
bem os produtos e por não entendermos as informações escritas nas embalagens.
Minha esposa sofreu um pouco até aprendermos que tempero colocar na comida. Uma
excelente alternativa foi vencer o constrangimento e levar o dicionário para o
mercado.
Esta
fase de intensas descobertas e de ajustes a uma nova atmosfera cultural é o
processo de adaptação no qual o nosso corpo, a nossa mente e as nossas emoções
sofrem para se ajustar às condições em que nos encontramos. Alguns dos sintomas
evidenciados nesse período são receio de se relacionar, frustração por não
conseguir se comunicar, vergonha por não corresponder de maneira apropriada na
cultura local, dentre outros.
Quanto
maior a afinidade entre a cultura receptora e a nossa, menor será o esforço
empreendido no processo de adaptação. O contrário também é verdade. Entretanto,
mesmo em sociedades com maior proximidade cultural existe a necessidade de
adaptação e esse processo pode representar um grande desafio.
No
treinamento de missionários autóctones na Africa, percebe-se que muitos
africanos, nem todos. Enfrentam também enormes dificuldades de adaptação entre
grupos vizinhos. Não obstante a proximidade geográfica há admiráveis barreiras
étnicas entre eles: “Em muitos casos,
a língua é totalmente diferente, a comida é revoltante, os novos costumes são
estranhos e parecem repulsivos”.
Apesar
dos desafios que carrega consigo, a adaptação transcultural é possível e deve
ser o alvo daquele que é introduzido numa nova cultura. A fim de avaliar o
desempenho, se o estrangeiro não se sente confortável na presença dos nacionais
ao lidar com eles dentro do novo ambiente cultural é sinal de que ainda existe
uma longa jornada pela frente.
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