MISSÕES TRANSCULTURAIS
O
MISSIONÁRIO E A CULTURA
“A seara é grande, mas os trabalhadores
são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a Sua
seara. IDE! Eis que eu vos envio como CORDEIROS para o meio de LOBOS, sede,
portanto, prudentes como as serpentes e simplices como as pombas.” (Mt: 10.16).
O
Senhor Jesus conhecia bem o mundo a que mandou os seus discípulos; um mundo dominado
pelas forças do inimigo. Bem sabia que: “a luta não é contra o sangue e a
carne, e sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste
mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestes.”
(Ef: 6.12).
Cada
crente é combatente nesta guerra, mas o missionário, devido à natureza do seu
trabalho, fica na linha de frente. Cabe a ele lutar corpo a corpo contra os
sistemas demoníacos que, há milênios, pertencem ao reino de Satanás.
Seguindo
o exemplo do seu Mestre, ele tem que amarrar o valente (Satanás) antes de poder
saquear-lhe a casa (Mt: 12.29). Como ele necessita das orações do Corpo de Cristo
para que as muralhas de Jericó caiam. Mil e uma coisas surgem para dificultar a
batalha. Lutar por Cristo no estrangeiro não é igual a lutar por Ele em nossa
pátria. Conheçamos, agora, alguns gigantes da terra que os nossos missionários
terão que enfrentar, para por eles possamos orar mais objetivamente.
LINGUA
Na
pátria o nosso missionário foi maravilhosamente usado por Deus na salvação de
muitas almas. Agora, chega na “terra prometida” e não entende palavra alguma.
O
ex-eloquente missionário abençoado virou pobre mudo que, como criancinha,
precisa aprender as coisas elementares da comunicação. Sem dominar esse idioma
novo não se pode transmitir a mensagem preciosa que arde no coração. É obrigado
a sentar hora após hora, estudando gramática, paradigmas de verbos e entonação.
Há
idiomas que podem ser dominados dentro de poucos meses outros, porém, levam
anos. Nesta fase podem apoderar-se do nosso missionário sentimentos de
frustração, inferioridade, vergonha e inutilidade. Por isso são indispensáveis
as nossas orações para que não desanime, e sim, levante-se para matar o grande
gigante lingüístico.
CULTURA
É
natural pensar que a única maneira certa de fazer as coisas seja como a nossa
cultura brasileira nos ensina. A realidade, porém, é que cada país tem a sua
própria maneira de solucionar os seus problemas de vida e de ambiente; e para
ele aquela maneira é a certa!
É
difícil pensar que há gentes que nunca
comeu arroz e feijão, que gosta de pernas de rã (França) ou ovo choco
(Filipinas), que acha uma especialidade, o cupim frito e a mandioca fermentada
(Zaire). Há uma infinita variedade de coisas que se podem comer, mas isso não
quer dizer que todos tem que come-las e delas gostar.
Não
é somente na alimentação que observamos diferenças tão grande, mas também nas
habitações, roupas, agricultura, ferramentas, educação e religião.
Cada
cultura tem a sua maneira de mostrar etiqueta, modéstia e amor. Para os Yapese,
a perna descoberta é sinal de falta de decência, enquanto os seios nus é
perfeitamente normal.
No
outro extremo, a mulher muçulmana pode mostrar o rosto somente, e as vezes, nem
isso! Numa ilha do Pacífico se cumprimentam pelo tocar de narizes; no Ocidente
pelo aperto de mãos; no Brasil por um abraço; e na Argentina se acrescenta o
beijo!
Na
Indonésia a mão esquerda é considerada imunda e na Tailândia não se pode
mostrar a planta do pé, nem se podem internar as mulheres no segundo andar dos
hospitais se há homens no primeiro; pois seria dizer que a mulher é “superior”
ao homem, um insulto muito grande.
Em
Angola, numa determinada tribo, não se pode arar a terra na primavera porque é
a época dela ficar grávida e no interior do Brasil só se permite dar remédio
contra vermes na lua “cheia” porque as cabeças deles estão viradas para cima.
Diferenças
entre culturas podem resultar em mal-entendidos sérios. Uma missionária no
México reclamou quando um índio cuspiu no chão de terra da sua sala. “Não faça
isso! Está sujo!” disse ela. A que o índio retrucou – “Sim, Senhora, mas o chão
lá fora está mais sujo ainda.”
O
missionário considerou muito sujo e mal cheiroso o povo duma tribo em Nova Guiné , até
descobrir que a mistura de barro e esterco de gado com que cobriram-lhes os
corpos servia de proteção contra o mosquito transmissor da malária. Se ele
tivesse insistido que a tribo tirasse a “mistura” por motivo de asseio teriam
morrido todos.
Os
primeiros missionários aos Chols de México pensaram ser o povo insensível
quando ria no enterro de amigos. A explicação, porém, foi simples – “Uai, nós
rimos para não chorarmos!”. Faltava-lhes sentimento? Não! Simplesmente o
expressava numa maneira “diferente”.
O
missionário carregando os trapos da cultura dele pode fazer com que o Evangelho
seja mal interpretado. Antes dos comunistas ocuparem a China foi reportado que
alguns chineses pensaram que o missionário adorava cadeiras, pois quando orava,
sempre ajoelhava perante uma.
Os
índios Navajos pensaram que a sarça fora sacra porque na época de natal os
missionários a enfeitavam (não existiam pinheiros no local) com muito carinho.
Na
África, por falta de laranja para chupar, duas missionárias sempre tomavam suco
de lima na hora do desjejum: costume da terra delas. Após anos de luta, sem
“fruto” algum, foi-lhes revelado que naquela cultura somente as prostitutas
utilizam suco de lima... Para evitar a gravidez! As duas, logicamente, eram
tidas como prostitutas. Logo que pararam de tomar o suco, e após uma explicação
aos líderes da tribo o evangelho foi aceito.
ENCULTURAÇÃO
Aprender
uma cultura nova não é fácil, pois se encontram tantas diferenças,
aparentemente ridículas, que se torna difícil o missionário acomodar-se.
Chamam-se essas diferenças que o abalam “baques culturais”. Ao arrostar esses
baques há duas maneiras de reagir:
1.
Empatia e
Identificação – O missionário identifica-se com o povo onde pode e tem empatia
pelos costumes que não pode adotar. Por exemplo: Não lhe é necessário por barro
no corpo porque pode comprar remédio; mas aprecia a razão porque o povo o
utiliza.
2.
Entrar em
estado de choque cultural, que pode o levar de volta ao seu país porque
não agüenta mais; ou fazer com que ele adote “na integra”, todos os costumes do
povo sem pensar se são bons ou ruins; a fim de ser aceito pois, realmente
sente-se inseguro na cultura.
Levando
em conta tudo isso, podemos orar mais fervorosamente pelos missionários nossos
que enfrentam esses problemas que jamais teremos que enfrentar.
“Manda-nos
missionários que saibam trabalhar com os nacionais; que queiram ajudar a Igreja
nacional e crescer e que saibam obedecer e não só mandar” disse um líder da
igreja na Angola. E é essa a atitude em muitos países devido ao crescimento do
espírito nacionalista.
No
Zaire, ainda há necessidade de missionários que sabem evangelizar e ensinar nas
escolas bíblicas, com a seguinte qualificação... tem que trabalhar debaixo da
autoridade do nacional.
Não
há mais lugar para aquele que não confia na habilidade do africano e que quer
ser individualista. Demos as mãos ao povo de Deus em toda parte e com mútua
cooperação avancemos para a glória de Deus.
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