O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A OBRA MISSIONÁRIA


BASES BÍBLICAS PARA MISSÕES  
LUCAS 10.1-20



1. Quando queremos empreender qualquer atividade no mundo, definimos as bases, sobre as quais realizaremos aquele negócio, ou atividade. Suponhamos que fôssemos construir uma casa. Deveríamos pensar:

A. Na planta (quantidade de cômodos, tamanho, tipo de acabamento, etc.),

B. Nos construtores (engenheiros, pedreiros, serventes, encanadores, eletricistas, etc.),

C. Nos recursos financeiros (quanto dinheiro temos e quanto podemos gastar).

2. Estas seriam algumas bases, que precisaríamos estudar se quiséssemos construir uma casa.

3. Na Missão dos Setenta, encontramos algumas bases missionárias, em cima das quais eles deveriam empreender o seu trabalho:

Vejamos quais são elas:

I - COOPERAÇÃO

Vs. 1, "Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir".

1. Sozinho Jesus jamais poderia realizar o trabalho dos setenta discípulos. Eles iriam visitar ao mesmo tempo trinta e cinco cidades e vilas de cada vez. O exemplo de Moisés, que escolheu setenta homens para dividir o peso de sua tarefa, em Nm 11.16-17, Jesus, compartilhou com estes setenta discípulos o privilégio de sua própria missão.

2. O trabalho de missões é feito sempre na base da cooperação. Paulo fala desta cooperação:

A. Fp 1.3-5, "3 Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, 4 fazendo sempre, em todas as minhas orações, súplicas por todos vós com alegria 5 pela vossa cooperação a favor do evangelho desde o primeiro dia até agora." - A expressão: "cooperação no evangelho", provavelmente é uma referência às ofertas em dinheiro que os filipenses enviavam a Paulo, para custeio de suas viagens missionárias. Em Fp 4.10, Paulo fala novamente destas ofertas: "Ora, muito me regozijo no Senhor por terdes finalmente renovado o vosso cuidado para comigo; do qual na verdade andáveis lembrados, mas vos faltava oportunidade".

1 Co 3.9, "Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus".

 Quando investimos em missões, estamos não apenas cooperando com os missionários, ou com o trabalho missionário, mas estamos acima de tudo, cooperando com o Dono da Obra, "O Senhor dos Exércitos".

3. Vamos trabalhar no sistema de cooperação por missões!

II - ORAÇÃO

Vs. 2, "E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara".

1. Sem oração, não há como fazer missões. O trabalho da Igreja pró-missões, deve ser intensificado através da oração constante pelos missionários e por seu trabalho, para que todas as barreiras venham abaixo.

2. No presente texto, nós observamos a preocupação de Jesus em que seus discípulos estivessem envolvidos em oração pelo trabalho de missões.

 Vejamos alguns motivos de oração:

A. Orar pelo aumento de missionários no campo,

Vs. 2, “... rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara". A maior dificuldade no trabalho missionário é encontrar pessoas que estejam dispostas a levar a mensagem, com sacrifício próprio.

B. Orar pela vida espiritual do missionário. Em plena atividade missionária, Paulo convoca os tessalonicenses a orarem por ele e pelo grupo que com ele trabalhava,

1 Ts 5.25, "Irmãos, orai por nós".


C. Orar para que as portas sejam abertas ao missionário,

2 Ts 3.1, "Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada. Como também o é entre vós".

D. Orar pela proteção do missionário,

2 Ts 3.1-4, "1 Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor se propague e seja glorificada. Como também o é entre vós, 2 e para que sejamos livres de homens perversos e maus; porque a fé não é de todos. 3 Mas fiel é o Senhor, o qual vos confirmará e guardará do maligno. 4 E, quanto a vós, confiamos no Senhor que não só fazeis, mas fareis o que vos mandamos. Muitos são os homens pervertidos e maus".

E. Orar pelo sustento financeiro do missionário. Sem dinheiro é impossível fazer a obra de Deus. Os recursos para a obra do Senhor estão dentro de nossos bolsos.

3. Devemos colocar como alvo de nossas vidas, a oração constante pelo trabalho de missões.

III - CORAGEM

Vs. 3, "Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos".

1. Os missionários teriam que ser ousados, corajosos, pois estariam penetrando em campo inimigo e muitas situações lhes eram adversas:

A. Seriam enviados como "cordeiros para o meio dos lobos", V. 3, "Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos". Os lobos são animais ferozes e são os piores inimigos das ovelhas. Aqui, os lobos são identificados como homens maus, verdadeiros instrumentos do Diabo, que fariam tudo para destruí-los. Paulo fala destes tipos,

At 20.29-30, "29 Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho, 30 e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si".

B. Seriam rejeitados;

Vs. 10-12, "10 Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei: 11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado. 12 Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade".

Evidentemente que a rejeição, coloca em nós um sentimento de tristeza, angústia e revolta. Eles não deveriam se preocupar, pois os opositores seriam justiçados. Deveriam apenas andar pelas ruas das cidades e clamar que o reino de Deus havia chegado e ainda sacudir até o pó que se apegasse às suas sandálias, em testemunho contra seus habitantes.

2. Paulo enfrentou situações assim em seu ministério. Um exemplo: At 13.51-52,

"50 Mas os judeus incitaram as mulheres devotas de alta posição e os principais da cidade, suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos. 51 Mas estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio". Estavam em Antioquia da Pisídia e ao serem confrontados pelos judeus, "sacudiram o pó de seus pés contra eles".

3. Para enfrentar situações adversas, os missionários devem ser audaciosos. Oremos por eles.

IV - DEPENDÊNCIA DE DEUS

Vs. 4, "Não leveis bolsa, nem alforje, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho".

1. Os aparatos que eles não deveriam levar: bolsa, alforje - saco duplo fechado nas extremidades, sandálias, eram elementos imprescindíveis para os viajantes, pois deles dependia sua sobrevivência. Os discípulos foram proibidos de levá-los, para aprenderem a depender de Deus em todas as situações.

2. Em qualquer atividade na obra de Deus, devemos estar inteiramente dependentes dele. Quando não praticamos a dependência de Deus, certamente sofreremos humilhações.

Vejamos como o tema é visto na Palavra de Deus:

a. Sl 127.1, "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela". Deus deve guardar tudo o que é nosso.

b. Jo 3.27, "Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu". Tudo deve vir de cima.

c. II Co 3.5, "não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus". Nossa suficiência vem de Deus.

3. Devemos orar para que os missionários sejam dependentes de Deus em tudo.

V - IDENTIFICAÇÃO

Vs. 5-8, "5 Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa. 6 E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós. 7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa. 8 Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós".

1. Esta identificação é claramente vista no texto:

a. Deveriam entrar nas casas, Vs. 5, "Em qualquer casa em que entrardes...". Ver expressão semelhante no Vs.7, "Ficai nessa casa... Não andeis de casa em casa".

b. Deveriam comer com os moradores da casa, Vs.7, "7 Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem... Vs. 8 "...comei do que puserem diante de vós".

c) Deveriam criar vínculo, Vs. 7, "Não andeis de casa em casa".

D. Não deveriam ficar envergonhados, Vs.7, “... pois digno é o trabalhador do seu salário."

2. Ao ordenar-lhes que se hospedasse no meio do povo, compartilhando de um mesmo teto, das mesmas refeições, Jesus mostrava-lhes a necessidade de uma identificação com o povo no dia-a-dia. Somente assim, a mensagem de Deus, estaria contextualizada com as necessidades e realidade do povo.

3. De fato, uma das maiores preocupações de trabalho missionário, é a aculturação, a identificação, com os costumes e a cultura do povo a ser alcançado. Se não houver este cuidado, dificilmente o trabalho missionário será bem sucedido,

 I Co 9.19-23, "19 Pois, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos para ganhar o maior número possível: 20 Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse eu debaixo da lei (embora debaixo da lei não esteja), para ganhar os que estão debaixo da lei; 21 para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. 22 Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. 23 Ora, tudo faço por causa do evangelho, para dele tornar-me co-participante".

VI - SERVIÇO

Vs. 9, "Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus".

1. Curar enfermos era uma maneira de suprir uma necessidade física que impedia a pessoa de servir ao Senhor e adorá-lo verdadeiramente. Curar era uma maneira de servir. O Missionário deve ser capacitado pelo espírito Santo, para suprir as necessidades espirituais do povo.

2. O melhor exemplo desta base missionária está no Senhor Jesus:

a. Curou enfermos,

Lc 7.21, "Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos".

b. Alimentou multidões, Jo 6.1-13

3. Tiago fala desta particularidade,

Tg 2.15-17, "15 Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, 16 e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? 17 Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma."

4. O serviço do Reino deve acompanhar a tarefa missionária.



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