A NATUREZA VOCACIONAL DA IGREJA



“Pede-me, e eu te darei as nações por herança,
e os fins da terra por tua possessão”
, Salmo 2: 8.

Evangelizar nossa cidade, nossos vizinhos, nossa nação, os povos da Janela 10 x 40 - os mais de 3 bilhões de pessoas dos países chamados de Cinturão de Ferro - que vivem em uma faixa que se estende da África Ocidental até o leste da Ásia, entre 10 e 40 graus ao norte da linha do Equador; re-cristianizar a Europa e levar o evangelho aos povos dos três grandes blocos compostos pelos muçulmanos, hinduístas e budistas é o grande desafio da Igreja na atualidade. Diante desses e outros desafios, a Igreja não pode se calar, Lc 19: 40.

Portanto, pregar o evangelho é a vocação da Igreja. O mundo só conhecerá a Cristo quando o povo de Deus conscientizar-se de que missões é uma tarefa urgente e urgentíssima. Este fator se explica por algumas características de sua vocação missionária. E refletir sobre os pontos relevantes dessa vocação, com vistas a repensar, direcionar e adequar os programas da igreja local a este trabalho (missões) seria o maior desafio do momento.

 Vocação divina
A natureza da Igreja é divina e missionária. Deus a elegeu para que os perdidos conheçam a Jesus e sejam salvos. Sua vocação está demarcada pelos princípios da Palavra de Deus. Quer dizer: Sua missão neste mundo é a realidade essencial de sua existência na terra, pois ela existe, exclusivamente, para adorar e servir a Deus, Mt 4: 11.

À igreja compete levar a preciosa semente a todas as nações ou etnias, Mt 28: 18-20, Mc 16: 15 e At 1: 8. Portanto, é preciso considerar que a evangelização local e mundial ainda é o âmago da vocação/ missão da igreja. Ela é a própria razão de ser da igreja. Sua missão é compensadora, pois o próprio Deus está no comando. Não se trata de uma incumbência eclesiástica e institucional, mas uma realidade fundamental de nossa vida.

Fazer missões não é tarefa imposta às agências missionárias, pelo contrário, é uma vocação/missão dada primeiramente à igreja local, At 8: 4. A Igreja de Antioquia reconheceu esta verdade, ao enviar os primeiros missionários, At 13: 1-3. As agências de missões são parceiras das igrejas. Por isso, a igreja deve caminhar por este mundo, cumprindo seu papel de ser sal da terra e luz para todos os povos. 

 Vocação atemporal
A vocação da igreja, no sentido de fazer missões ou transpor as barreiras geográficas, sociais e culturais perpassa o tempo de sua existência, ou seja, começa com a promessa implícita no plano de Deus para a redenção da humanidade, registrada em Gênesis: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a sua descendência e o seu descendente; este te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”, 3: 15.

Este texto é uma profecia do conflito espiritual entre Jesus (semente da mulher) e Satanás e seus demônios (semente da serpente). Os estudiosos chamam esta passagem de proto-evangelho, porque é a primeira referência bíblica alusiva ao nascimento, morte, crucificação e vitória de Jesus sobre Satanás, sobre o pecado e sobre a morte para salvar o perdido, Lc 19: 10.

É o prenúncio do evangelho a ser pregado aos povos. É o discurso de Deus sobre missões. Em Gênesis 12, temos um novo capítulo na revelação do AT sobre o propósito divino de redimir e salvar humanidade, por meio da chamada de Abraão. Da família de Abraão surgiria uma nação escolhida - Israel, para que os outros povos conhecessem a Deus.

Dessa grande nação viria Jesus, da descendência de Davi, o Salvador do mundo, em cumprimento à profecia de Gn 3: 15. Dessa forma, Abraão cumpriu cabalmente a sua missão; Israel, por sua vez, foi instrumento de Deus no palco da vinda de Jesus a este mundo, e os profetas tiveram participação especial nesse grande empreendimento.

O tempo passou e as profecias se cumpriram. A missão continuou com a Igreja Primitiva, que legou à igreja da atualidade a continuidade da vocação/missão - de pregar as boas-novas a todos os povos da terra.

 Vocação holística
Por fim, parece soar estranho dizer que a vocação/missão da igreja é holística. Isto quer dizer que ela tem necessidade, dentro de suas pretensões como agência do Reino de Deus, de buscar um entendimento integral do ser humano. Precisa ver o homem no seu todo. Este é um fator preponderante em missões. Todavia, a igreja, ainda, não assimilou a necessidade de um envolvimento total no que diz respeito à evangelização do mundo.

O seu chamado não pode ser dicotômico, ou estar voltado apenas para a alma do ser humano, mas sua missão tem de estar voltada para o homem total (corpo e alma), isto é, um trabalho capaz de atingir as emoções (coração), o espírito (alma), a razão (entendimento) e força (vontade).  Somente assim o pecador arrependido e salvo poderá amar a Deus, Mc 12: 30.

O papel da igreja não se resume apenas ao aspecto religioso/espiritual, mas precisa ser sociopolítico. Como sal da terra e luz do mundo, ela existe para fazer a diferença nos diversos setores da sociedade em que está inserida, principalmente no socorro aos menos favorecidos. 

É sabido de todos que a injustiça social, que está patente aos nossos olhos e que a igreja tem se afastado ou passado de largo, como fizeram o sacerdote e o levita, na parábola do Bom Samaritano contada por Jesus, Lc 10: 25-37, é uma afronta à imagem e semelhança de Deus. Neste aspecto, devemos reconhecer nossa omissão diante de Deus e repensar nossas metodologias, projetos e alvos preestabelecidos.

De modo enfático, queremos salientar que missões se fazem a partir das igrejas locais. É tarefa de sua inteira responsabilidade. Que nenhuma delas se esquive de sua vocação/missão. Dessa forma, estaremos prontos para pedir as nações (os povos) por herança e os fins da terra por possessão. E toda a terra encherá do conhecimento da glória do Senhor, Hc 2: 14.

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