DO CELEIRO À SEARA
O texto abaixo é de autoria do Luís Nacif Pastor de missões da Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte – MG e foi publicado originalmente no Blog da COMIBAM. Siga o o link: https://www.comibam.org/pt/
O momento é agora
Dentre
muitos acontecimentos no meio evangélico, a década de 90 foi marcada por um
despertar missionário que até então não tinha acontecido no Brasil. Inúmeras
igrejas e líderes acordaram para a realidade de que a Igreja Brasileira tinha
crescido em tamanho e maturidade o suficiente para migrar de um país recebedor
de gente e de recursos para um enviador de missionários para o plantio de
igrejas em outras nações.
Com
esse despertar, muitos, especialmente os de fora, começaram a enxergar o Brasil
como “celeiro de missionários”: um país que iria inundar as nações com seus
evangelistas de Bíblia na mão e samba no pé. A vibração com essa possibilidade
foi grande. Muitos missionários foram enviados por se sentirem chamados às
nações, ainda que alguns não estivessem com o preparo adequado.
Mesmo
sendo um tempo precioso e marcante para o movimento missionário, as
expectativas de muitos geraram certa frustração quando as projeções entraram em
conflito com a realidade. Em uma frente, o missionário enviado sem o preparo
suficiente encontrou no campo um contexto bem mais complicado do que o que ele
tinha em mente. A língua era difícil de aprender, as culturas estavam lapidadas
em séculos de resistência ao Evangelho, a solidão incomodava de um lado e os
conflitos com equipes multiculturais, de outro.
Para
muitos, o romantismo foi atropelado pelas dificuldades, gerando feridas que
comprometeram a jornada. Na retaguarda, muitos imaginaram que a plantação de
igrejas em locais fechados ao Evangelho seria simples e rápida como suas
experiências em território brasileiro.
Assim,
com pouco tempo dedicado pelo missionário, já se aguardava notícia de dezenas
de convertidos e uma igreja sólida plantada. O romantismo se transformou em
desânimo e abandono de projetos que estavam apenas começando.
Diante
da descrição desse quadro, poderíamos imaginar que o projeto missionário
transcultural da Igreja Brasileira estava caminhando rumo ao fracasso. Nada
mais errado para se pensar. Ele caminhava, sim, em direção à maturidade. A
Igreja Brasileira está em condições de avançar com muito mais maturidade rumo à
plantação de igrejas no campo transcultural. É como num namoro que começa com
uma paixão adolescente para ir se transformando em um relacionamento duradouro
e um casamento sólido. Aprendemos e continuamos a aprender muito. Algumas
particularidades dessa caminhada só podem nos dar mais ânimo para avançar.
Existem
igrejas, agências missionárias e missionários com ótima experiência no preparo,
no envio e no pastoreio de missionários no campo. Ninguém precisa “começar do
zero” ao se envolver com missões. Pesquise, conheça os desafios para a sua
igreja e se prepare melhor para orientar seu vocacionado. Converse com outros
pastores, líderes de agências missionárias e missionários, tanto brasileiros
que estão por longos anos no campo quanto estrangeiros que dedicaram suas vidas
à evangelização no Brasil. A troca de experiências é uma das melhores formas
para aprender de maneira rápida e eficaz.
O
PREPARO
Um
dos maiores aprendizados dos últimos anos foi que não podemos enviar
missionários ao campo sem um bom e adequado preparo. Os desafios são inúmeros,
e eles precisam estar com a Teologia afiada, o conhecimento da língua,
estabilidade emocional para enfrentar as lutas do campo e um preparo
transcultural para fazer frente ao que vão experimentar “fora do ninho”. Muitos
missionários retornaram prematuramente porque não estavam devidamente
preparados para o que os aguardava, mesmo que estivessem suficientemente
“espirituais”.
O
PASTOREIO
Envolver-se
com missões é estender o pastoreio aos quatro cantos da Terra. Ao afastar-se da
família, da igreja local e da própria cultura, o missionário naturalmente perde
fontes importantes de alimento emocional e espiritual e precisa de um apoio
extra e constante de sua liderança.
Quando
enviamos missionários ao campo, devemos intensificar o cuidado com eles em vez
de diminuir. E estamos vivendo tempos em que a tecnologia nos favorece como
nunca aconteceu.
Com
um simples clique, trocamos mensagens, fotos e vídeos com eles em tempo real.
Com certeza, poderíamos discorrer muito mais sobre o quanto as missões da
Igreja no Brasil amadureceram.
Mas
uma coisa é certa: ainda há muito a ser feito. Deus nos tem preparado para
grandes obras e já é tempo de deixarmos de ser “celeiro” de missões para sermos
uma plataforma ativa de lançamento de missionários transculturais às centenas
para os quatro cantos da Terra.
O
tempo de se envolver é agora! O Senhor está despertando como nunca os obreiros
para a Sua seara. Que possamos todos fazer parte desse despertar.
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