DIVERSIDADE RELIGIOSA NA INDONÉSIA





A INFLUÊNCIA DA RELIGIÃO NA INDONÉSIA


O povo indonésio sofre a influência de diversas religiões mundiais: o Hinduísmo é a mais influente mesmo passado muitos séculos, principalmente na ilha de Java, com vestígios em diversas línguas.

O Sânscrito ainda é usado para formar novas palavras até hoje. Apesar da maioria do povo ser muçulmano, muitas práticas na vida diária são sincretistas, mistura de Animismo politeísta com Hinduísmo. São comuns crenças e práticas tais como oferendas aos deuses.



Dukun , os Shaman, são muito procurados para resolver qualquer tipo de problema, cura, sorte, e para predizer o futuro. Magia, invocação de espíritos, usa de poderes, e adoração aos ancestrais fazem parte da vida diária.

Os ancestrais são considerados como viventes e fazem parte na vida cotidiana. Apenas os poucos muçulmanos que realmente adotam a linha ortodoxa moderna praticam o Islamismo sem sincretismo.



O Cristianismo entrou com os portugueses no século 16, porém não se desenvolveu muito. Nos séculos seguintes entraram alguns missionários. Dois povos foram convertidos em massa:

os Bataks na ilha de Sumatra através do esforço missionário de Nommensen que formou a hoje Igreja HKBP - Huria Kristen Batak Protestan (os 2 primeiros missionários que entraram foram mortos e canibalizados); e os Amboneses nas Ilhas Moluccas.

Na ilha de Java no século 19 surgiu a igreja javanesa bem contextualizada na cultura javanesa e no meio de muçulmanos.



Desde o início do século já havia esforços para islamizar o país, pela influência do neo-fundamentalismo do Islamismo no Oriente Médio. Nos dias que antecederam a Declaração da Independência do país em agosto 1945, os “pais da independência” se reuniram por vários dias e noites discutindo a proposta de inclusão na Constituição da aplicação da lei islâmica, a Shariah.

Os líderes cristãos discordaram, pois nem todos no país eram muçulmanos. Os nacionalistas, embora muçulmanos, apoiaram os cristãos. Depois de um impasse, finalmente os muçulmanos radicais perderam e a frase não foi incluída na Constituição.

Porém, logo em seguida à Declaração de Independência, houve rebeliões em diversas províncias, como Java Oeste, Sumatra e Sulawesi, na tentativa de transformar o país em república islâmica.


Nos anos de rebelião, principalmente, na região do povo sundanês, Priangan e Java Oeste, houve destruição de igrejas e matança de pastores e cristãos.

Esporadicamente rompia a hostilização aos cristãos, obreiros e missionários, mas era mais individual e localmente. De 1957 em diante havia bastante missionários estrangeiros atuando no país, e houve muitas conversões em massa de tribos em Irian Jaya.

Os descendentes chineses radicados na Indonésia há séculos se convertiam através da evangelização do missionário John Sung, e outros evangelistas chineses.

O avivamento e crescimento explosivo aconteceu de 1966 em diante, após o golpe da revolução comunista abafada pelo contra-golpe militar. Morreram mais de meio milhão de pessoas em meio a um ódio irracional. Todos deviam ter uma religião, obrigatoriamente constante na carteira de identidade.

Quem não tinha religião, era acusado de comunista e deveria ser preso, quando não torturado ou morto. Assim todos procuraram uma religião. Porém, mais do que a necessidade de ter uma religião constante na carteira, muitos nesse estado de matança e ódio ficaram em busca do sentido de vida, de paz e segurança.

Com a presença de vários missionários, muitos encontraram Jesus. Pelo menos dois milhões de muçulmanos se converteram entre 1966 e 1968.

Os descendentes chineses vítimas da acusação de serem comunistas como na China, pelo sofrimento, se achegaram ao Salvador. O crescimento de Cristianismo até 1986 representa hoje 13% do total da população.

Com o crescimento da Igreja veio a retaliação. O esforço de islamizar o país teve início de maneira sistemática e organizada. Todos os cristãos foram tirados de suas posições de autoridade e liderança na vida do país. Não havia mais ministros e generais, e até na vida econômica e social os cargos foram ocupados pelos muçulmanos. A destruição de igrejas e intimidação aos cristãos aumentou.

Porém atingiu o auge em julho 1997 quando 10 igrejas, na segunda maior cidade do país, Surabaya, foram destruídas. Pastores foram espancados, suas cabeças foram pisoteadas e colocadas nos vasos sanitários. As mulheres cristãs foram abusadas.

O pior veio em outubro 1997 na que é conhecida como a Quinta-feira Negra de Situbondo, quando 23 igrejas em Situbondo, Java Leste, foram incendiadas. Numa delas, uma Igreja Pentecostal, 5 pessoas foram mortas queimadas dentro da igreja - um pastor de 71 anos, a sua esposa, a filha, uma sobrinha e uma obreira de nome Rita.

Até esse momento o mundo não sabia de nada, pois a Igreja calava temendo represália, mas a partir dessa barbárie decidiu falar. E o mundo começou a orar. E a igreja voltou a crescer. E a retaliação aumentou.

Em maio 1998 houve violências e demonstrações de força, que resultou na queda do presidente Suharto após 32 anos no poder. Durante as violências, o povo se voltou contra os descendentes chineses e os cristãos na capital Jakarta. Mais de 2.000 pessoas foram mortas violentamente, centenas de mulheres estupradas.

Em novembro 1998 diversas grandes igrejas em Jakarta foram destruídas. Em todos os lugares do país aconteceram, e continua acontecendo, a destruição de igrejas e intimidação com espancamento de obreiros. E o crescimento da Igreja continua!

Alguns poucos apostataram deixando a fé cristã, mas a maioria permaneceu com o fogo de evangelizar a todos os povos não alcançados!





Em janeiro de 1999 as massas destruíram bairros e igrejas cristãs em Ambon, capital das Ilhas Moluccas ao leste do país. Ficou famoso mundialmente o caso de Roy Pontoh, um menino de 15 anos que era ativo na igreja e membro de “King’s Kids”. Estava num retiro no campus de uma faculdade quando as forças chegaram. Pegaram muitos cristãos, entre eles o garoto Roy Pontoh. Quando o mandaram negar a Cristo, Roy embora tremendo disse: “Beta laskar Kristus” (“Sou soldado de Cristo”). Cortaram um pedaço do seu braço. Perguntaram novamente, e a resposta continuou, “Beta laskar Kristus”. Cortaram o outro braço. Perguntaram pela terceira vez, e a resposta foi: “Beta laskar Kristus”. Cortaram a perna. Finalmente abriram o seu estômago e Roy morreu. Jogaram o seu corpo que foi encontrado apodrecido somente alguns dias depois. Foi enterrado ao lado da casa que ficou destruída

Milhares de cristãos amboneses já morreram e a violência continua até agora, sem perspectiva de paz. Centenas de milhares perderam as suas casas e vivem refugiados até em outras ilhas. De Ambon durante 1999 até 2000 a violência se alastrou às outras ilhas, Buru, Seram, Ternate, Tidore, Halmahera, resultando em milhares de órfãos.

Em Jakarta, capital na ilha de Java, em dezembro, o complexo do Seminário Doulos que mantém também um centro de reabilitação de viciados em drogas, foi incendiado. Um seminarista foi torturado até à morte quando se recusou a negar a Cristo.



Em janeiro de 2000 todos os cristãos da ilha de Lombok se refugiaram na própria ilha, em quartéis e delegacias, e em Bali e outras ilhas, quando as igrejas e suas casas foram incendiadas.
Em maio, 10.000 muçulmanos, que se denominam “Ahlus Sunnah wal Jamaah” (exército para guerra religiosa), foram treinados em Bogor, Java Oeste e embarcarão para Ambon com a tarefa de eliminar os cristãos, e infelizmente havia cristãos nominais que não agüentaram os ataques e fizeram denúncias e retaliações.

Há também conflitos entre povos e tribos, entre migrantes de outras ilhas, a maioria muçulmanos radicais, contra os povos locais sejam cristãos ou muçulmanos. Tendenciosamente as notícias divulgadas são que os cristãos estejam matando os muçulmanos, que incita mais e mais a ira de muitos. Outras ilhas decidiram “ajudar” os seus irmãos muçulmanos contra os cristãos.

No meio de tudo isso, admiravelmente e com gratidão a Deus, vê-se o contínuo esforço evangelístico aumentando mais que nunca, com frutos inimagináveis. Formaram-se redes de intercessão em todo o país e em todos os segmentos: de cidades, de profissões, de estudantes, de donas de casa, ultrapassando as barreiras denominacionais.

Evangelistas são enviados a todos os interiores e no meio de povos nas selvas. Faz-se congressos para discutir como alcançar os não alcançados.

Muitos obreiros vivem sacrificialmente, sem sustento e em condição precária. A economia que desabou prejudica o sustento. As igrejas não conseguem sustentar todos os obreiros. Mesmo assim, seminaristas e obreiros continuam indo e servindo, no meio de perseguição e necessidades.



Atualmente a Constituição Indonésia garante a liberdade de profissão religiosa, embora apenas seis religiões oficiais sejam reconhecidas: Islã, Protestantismo, Catolicismo, Hinduísmo, Budismo e Confucionismo.



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