ANTES DE CHEGAR AO CAMPO MISSIONÁRIO

 


IGREJA LOCAL E O ENVIO  MISSIONÁRIO


Em se tratando do relacionamento da igreja local com aquele que se diz chamado por Deus para ir ao campo missionário, importa que a igreja estabeleça um canal de comunicação com o futuro missionário. É fundamental que a igreja local realize encontros para constatar o chamado missionário do candidato e, então, estabeleça metas iniciais para ele. 

Essas metas iniciais se dão através da verificação constante do espírito de submissão do candidato junto ao seu orientador, de sua participação efetiva nos trabalhos da igreja, da demonstração de zelo pela área de evangelismo local, da contribuição para a visão missionária mundial de sua igreja, da oferta de apoio irrestrito ao departamento de missões e de sua participação financeira na vida de outros missionários.

A igreja local tem um papel importante no processo de seleção e envio do missionário. Até mesmo as agências para eclesiásticas reconhecem que a base de apoio do seu trabalho missionário está na igreja local.  A igreja local melhor entidade para autenticar o chamado de alguém para missões é a igreja.

Em contrapartida, há quem veja as falhas da igreja local em assumir seu papel no processo de seleção, preparo e envio do missionário. Afirma-se que ela tem enviado os candidatos para seminários e escolas de treinamento sem conhecê-los bem e sem ter tido uma contribuição significativa em suas vidas, crendo que todo o treinamento será efetuado por essas instituições. 

Quando a igreja local falha em preparar seus candidatos para o campo missionário, os resultados são candidatos sem experiência cristã consistente, sem prática ministerial e sem conhecimento da Palavra de Deus e do próprio Cristianismo. Temos que compreender a vital importância da igreja local no preparo do missionário. O contato de longo prazo, o ensino da Palavra, a vida em comunidade e o crescimento mútuo de cristãos que se amam e ajudam uns aos outros a viver dignamente no Senhor é a melhor escola missionária. O missionário levará consigo para o campo as atitudes e o modelo que fizeram parte de sua formação cristã, repetindo e imitando o que experimentou e viveu (muito mais do que aprendeu numa escola formal, e Estudos Transculturais. 

Embora precise dela também, para complementar seu conhecimento teológico e missiológico. A igreja local tem algumas responsabilidades específicas no processo de formação de um futuro missionário nos momentos que antecedem e sucedem o seu envio. 

PRIMEIRAMENTE, IDENTIFICANDO MISSIONÁRIOS EM POTENCIAL

. A igreja local tem “um assento na primeira fileira” para a tarefa de reconhecer aqueles a quem Deus deu dons para o serviço transcultural.

Sendo assim, a igreja local está posicionada de forma singular para ser a mentora de futuros obreiros transculturais no desenvolvimento do caráter e experiência ministerial, assim como cuidar deles ao longo do processo do preparo missionário. 

Além de a igreja local amar e se comprometer com seus obreiros, os resultados podem aumentar grandemente se ela abraçar o povo e a tarefa com os quais seu missionário está comprometido. 

Por fim, o cuidado de qualidade é também essencial. Os missionários enviados pela igreja continuam a fazer parte do corpo e, consequentemente, debaixo do cuidado espiritual e pastoral da igreja. 

As igrejas, segundo a parte que lhes cabe, precisarão aceitar que seu papel de enviadora consiste de sérias responsabilidades.

Os líderes precisarão investir tempo, estabelecer sistemas, recrutar as pessoas certas para papéis estratégicos e reconhecer que a tarefa continua enquanto o trabalho do obreiro estiver sendo feito. 

Se uma igreja não está disposta a se comprometer com o envio, então, a igreja, a agência e o futuro obreiro devem avaliar seriamente se essa igreja deve ser a igreja enviadora. 

Quando se olha para o processo de preparo do missionário, fica evidente a participação da igreja local. Ela é responsável por participar decisivamente desse processo de preparação e contribuirá grandemente para a formação do missionário. 

Em cooperação com a igreja local está a agência ou junta missionária desempenhando um papel distinto do da igreja. Contudo, colaboração deve ser a palavra de ordem. A ideia de competição no Reino de Deus não deve ser cultivada e muito menos praticada. Tratando-se de missões, observa-se muitas vezes pouco entendimento a respeito dos papeis relevantes que agências e juntas missionárias desempenham neste cenário. 

Existe uma cooperação que consiste em três agentes: 

A igreja enviadora, 

Agência ou Junta denominacional; e 

Agência paraeclesiástica. 

Todos com papéis- bem definidos e biblicamente fundamentados.

As igrejas combinam esforços através dessas juntas denominacionais criadas para servir suas igrejas no envio, no sustento e na administração do trabalho missionário, que vai além do escopo dos ministérios de suas igrejas locais. Já as agências paraeclesiástica enfatizam um nicho da tarefa missionária em particular. Enquanto totalmente cristãs e frequentemente evangelísticas, estas organizações transcendem a identidade denominacional e buscam apoio vindo de um espectro mais amplo formado por outros grupos cristãos. Essas agências nem sempre prestam contas às igrejas nem estão debaixo de sua supervisão, porém elas existem para servir às igrejas, fornecendo-lhes um canal para uma estratégia específica, que vai além da capacitação e da habilidade da igreja local. Contudo, é de bom tom frisar que tais agências não veem seu ministério e contribuição a missões como substitutos à igreja local, mas como cooperadores dela. Assim sendo, e por ser a igreja local limitada quando se trata de fazer missões, uma estrutura mais ampla de cooperação se torna necessária, algo que ajude a igreja a fazer seu trabalho missionário. Tal estrutura pode ser uma secretaria denominacional de missões, que coordena os esforços missionários das igrejas afiliadas, ou uma missão interdenominacional que conta com a colaboração de igrejas de vários contextos eclesiásticos.36 O papel das agências missionárias quanto ao preparo é o de fornecer treinamento especializado e mais profundo. Com relação à seleção do candidato, é o de confirmar a seleção em relação ao ministério e vida transcultural. A respeito do envio, o papel da agência é o de cuidar da burocracia, dos contatos no campo, da logística e da estratégia a ser adotada. Em se tratando do sustento do missionário, a agência se responsabiliza por estabelecer o nível de sustento necessário no campo, canaliza esse sustento e verifica se é suficiente. Após o envio do missionário ao campo, a agência tem a tarefa de coordenar a estratégia e o trabalho em equipe, ajudar a igreja 35RANKIN; EDENS, Ebook. 36EKSTRÖM, 1998, p. 147. 450 João Ricardo Morais Revista Batista Pioneira vol. 6 n. 2 Dezembro/2017 Revista Batista Pioneira vol. 6 n. 2 Dezembro/2017 como orar, enviando cartas de oração e mantendo contato com a igreja sobre eventuais necessidades, manter comunicação constante com o missionário e com sua igreja, controlar o tempo adequado de permanência e a logística em caso de retorno do campo, verificando a saúde, as atividades e o tempo de descanso do missionário.37 Se tanto a igreja quanto a agência estiverem bem envolvidas em colocar o obreiro no campo, este “triângulo de envio” torna-se crucial. Não apenas o futuro obreiro e agência se comprometem um com o outro, mas a igreja enviadora e a agência precisam também se comprometer uma com a outra (tradução João Ricardo Morais).38 Como se pode notar, o papel da agência ou junta missionária não é conflitante com o papel da igreja local. Muito pelo contrário, igreja e agência podem e devem colaborar para que a obra missionária avance e o Reino de Deus se expanda. Portanto, as etapas que antecedem à chegada do missionário ao campo são mais complexas e críticas do que muitos podem imaginar. A convicção de chamada faz com que o candidato a missionário se coloque à disposição do Senhor da seara, para que Ele o prepare, aumentando em seu coração um fervor pela obra missionária e a evangelização das nações. Quando chega o momento do treinamento, os desafios parecem aumentar. Mesmo que não haja unanimidade no estabelecimento de uma grade curricular, o que se sabe é que um missionário bem treinado e capacitado terá maiores chances de executar bem a obra missionária que lhe foi confiada. 

Para que esse envio seja bem-sucedido e a permanência do missionário no campo seja por tempo satisfatório, tanto igreja local quanto junta ou agência missionária necessitam cooperar entre si, facilitando e motivando-se mutuamente no exercício de seus papéis. 

Dessa forma, não apenas a obra missionária alcançará seus objetivos, mas o Senhor da obra receberá a glória que Ele tanto merece.


Comentários

POSTAGEM MAIS VISITADA

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESQUECERAM DE MIM...

ANTROPOLOGIA CULTURAL