ERA DAS MISSÕES - PARTE 3
A LIGAÇÃO ENTRE OS AVIVAMENTOS HISTÓRICOS E OS MOVIMENTOS MISSIONÁRIOS
Se observarmos os ciclos de avivamentos
perceberemos que a proclamação da Palavra torna-se uma consequência natural
desta ação do Espírito. Vejamos.
Fruto de um avivamento, a partir de 1730 John
Wesley durante 50 anos pregou cerca de três sermões por dia, a maior parte ao
ar livre, tendo percorrido 175 mil quilômetros a cavalo pregando 40 mil sermões
ao longo de sua vida.
Fruto de um avivamento, em 1727 a Igreja moraviana
passa a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época, chegando ao
longo de cem anos enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.
Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia
do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus
para alcançar os Indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a
Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais e sua influência permanece ainda
hoje.
Fruto de um avivamento, em 1806 Adoniram Judson tem
uma forte experiência com Deus e se propõe a servir a Cristo, indo depois para
a Birmânia, onde é encarcerado e perseguido durante décadas, mas deixa aquele
país com 300 igrejas plantadas e mais de 70 pastores. Hoje, Myamar, a antiga
Birmânia, possui mais de dois milhões de cristãos.
Fruto de um avivamento, em 1882 Moody pregou na Universidade de Cambridge e sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os sete de Cambridge”, que incluía Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil chama-se “O homem que obedecia”). Foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial (WEC International) que conta hoje com mais de dois mil missionários no mundo.
Fruto de um avivamento, em 1882 Moody pregou na Universidade de Cambridge e sete homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os sete de Cambridge”, que incluía Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil chama-se “O homem que obedecia”). Foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial (WEC International) que conta hoje com mais de dois mil missionários no mundo.
Fruto de um avivamento, em 1855 Deus falou ao
coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho
transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja
tentavam dissuadi-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do
Norte há tanto o que fazer ?” Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é
Simonton (1833-1867) que veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do
Brasil.
Fruto de um avivamento, em 1950 no Wheaton College
cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E
obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a
tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço
missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali
também se dispôs para a obra missionária foi o Dr Russel Shedd que é
tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.
Tendo em mente, nesta macro-estrutura, os três níveis de relação entre o Espírito Santo e as Missões, podemos observar alguns valores bíblicos sobre este tema, revelados em Atos 2, durante o Pentecoste.
O Pentecoste e as Missões
O Espírito Santo é a pessoa central no capítulo 2
de Atos e Lucas é justamente o autor sinóptico que mais fala sobre Ele
utilizando expressões como “ungido” pelo Espírito, ou “poder” do Espírito ou
ainda “dirigido” pelo Espírito (Lc 3:21; 4:1, 14, 18) demonstrado que na
teologia Lucana o Espírito Santo era realmente o ‘Parakletos’ que
viria.
O Pentecostes, dentre todas as festas judaicas,
era, segundo Julius, o evento mais frequentado e acontecia sob clima de
reencontros já que judeus que moravam em terras distantes empreendiam nesta
época do ano longas jornadas para ali estar no quinquagésimo dia após a páscoa.
Chegamos ao momento do Pentecostes. Fenômenos
estranhos aos de fora e incomuns à Igreja aconteceram neste momento e a Palavra
os resume falando sobre um som como “vento impetuoso” (no grego ‘echos’,
usado para o estrondo do mar); “línguas como de fogo” que pousavam sobre cada
um, “ficaram cheios do Espírito Santo” e começaram a falar “em outras línguas”.
Lucas fecha a descrição do cenário com a expressão no verso 4: “segundo o
Espírito lhes concedia”.
Outras línguas. O texto no versículo 4 utiliza o
termos eterais glossais para afirmar que eles
falaram em outras glosse, línguas, expressão
usada para línguas humanas, idiomas. Mas, a fim de não deixar dúvidas, no
versículo 8, o texto nos diz que cada um ouviu em sua “própria língua” usando
aqui o termo dialekto que se refere aos dialetos ali presentes. As
línguas faladas, e ouvidas, portanto eram línguas humanas e não línguas
angelicais, neste texto em particular, no Pentecostes. Mas onde ocorreu o
milagre? Naquele que falou ou nos ouvidos dos que ouviram? É possível que tenha
sido nos ouvidos dos que ouviram, pois a mensagem, pregada, foi
compreendida idia dialekto - no próprio dialeto de cada um. O certo,
porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo
vivo fosse compreendida, clara e nitidamente, por todos os ouvintes.
Em meio a este momento atordoante (vento, fogo,
som, línguas) o improvável acontece. Aquilo que seria apenas uma festa
espiritual interna para 120 pessoas chega até as ruas. O caráter missiológico
do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os
primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito sobre a Igreja que este
poder – dinamis de Deus - não havia sido derramado apenas
para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos ou confirmação da
fé dos mártires.
O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecostes quando 14 nações, ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma – miraculosamente – passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua.
Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada
para o que viria: conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Em um só
momento Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder”, mas também o “sereis
minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de
Jesus.
Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120
crentes para 3 mil, e depois 5 mil. Não sabemos o resultado daqueles
representantes de 14 povos voltando para suas terras com o Evangelho vivo e
claro, em sua própria língua, mas podemos imaginar o quanto o Evangelho se
espalhou pelo mundo a partir deste episódio. Certamente o primeiro grande
movimento de impacto transcultural da Igreja revestida.
No verso 37 lemos que, após o sermão de Pedro, em
que anuncia Cristo, “ouvindo eles estas coisas, compugiu-se-lhes o coração” e o
termo usado aqui para compungir vem de katanusso,
usado para uma “forte ferroada” ou ainda “uma dor profunda que faz a alma
chorar”. A Palavra afirma que “naquele dia foram acrescentadas quase três mil
almas”. O Espírito Santo usando o cenário do Pentecostes para alcançar homens
de perto e de longe.
Podemos retirar daqui algumas conclusões bem
claras. Uma delas é que a presença do Espírito Santo leva a mensagem para as
ruas, para fora do salão e alcança apenas pelos quais o sangue de Cristo foi
derramado. Desta forma é questionável a maturidade espiritual de qualquer comunidade
cristã que se contente tão somente em contemplar a presença do Senhor. A
presença do Espírito, de forma genuína, incomoda a Igreja a sair de seus
templos e bancos. A Não se contentar tão somente com uma experiência cúltica
aos domingos. A procurar, com testemunho Santo e uso da Palavra de Deus, fazer
Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.
Havia naquele lugar, ouvindo a Palavra de Deus
através de uma Igreja revestida de Poder pelo Espírito Santo, homens de várias
nações distantes, judaizantes, além de judeus de perto, que moravam do outro
lado da rua. De terras distantes, o texto, Atos 2: 9 a 11, registra que havia
“nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a
Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da
Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
cretenses e árabes - ouvimo-los em nossas línguas, falar das grandezas de
Deus”. Uma Igreja revestida do Espírito deve abrir seus olhos também para os que
estão longe, além barreiras, além fronteiras, nos lugares improváveis, onde
Cristo gostaria que fôssemos.
Que efeitos objetivos na construção do caráter da
Igreja produziu a presença marcante e transformadora do Espírito?
Esta Igreja cheia do Espírito Santo passa a crescer
onde está e em Atos 8 o Senhor a dispersa por todos os cantos da terra. E diz a
Palavra que, “os que eram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra”.
Vicedon nos ensina que uma Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária,
proclamadora do Evangelho, conduzida para as ruas.
Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3 mil,
depois 5 mil, não houve segmentação, divisão, grupinhos na comunidade.
Certamente eles eram diferentes. Alguns preferiam adorar a Deus no templo,
outros de casa em casa. Alguns mais formais, judeus e judaizantes, outros bem
informais, gentios. Alguns haviam caminhado com Jesus. Outros não o conheceram
tão de perto. Mas esta Igreja possuía um só coração e alma, como resultado
direto do Espírito Santo. Competições, segmentações, grupinhos, portanto, são
uma clara demonstração de carnalidade e necessidade de busca de quebrantamento
e entrega a ação do Espírito na vida da Igreja.
A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada
Certamente uma Igreja que havia experimentado o
poder de Deus, de forma tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural.
Porém, quando a ação sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo a única
pessoa que se destaca é Jesus, a única pessoa exaltada é Jesus, a única que
aparece com louvores é Jesus. Esta Igreja que experimentou o Espírito no
Pentecostes passa, de forma paradoxal, a falar menos de sua própria experiência
e mais da pessoa de Cristo. O egocentrismo eclesiástico não é compatível com as
marcas do Espírito.
Creio, assim, que nossa herança provinda do
Pentecostes precisa nos levar a sermos uma Igreja nas ruas (não enclausurada),
uma Igreja Cristocêntrica com amor e tolerância entre os irmãos (não segmentada
ou partidária), uma Igreja cuja bandeira é Cristo, não ela mesma (não
egocêntrica), e por fim uma Igreja proclamadora, que fala de Cristo perto e longe.
Que as marcas do Pentecostes continuem a se manifestar entre nós.
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