“Quando o viram andando sobre o mar, pensaram
que fosse um fantasma. Então gritaram, pois todos o tinham visto e ficam
aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: “Coragem! Sou eu! Não
tenham medo!” (Mc 6.49-50).
Querido missionário (a),
Creio que você já passou pela experiência de
fracassar terrivelmente em uma situação aparentemente fácil. Tenho
aprendido, ao longo de nossa caminhada missionária como família que, em
alguns momentos, o nosso bondoso Pai nos permite fracassar, com um objetivo
muito claro de nos ensinar algo.
Nenhum de nossos fracassos pessoais e
ministeriais ocorrem pelo simples acaso, antes eles cumprem um propósito
“pedagógico” de Deus em nossas vidas, por mais que por vezes não percebamos.
Um dos textos bíblicos em que essa verdade se
torna mais clara é o de Marcos 6.45-66, no qual Jesus anda sobre as águas.
O relato bíblico é muito interessante: inicialmente vemos que foi o próprio
Jesus que “insistiu com seus discípulos” para que eles entrassem no barco
(v.45), mesmo que, curiosamente, ele permanecesse fora do mesmo (v.46).
Naquela jornada marítima bastante conhecida
(lembremos que muitos dos discípulos de Cristo eram pescadores
profissionais), eles foram surpreendidos por uma tempestade que os deixaram
apavorados (v.48). A despeito do fato, Jesus ainda demorou algumas horas
até ir ter com eles (v.48b), mesmo vendo, do alto de um morro, a
dificuldade enfrentada por seus amados discípulos naquele barco (v.48.a).
Depois desse duro período de espera, Jesus
seguiu até o barco de uma maneira pouco ortodoxa – ele caminhou sobre as
águas (v.49). Ao entrar no barco, tudo se transformou, os ventos cessaram
de soprar, as ondas se acalmaram, e seus discípulos permaneceram
completamente “atônitos”. É neste momento do texto onde encontramos uma
informação muito valiosa: os discípulos estavam atônitos “porque não tinham
entendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido” (v.52).
O texto anterior ao que lemos é o conhecido
relato bíblico da multiplicação dos pães e dos peixes (Mc 6.30-44). Jesus
sabia que os seus discípulos não haviam entendido uma verdade muito
importante, a saber: Ele era o Senhor sobre todas as coisas.
O primeiro problema enfrentado pelos discípulos
era a escassez de alimentos para alimentar uma multidão de mais de 5 mil
pessoas. Ao realizar aquele milagre, Jesus os ensinava que ele era maior
que pães e peixes, e provê alimento para uma multidão.
Aqui, o recado é o mesmo, só que através de uma
figura distinta. O problema agora é um mar revolto e a incapacidade de, a
despeito do fato de parte do grupo ser composto de experientes marinheiros,
manterem o barco funcionando.
Ao andar sobre as águas, Jesus declara aos seus
discípulos que Ele é maior que “as muitas águas”, aquilo que tanto lhes
atemoriza é posto por estrado de seus pés.
Como disse no início deste texto: todos os
nossos fracassos cumprem um propósito pedagógico. Deus está nos ensinando
algo. Talvez os nossos problemas não sejam os pães ou os peixes, e nem
mesmo um mar revolto, no entanto, o ensino central de Cristo continua sendo
o mesmo:
Eu sou o Senhor sobre todas as coisas. Que possamos ter o coração
sensível à pedagogia divina, para que, depois da tempestade, possamos com
fé afirmar: “Quem é este que até os ventos e os mares obedecem a sua voz”.
Gabriel Neubarth
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