A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA NA OBRA MISSIONÁRIA - PARTE 2



A ATITUDE DO MISSIONÁRIO EM RELAÇÃO À IGREJA

1. Gratidão pelo sustento recebido da igreja (4.10)

O missionário precisa aprender a depender de Deus e demonstrar gratidão por aqueles que Deus levanta para cuidar de suas necessidades. Paulo escreve esta carta para registrar seu tributo de gratidão a essa igreja que foi sua parceira no ministério até o final da sua vida.

É importante destacar que Paulo coloca toda ênfase de sua alegria no Senhor, não na generosidade dos filipenses. Ele sabia que os crentes de Filipos eram apenas os instrumentos, mas que o Senhor era o inspirador.

Paulo tinha profunda consciência que a providência de Deus, às vezes, opera por meio das pessoas. Assim, Deus supriu suas necessidades através da igreja. Ele agradece a igreja pela provisão, mas sua alegria está no provedor.

A gratidão é uma atitude que traz alegria para quem a manifesta e para quem a recebe. Paulo era um homem pródigo em elogios. Ele sabia reconhecer o valor das pessoas, o trabalho delas e, sobretudo, a generosidade com que era tratado por elas. Ele tornava isso conhecido diante de Deus e dos homens. Precisamos desenvolver essa atitude no meio da igreja.

3. Confiança inabalável em Cristo (4.13)

Paulo está preso, na sala de espera do martírio, com um pé na sepultura, caminhando para uma condenação inexorável, mas longe de ser um caniço agitado pelo vento, ergue-se como uma rocha que mesmo fustigada pelo vendaval da adversidade, permanece firme e imperturbável. “Tudo posso naquele que me fortalece” (4.13). Paulo não pode tudo, ele pode todas as coisas dentro da vontade de Deus. Ele pode todas as coisas em Cristo e não à parte de Cristo.

Ele tudo pode porque o Todo-poderoso Filho de Deus é quem o fortalece.

Ele é como uma máquina ligada na fonte de energia, a força do seu trabalho vem não dele mesmo, mas do poder que vem de Cristo.

4. Maior interesse no bem espiritual dos crentes do que no dinheiro deles (4.17)

A maior alegria de Paulo não foi receber o donativo enviado pela igreja, mas saber que os dividendos espirituais da igreja aumentaram por conta da sua generosidade. Paulo manteve a tônica desta carta: os interesses do outro vêm antes dos interesses do eu.

O apóstolo enfatiza que sente gratidão não apenas porque eles lhe enviaram uma oferta, mas, também, porque esse envio serviu de sinal da graça celestial na vida deles.

Quando nós ofertamos, nós beneficiamos a nós mesmos na mesma medida em que socorremos os necessitados (2Co 9.10-15). Quem semeia com abundância, com abundância também ceifará (2Co 9.7). O texto bíblico de Hebreus 6.10 diz: “Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos”. O doador enriquece as duas pessoas: ao que recebe e a si próprio.

A Palavra de Deus é enfática em afirmar que um donativo dado de modo correto, sempre enriquece o doador. “A alma generosa prosperará” (Pv 11.25). “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta” (Pv 19.17). “Mais bem-aventurado é dar que receber” (At 20.35).

Hoje, muitos obreiros, pastores e missionários estão atrás do dinheiro do povo e não interessados na alma do povo (2Co 12.14-18). São obreiros fraudulentos e gananciosos que usam toda sorte de esperteza para explorar o povo em vez de apascentar o povo. São pastores de si mesmos e não do rebanho de Deus. São exploradores das ovelhas e não pastores das ovelhas. São mercenários e não missionários.

5. Recebe os donativos da igreja com reverência cúltica (4.18)

Agora, o apóstolo Paulo deixa de lado a linguagem da contabilidade e apela para as expressões do culto. Paulo recebe o donativo da igreja com tal reverência que ele vê nessas ofertas da igreja um sacrifício agradável e suave a Deus. Ele entende que antes daqueles irmãos filipenses terem lhe enviado esse sustento a Roma, essas ofertas subiram como aroma suave aos céus, antes deles serem dadas a ele, foram consagradas a Deus. A expressão “aceitável e aprazível a Deus” são termos cúlticos, associados ao sistema sacrificial veterotestamentário.

Paulo está profundamente imbuído de que o donativo que o “preenche” na realidade foi feito para Deus. Afinal, um “sacrifício” nunca é ofertado a pessoas, mas somente a Deus.

Sobre o significado espiritual da oferta enviada pela igreja de Filipos, Paulo a compara com três coisas:

Primeiro Paulo a compara com uma árvore brotando (4.10). O termo traduzido “renovar” refere-se a uma flor se abrindo ou uma árvore brotando ou florescendo. Muitas vezes, passamos por invernos espirituais, mas quando chega a primavera, as bênçãos e a vida se renovam.

Segundo, Paulo a compara com um investimento (4.14-17). Esse investimento era muito lucrativo para a igreja. A igreja associou-se com Paulo e nesse acordo, a igreja deu riquezas materiais a Paulo e recebeu riquezas espirituais do Senhor. É o Senhor quem cuida da contabilidade e jamais sonegará dividendos espirituais.

Terceiro Paulo a compara com um sacrifício (4.18). É um sacrifício espiritual colocado no altar para a glória de Deus.

6. Retribui o socorro financeiro da igreja em fervorosa intercessão (4.19)

Um missionário não é apenas alguém que prega, mas, sobretudo, alguém que ora. Paulo sabe que a igreja lhe enviou uma oferta da sua pobreza, mas Deus recompensará à igreja da sua riqueza em glória. A igreja supriu a necessidade financeira e emocional do apóstolo, mas Deus há de suprir todas as necessidades da igreja.

É importante enfatizar que Deus supre não nossa ganância nem mesmo nossos desejos, mas nossas necessidades. Precisamos distinguir desejos de necessidades. A provisão divina contempla nossas necessidades e não nossos desejos. Precisamos lembrar a diferença entre desejos e necessidades. A maioria das pessoas deseja sentir-se bem e evitar a todo o custo o desconforto e a dor.

Nós poderemos não conseguir tudo o que desejamos, mas Deus irá prover para nós tudo aquilo de que necessitamos. Confiando em Cristo, nossas atitudes e desejos podem mudar. E, em vez de desejarmos todas as coisas, aceitaremos sua provisão e poder para viver para ele.

Hudson Taylor costumava dizer: “Quando a obra de Deus é realizada à maneira de Deus e para a glória de Deus, nunca falta a provisão de Deus”.
Paulo conclui esta carta magna da alegria, este monumento formoso da providência divina, como um pastor que se lembra de cada uma das suas ovelhas (4.21) e invoca sobre elas a graça do Senhor Jesus (4.23).

E também, como um evangelista que dá relatórios dos milagres da pregação do evangelho, cujos frutos são vistos até mesmo na casa de César (4.22). Essa expressão não se refere necessariamente aos familiares ou parentes do imperador, mas a todas as pessoas que estavam a seu serviço nos departamentos domésticos e administrativos da casa imperial.

Esses membros da casa de César eram pessoas convertidas, possivelmente, por intermédio do apóstolo durante sua prisão em Roma. Assim, Paulo transformou sua prisão num campo missionário e os frutos apareceram mesmo entre algemas. Esse fato nos ensina que não é o lugar que faz a pessoa, mas é a pessoa que faz o lugar. Ensina-nos, igualmente, que no Reino de Deus não existe lata de lixo, ou seja, não há vida irrecuperável. Finalmente, nos ensinam que as oportunidades estão ao nosso redor.

A eternidade revelará quão grandes bênçãos devem ter emanado das vidas daqueles que se dedicaram a Cristo no seio de ambientes tão mundanos!


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