A PEDAGOGIA DIVINA



A PEDAGOGIA DIVINA
Gabriel Neubarth
“Quando o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma. Então gritaram, pois todos o tinham visto e ficam aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: “Coragem! Sou eu! Não tenham medo!” (Mc 6.49-50).
Querido missionário (a),
Creio que você já passou pela experiência de fracassar terrivelmente em uma situação aparentemente fácil. Tenho aprendido, ao longo de nossa caminhada missionária como família que, em alguns momentos, o nosso bondoso Pai nos permite fracassar, com um objetivo muito claro de nos ensinar algo.
Nenhum de nossos fracassos pessoais e ministeriais ocorrem pelo simples acaso, antes eles cumprem um propósito “pedagógico” de Deus em nossas vidas, por mais que por vezes não percebamos.
Um dos textos bíblicos em que essa verdade se torna mais clara é o de Marcos 6.45-66, no qual Jesus anda sobre as águas. O relato bíblico é muito interessante: inicialmente vemos que foi o próprio Jesus que “insistiu com seus discípulos” para que eles entrassem no barco (v.45), mesmo que, curiosamente, ele permanecesse fora do mesmo (v.46).
Naquela jornada marítima bastante conhecida (lembremos que muitos dos discípulos de Cristo eram pescadores profissionais), eles foram surpreendidos por uma tempestade que os deixaram apavorados (v.48). A despeito do fato, Jesus ainda demorou algumas horas até ir ter com eles (v.48b), mesmo vendo, do alto de um morro, a dificuldade enfrentada por seus amados discípulos naquele barco (v.48.a).
Depois desse duro período de espera, Jesus seguiu até o barco de uma maneira pouco ortodoxa – ele caminhou sobre as águas (v.49). Ao entrar no barco, tudo se transformou, os ventos cessaram de soprar, as ondas se acalmaram, e seus discípulos permaneceram completamente “atônitos”. É neste momento do texto onde encontramos uma informação muito valiosa: os discípulos estavam atônitos “porque não tinham entendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido” (v.52).
O texto anterior ao que lemos é o conhecido relato bíblico da multiplicação dos pães e dos peixes (Mc 6.30-44). Jesus sabia que os seus discípulos não haviam entendido uma verdade muito importante, a saber: Ele era o Senhor sobre todas as coisas.
O primeiro problema enfrentado pelos discípulos era a escassez de alimentos para alimentar uma multidão de mais de 5 mil pessoas. Ao realizar aquele milagre, Jesus os ensinava que ele era maior que pães e peixes, e provê alimento para uma multidão.
Aqui, o recado é o mesmo, só que através de uma figura distinta. O problema agora é um mar revolto e a incapacidade de, a despeito do fato de parte do grupo ser composto de experientes marinheiros, manterem o barco funcionando.
Ao andar sobre as águas, Jesus declara aos seus discípulos que Ele é maior que “as muitas águas”, aquilo que tanto lhes atemoriza é posto por estrado de seus pés.
Como disse no início deste texto: todos os nossos fracassos cumprem um propósito pedagógico. Deus está nos ensinando algo. Talvez os nossos problemas não sejam os pães ou os peixes, e nem mesmo um mar revolto, no entanto, o ensino central de Cristo continua sendo o mesmo: 
Eu sou o Senhor sobre todas as coisas. Que possamos ter o coração sensível à pedagogia divina, para que, depois da tempestade, possamos com fé afirmar: “Quem é este que até os ventos e os mares obedecem a sua voz”.

Gabriel Neubarth

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