O SERTÃO QUE A IGREJA PRECISA ENXERGAR
Para a maior parte de nós, pensar no sertão brasileiro é ter em mente
imagens da seca, da pobreza, da extrema necessidade. Não há nada de
surpreendente nisso, uma vez que os noticiários e os conteúdos produzidos pela
indústria do entretenimento sobre a região são recheados com imagens desse
tipo. Mas como morador e missionário no sertão brasileiro, tenho visto e ouvido
de perto a realidade e os desafios do povo sertanejo.
Confesso que estou apreensivo com a situação atual da nossa nação e
principalmente com o sertão. A crise no Brasil e o corte de dezenas de
programas de assistência do governo nos deixa em alerta e já podemos ver o caos
batendo em nossas portas. Todos os dias, dezenas de famílias têm nos procurado
com necessidades extremas e admito que não há como ficar alheio ao clamor
delas. As necessidades são diversas: água, energia, saúde, educação, empresas,
emprego, alimentação, transporte, etc. E a desigualdade social por aqui ainda é
gritante.
Diante dessa situação eu só posso fazer uma dessas coisas: observar e
lançar críticas ou me movimentar e cooperar para, de alguma forma, amenizar a
dor de alguns. Então, escolhi ir além do lugar comum e encontrei um sertão de
pessoas amáveis, hospitaleiras, batalhadoras, sempre prontas a compartilhar o
que têm com aqueles que enfrentam alguma dificuldade.
A resiliência do sertanejo me entusiasma, como diz a minha esposa: “Eles
têm a capacidade de reinventar a cada chuva que não cai”. A seca castiga. E
mesmo sem previsão de chuvas eles continuam arando a terra e lançando as
sementes.
Lançar a semente em terra árida
Durante muito tempo, as denominações, com suas boas intenções,
adentraram o sertão com a ideia de evangelização e plantação de igrejas e até
hoje eu ainda não conheci um centro de cidade sertaneja sem nenhuma igreja
evangélica, ao mesmo tempo em que vi pouquíssimas igrejas plantadas nos
vilarejos, povoados, sítios e quilombos… O desafio é que, mesmo nos centros, a
maioria não investe em projetos na área de desenvolvimento comunitário – ou por
falta de recursos ou talvez por não ter o entendimento de cooperar dessa forma.
A entrega de cestas básicas ajuda nas situações emergenciais, mas a região, com
o menor índice de desenvolvimento humano (IDH) do país, necessita de projetos
que operem a transformação integral da comunidade.
O que igrejas podem fazer?
Pode adotar uma cidade do sertão nordestino, investindo recursos em
trabalhos já estabelecidos (claro que é necessário conhecer antes de investir).
Pensar na criação de novos projetos. Enviar missionários para essas
localidades, principalmente para os interiores (existem milhares de localidades
sem nenhuma igreja ou missionário). Mobilizar voluntários na área da educação e
saúde para servirem nessas cidades.
O que você pode fazer?
Adotar uma cidade do sertão nordestino em oração. Investir seus recursos
na vida de missionários e projetos, e dedicar parte do seu tempo em mobilização
ou serviço voluntário.
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