QUAL O OBJETIVO DE MISSÕES

 



POVOS NÃO ALCANÇADOS: O ÚNICO E PRINCIPAL OBJETIVO DE MISSÕES

por John Piper

 

1. A QUESTÃO COLOCADA

A única incumbência bíblica do empreendimento missionário da Igreja é:

1. ganhar o maior número possível de indivíduos para Cristo antes da sua volta, ou

2. ganhar alguns indivíduos (e.g. plantar uma igreja) entre todos os povos da terra antes de seu retorno?

Em outras palavras, o único objetivo de missões é:

1. concentrar-se nos povos mais “frutíferos” fora de nossa própria cultura (e assim ganhar mais indivíduos para Cristo), ou

2. insistir cada vez mais em povos não alcançados (mesmo que eles sejam menos sensíveis do que outros grupos)?

Ou, colocando de outra maneira, uma agência de missões deveria medir o seu sucesso em cumprir a única incumbência missionária da igreja.

1. pelo número e qualidade de igrejas estabelecidas em outras culturas além de sua própria, ou

2. pelo número de diferentes culturas não alcançadas que recebem igrejas de qualidade?

Observe que eu NÃO estou perguntando se (1) ou (2) deveria ser almejado. A questão não é se uma é ruim e a outra boa. As duas devem ser almejadas pela igreja.

O que EU ESTOU perguntando é se algum grupo ou agência em uma igreja ou denominação deveria definir a razão PRINCIPAL da sua existência o estabelecer mais e mais igrejas em povos não alcançados do que estabelecer mais e mais igrejas em qualquer povo em particular.

Uma outra maneira surpreendente de colocar a questão é concentrar-se no cerne do motivo de missões. Se dissermos que o amor por pecadores perdidos deveria ser o combustível do motor de missões, precisamos perguntar “O que o amor deseja realizar?”


Certamente (sob uma perspectiva humana comum) o amor deseja a salvação do maior número de indivíduos. O amor não diz que uma raça é mais preciosa que outra. Portanto, parece que a lógica do amor, por si só, sempre nos colocaria no “campo” ou “povos” onde o maior número de almas poderia ser salvo.

CONSIDERE UMA ILUSTRAÇÃO:

Imagine dois luxuosos navios no mar e os dois começam a afundar simultaneamente com um grande número de pessoas a bordo que não sabem nadar. E imagine que você está encarregado de uma equipe de resgate de dez pessoas divididas em dois grandes barcos.

Você chega ao local do primeiro naufrágio e fica rodeado por centenas de pessoas gritando, algumas a afogarem-se diante dos seus olhos, outras lutando por um pedaço dos destroços, outras prontas para pular na água antes que o navio acabe de afundar. Algumas centenas de metros à frente a mesma coisa está acontecendo às pessoas no outro navio.

Seu coração fica apertado pelas pessoas que estão morrendo. Você quer salvar o maior número possível, então você grita com suas duas tripulações para dar o máximo de suas energias para retirar da água o maior número possível de pessoas. Sem medo da dor! Sem poupar esforços!

Há cinco membros da equipe de resgate em cada barco e eles estão trabalhando com toda a força. Eles estão salvando muitos. Então alguém grita do outro navio: “Venha ajudar-nos!” O que faria o amor?

Não consigo pensar em nenhum motivo para o amor abandonar a sua tarefa e sair se, de fato, ele já está comprometido em salvar pessoas exatamente onde está. O amor não valoriza mais as almas que estão longe do que as que estão perto.

Na verdade, o amor poderia muito bem julgar que o tempo gasto para remar centenas de metros até o outro navio significaria parar de salvar as pessoas que já estão sendo salvas.

 

 

O amor poderia também julgar que a energia da equipe de resgate seria esgotada; o que poderia possivelmente resultar em um número menor de pessoas salvas.


Não somente isso, mas também por experiência você sabe que as pessoas naquele outro navio poderiam estar todas embriagadas a essa hora da noite e estariam menos cooperativas quanto aos seus esforços de salvamento.


Então, o amor, por si mesmo, pode muito bem recusar-se a abandonar a operação de resgate em andamento. O amor pode permanecer no seu lugar de trabalho para salvar o maior número de pessoas.

A conclusão da ilustração (mesmo artificial e imperfeita como ela é, uma vez que a força da igreja NÃO está assim totalmente engajada!) é simplesmente sugerir que o amor somente (da nossa limitada perspectiva humana, a qual geralmente tende para uma centralidade humana) pode não conceber a tarefa missionária da mesma maneira que Deus.


Deus pode ter em mente que o objetivo da operação de resgate deveria ser o resgate de pecadores salvos de todos os povos do mundo (de ambos os navios luxuosos), mesmo se alguns bem-sucedidos da equipe de resgate precisassem abandonar um frutífero campo alcançado (ou parcialmente alcançado) para trabalhar em um campo não alcançado (possivelmente menos frutífero).

A conclusão que cheguei na investigação bíblica, registada neste texto, é de que algumas agências ou grupos de qualquer igreja e denominação deveriam ver como único e primário objetivo:

 

  • NÃO meramente o ganhar o maior número de almas, ou plantar o maior número de igrejas obedientes possíveis 
  • MAS ganhar almas e plantar igrejas obedientes no maior número possível de povos não alcançados.

A ser verdade, são grandes as implicações para o estabelecimento de metas e estratégia de missões. Cada igreja, denominação e agência certamente procuraria carregar sua carga proporcional de responsabilidade em atingir povos específicos não alcançados.


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