DIVERSIDADES, COSTUMES E CULTURAS
DIVERSIDADES, COSTUMES E CURIOSIDADES
“É de um só fez todas as raças dos homens,
para habitarem sobre a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes
ordenados e os limites da sua habitação” (Atos 17.26).
É comum
observarmos e julgarmos as demais culturas a partir da nossa. Ficamos
estarrecidos e não nos conformamos ao observar como as pessoas em outros
ambientes étnicos agem. Esse tipo de comportamento é bastante previsível, pois
é inerente aos seres humanos o julgamento de que a sua maneira de fazer as
coisas em seu contexto cultural é a melhor e, portanto, os demais povos estão
equivocados.
Inevitavelmente,
os missionários, relacionando-se com outras culturas, também agem como se a sua
cultura fosse a mais importante. Muitas vezes esse comportamento é inconsciente
e torna-se mais freqüente durante o período inicial do obreiro no campo – é o
que chamamos de choque cultural. Nesse ponto há uma máxima na Antropologia que
merece ser destacada: “As culturas não
são melhores umas que as outras, elas são apenas diferentes”.
O povo
brasileiro, de modo geral, usa talheres para comer e evita sentar no chão na
hora das refeições. Entretanto, há africanos que usam as mãos para comer e
preferem sentar no chão quando estão se alimentando. Esse comportamento é comum
entre algumas etnias sudanesas.
Em países
islâmicos, como na Turquia, as pessoas, em sinal de respeito ao próximo, não
cruzam os pés de forma que a sola do sapato apareça. Essa cuidado é observado
exatamente por tratar-se da parte mais suja do sapato.
Ao redor do mundo há outros costumes e conceitos bem diferentes dos nossos. Bem pertinho de nós, entre os povos indígenas presentes em nosso território não faltam comportamentos surpreendentes.
“Os kaiwás
respeitam as pessoas caladas e que só falam depois de muito pensar. Para eles,
a sabedoria, a humildade e o equilíbrio emocional são as verdadeiras virtudes.
Os kaiwás costumam distanciar-se das pessoas que se irritam à toa”.
Na América do
Norte, mostrar a língua ara alguém significa ridicularizar e rejeitar: já no
Tibete, é um símbolo de cumprimento e amizade (Firth 1973, 313).
Portanto, o que
percebemos é que aspectos considerados positivos em determinada cultura não são
necessariamente reconhecidos da mesma maneira em outra. É preciso cautela no
contato inicial com outras culturas a fim de não se enviar mensagens
equivocadas e até ofensas ao povo em contato.
Desta forma, cabe ao missionário transcultural não rejeitar a cultura de um povo, descaracterizando a sua identidade étnica e exigindo que adotem aspectos de outra cultura. Basta apenas que o amor de Deus seja encarnado e a semente do evangelho plantada. Afinal, a mensagem da cruz de Cristo é supra cultural, podendo ser comunicada, compreendida e aplicada a todos os povos em todas as outras.
OUTRAS DIVERSIDADES
O som do clique
na língua Xhosa da África do Sul, as cores da vestimenta do povo Bara
de Madagascar, o tempero da comida angolana, as danças nas igrejas
moçambicanas, o sorriso queniano, as cores na Tanzânia, a alegria do povo
sudanês e o ritmo das músicas do Marrocos. A diversidade cultural encontrada ao
redor do mundo é imensurável! Devido a essa pluralidade é comum encontrarmos,
mesmo numa curta viagem para o exterior ou para outras regiões do país,
aspectos culturais que são surpreendentes e se transformam em grande curiosidade.
Na Inglaterra o
Dia dos Namorados não é comemorado ao dia 12 de junho como no Brasil, mas no
dia 14 de fevereiro. No Japão presentear alguém com um relógio é indelicado,
pois os japoneses acreditam que o relógio simboliza a morte. Na França e em outros
países, palitar os dentes após as refeições é um ato grosseiro. Entretanto, na
Itália palitar os dentes após as refeições indica que a comida estava boa.
Se formos até uma aldeia do povo Xavante no Mato Grosso observaremos algo interessante, conforme narra Eugene A. Nida.
“Quando um rapaz já é considerado homem, apto para a vida sexual, ele começa o seu aprendizado sexual geralmente com uma cunhada e com ela tem uma vida sexual geralmente ativa, até o seu próprio casamento”.
Se formos até outros países em outros continentes é possível que encontremos diversidades ainda maiores. Comentando sobre Angola, um paísdo continente africano, o angolano Manuel Castanheira destaca aspectos interessantes do povo Mumuila.
Esse povo tem
características bem singulares em relação aos outros povos de Angola. Um
exemplo disso é o seu estranho costume de tomar banho com leite de vaca e
esterco. Quando eles vêm à cidade para trocar seus produtos chamam a atenção de
todos devido às suas vestimentas e cultura pouco conhecida.
Com certa freqüência, as diferenças encontradas entre os povos promovem preconceito e discriminação em vez de empatia. Entretanto, ao desembarcarmos em novo país ou ao iniciarmos contato com uma nova cultura precisamos ter humildade para observar e respeitar os costumes diferentes dos nossos.
FUNERAL
Ao observar
diferentes culturas percebemos uma variedade de procedimentos, também, no lque
se refere à maneira como os povos interpretam a morte e realizam rituais de
funeral.
Em Angola e em
Moçambique, por exemplo, o funeral é normalmente uma oportunidade para reunir
os familiares e os amigos ao redor da mesa. Quanto maior for o poder aquisitivo
da família que está organizando o funeral, maior o banquete que se oferece aos
convidados.
Em Ingore, Guiné Bissau, o momento também é observado em torno de uma refeição, mas o mais interessante é um comportamento demonstrado pelas mulheres:
O funeral aqui é chamado de
“choro”, e durante o período eles comem e bebem muito, sacrificam vacas e
cabras. Mas, o lque chama a atenção mesmo é a forma das mulheres demonstrarem o
seu sentimento pela perda dando cambalhotas.
A diversidade
entre os povos pode ser observada também pela maneira como indivíduos de uma
comunidade étnica interpretam a perda de um dos seus membros. A morte pode
representar o fim da existência, o início de uma nova vida ou mesmo a simples
passagem para o encontro com os ancestrais
Na concepção de diversas tribos quenianas é comum a crença de que o corpo do falecido deve ser enterrado na aldeia ou nas suas proximidades, a fim de que o espírito do morto proteja a comunidade. Também, em hipótese alguma se fala mal do morto, uma vez que o seu espírito, agora na condição de ancestral, habita ao redor. Todos temem ser retaliados pelo espírito do defunto.
Em Ayacucho no
Peru destaca-se a cerimônia e a compreensão local em relação ao defunto:
Quando uma
pessoa morre, por 5 dias a família faz uma espécie de velório sem a presença do
corpo.Eles relembram a presença do morto como, por exemplo, pondo suas roupas
sobre a mesa, rodeada de velas, para serem veladas como se o corpo
verdadeiramente continuasse ali. O detalhe é que familiares e convidados
auxiliam os familiares do finado durante os 5 dias. O costume é mantido porque,
de acordo com a tradição, no 5º dia o morto volta...
No Marrocos boa parte do que acontece no ritual de
funeral é baseado nas tradições islâmicas. Um aspecto interessante é que lá, ao
observar o luto do marido, em vez do preto a viúva se veste toda de branco. Ela
observa essa prática ao longo de 4 meses e 10 dias e somente depois desse
período é que ela pode voltar a pensar em se casar novamente.
Evitar sentimentos de superioridade cultural é o
caminho mais seguro para estabelecermos relacionamentos verdadeiros e anunciarmos
a mensagem do evangelho de Cristo através das nossas atitudes.
Observando as diversas culturas do mundo, vemos que cada povo tem sua
própria idéia a respeito de um assunto qualquer. Cada povo considera sua idéia
como universal e a única correta. Tomemos como exemplo a maneira de se vestir.
Muitas vezes uma determinada vestimenta que, para um povo, encaixa-se
totalmente nos seus conceitos de modéstia, para outro povo é totalmente
escandalosa. Seria uma coisa rara ver uma mulher sem meia fina num culto de
qualquer igreja nos Estados Unidos. Mas, aqui no Brasil, isso não é necessário.
Por outro lado, nós, como brasileiros, acharíamos muito estranho alguém
participar de um culto usando chapéu, o que no Haiti é um costume absolutamente
normal.
No Zaire, África, entre a tribo dos ngbakas, os presbíteros da igreja se
recusaram a aceitar a exigência dos missionários de que as suas esposas usassem
blusas na igreja. Algum tempo depois, os missionários descobriram que naquela
aldeia somente as prostitutas usavam blusas, pois só elas tinham dinheiro para
comprar roupas melhores.
Outro exemplo: — e há muitos — na ilha de Yap, os chefes da aldeia
exigiram que as mulheres usassem saias até aos pés. Para eles, é chocante uma
mulher mostrar qualquer parte das pernas, e uma brasileira que lá fosse com sua
saia só até o joelho causaria muitos comentários!
Há muitas diferenças também nas atitudes dos povos em relação ao ato de
amamentar os nenês. No Brasil, é aceitável a mãe descobrir o peito e dar de
mamar em quase qualquer lugar. Nos Estados Unidos, isso não é aceitável. Em
outros lugares, isso não é uma preocupação, porque as mulheres nunca cobrem o
peito, e cada nenê tem fácil e imediato acesso às suas "refeições"!
Além da maneira de se vestir, há muitos outros costumes que variam de povo
para povo. Um missionário nas Filipinas ficou zangado quando, ao receber
algumas visitas, estas limparam, com os seus lenços, as cadeiras onde iam se
sentar. Depois, à mesa, fizeram a mesma coisa com os pratos e os talheres. Para
o missionário, aquilo era um grande insulto à capacidade da sua esposa de limpar
a casa e lavar as louças! Mas, na realidade, a reação do missionário foi
errada, pois aquelas atitudes demonstravam boas maneiras, segundo o costume
daquele povo.
Nós pensamos que nossos costumes é que são certos, e rimo-nos dos costumes
dos outros. É esquisito ver um chefe africano vestido orgulhosamente duma capa
de frio que ganhou, onde o clima é sempre quente. Mas não achamos esquisito
quando, num dia de muito calor, um pastor prega numa de nossas igrejas vestido
de paletó e gravata — e suando muito!
Nossos costumes em outras partes do mundo podem ser considerados ridículos
e engraçados. Certa vez, um casal de missionários estava trabalhando com uma
tribo de índios que costumavam pintar seus corpos e não usavam nenhuma roupa.
Mesmo assim, a esposa do missionário achava que as bermudas do marido eram
curtas demais. Imediatamente, emendou nelas três dedos de renda cor-de-rosa
para cobrir-lhe os joelhos expostos.
Certa missionária recebeu uma carta de sua irmã que morava nos Estados
Unidos, perguntando-lhe: "Você tem ensinado a doutrina das roupas
santificadas?" A missionária respondeu: "Minha querida irmã, teremos
sorte, se, pelo menos, o povo daqui usar alguma roupa!"
Se não entendermos as razões de determinados costumes, não poderemos
apreciá-los e muito menos aceitá-los. Por exemplo, na Tailândia, as mulheres
não podem ocupar quartos do primeiro andar do hospital e os homens do térreo;
isso significaria que as mulheres são superiores aos homens — coisa inaceitável
naquela cultura. Também naquele país não se pode cruzar as pernas e mostrar a
planta do pé para alguém; isso seria um grande insulto. Engraçado? Não! Apenas
diferente para nós, mas com significado para eles.
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