CUIDANDO DA SAÚDE DO MISSIONÁRIO
CAUSAS DE ESTRESSE ENTREMISSIONÁRIOS
O estresse faz parte da
vida dos seres humanos. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de uma
atitude biológica necessária para a adaptação a novas situações.
É uma reação natural do
organismo a um estímulo, e gera alterações emocionais e físicas – há liberação
de uma complexa mistura de hormônios e substâncias químicas como adrenalina,
cortisol e norepinefrina (também chamada de noradrenalina).
Situações contínuas,
recorrentes e/ou agudas de estresse, contudo, podem levar ao esgotamento físico
e emocional, reduzindo (ou até eliminando) a capacidade laborativa de uma
pessoa.
Quando esses fatores
estressores estão ligados a situações de trabalho desgastantes, pode ocorrer a
Síndrome de Bornout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, distúrbio psíquico
registrado no grupo 24 do Cid-11 (Classificação Estatística Internacional
de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). Adiante foram relacionados
sintomas para os quais devemos atentar.
Já foram feitos estudos
com diversas classes de profissionais, principalmente aquelas cujas atividades
exigem envolvimento interpessoal direto e intenso: professores,
enfermeiros, agentes penitenciários, religiosos etc.
No entanto, ainda é
pequeno o número de estudos com missionários, um grupo cujo trabalho reúne
inúmeras dificuldades, agravadas pelo fato de os obreiros transculturais
viverem em locais isolados (na maior parte dos casos), sem o apoio necessário.
O missionário
frequentemente muda de terra e de cultura, deixando para trás amizades e
estruturas sociais já estabelecidas. Além disso, muitas vezes vive em ambiente
hostil, como áreas de conflito nas quais há até risco de vida.
O presente estudo
identifica fatores preponderantes que levam esse grupo ao estresse, bem como
sugere algumas formas de reduzir o estresse entre os missionários.
Como parte do presente
estudo, foi feita uma pesquisa de campo de 2016 a 2018 com oito cuidadores de
missionários, a maioria brasileiros, em contextos transculturais. Por meio
dela, identificaram- -se quais são as queixas mais frequentes entre os
missionários: falta de suporte financeiro apareceu em 62,5% dos relatos; falta
de apoio da igreja, em 50% dos casos.
Outros fatores apontados
foram: dificuldade de relacionamento com a equipe, expectativas não atingidas e
problemas de saúde. Com respeito a barreiras observadas na relação
cuidador-missionário, 62,5% dos cuidadores responderam que o medo de se abrir
e, por consequência, perder o apoio era o principal obstáculo a ser trasposto.
Além da investigação de
campo, pesquisa bibliográfica sobre o tema em âmbito nacional e internacional
com registros dos últimos 30 anos identificou alguns estudos importantes. O
realizado pela JMM-CBB por exemplo, traz a percepção de 146 missionários sobre
pontos de estresse no campo. A seguir estão alguns dados desse estudo.
• Vida emocional foi
considerado o fator que mais gera estresse no âmbito pessoal.
• Ainda no âmbito
pessoal, ritmo de trabalho intenso foi citado por 47,5% dos participantes, e
dificuldade em praticar exercícios físicos regularmente, por 65,2%.
• Na dimensão
financeira, controle e administração dos recursos (orçamento pessoal ou
familiar) apareceu em 55,6% das respostas.
• No aspecto familiar,
tempo de qualidade com o cônjuge e os filhos foram os itens mais citados: 55,3
e 35,8% respectivamente.
• No âmbito do trabalho,
relacionamento com a liderança local, denominacional ou equipe missionária foi
apontado como fator de estresse em 40,9% das respostas.
• Em relação à agência
missionária, o item sustento financeiro e benefícios (salário, convênio médico,
aluguel, encargos sociais) foi citado em 40,9% dos casos.
• Quanto à igreja
enviadora, o tópico mais apontado foi acompanhamento e pastoreio da família,
presente em 34,3% das respostas.
Outro estudo – este
realizado pelo Ministério Oásis, um centro de aconselhamento cristão – buscou
identificar os principais motivos de os missionários procurarem tratamento
psicológico.
O artigo “A luta com as
crises diversas”, de Bacheler, foi escrito a partir dos dados coletados (MEER,
2011, p. 145- 161). A investigação incluiu 118 missionários, e, nas respostas,
as queixas principais eram conjugais (54%) e pessoais (27%); elas incluíam
autoimagem negativa, síndrome do ninho vazio, questionamento do chamado
ministerial, luto por morte de um membro da família, problemas sexuais ou falta
de perdão.
Em terceiro lugar
apareceu crise ministerial (citada por 23% dos missionários), manifestada pelo
desejo de mudança de ministério, de agência, de campo geográfico ou de função.
No entanto, durante o processo de aconselhamento, o terapeuta identificou como causas mais frequentes para os transtornos os conflitos não resolvidos com a equipe e a liderança do trabalho.
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COMIBAM - https://www.comibam.org/pt/causas-de-estresse-entre-missionarios-2/
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