PARADIGMAS FUNDAMENTAIS NA VIDA DO MISSIONÁRIO



Quando ouvimos uma mensagem desafiadora para a obra missionária num culto em nossas igrejas, aqueles que entendem que o comissionamento de Cristo é direcionado para todo salvo, tem seus corações aquecidos e são logo confrontados e desafiados a se envolverem imediatamente na pregação do evangelho.

Antes de qualquer coisa, vale salientar que todos os crentes são chamados como anunciadores dessa mensagem de salvação, contudo, não resta dúvida, que dentre o todo da igreja de Cristo, ele mesmo, chama alguns especificamente para desenvolverem obras específicas em certos locais direcionado pelo próprio dono da seara.

A esses nós chamamos de missionários, os enviados pela igreja, ou agências, ou por juntas missionárias aos campos e em alguns casos, até mesmo por conta própria,  (Desde que esteja ligado a uma Igreja).

A proposta dessa apostila é alertar os vocacionados sobre algumas questões essenciais no envolvimento da pregação do evangelho, que não basta apenas ter boa vontade, ou mesmo, dedicação e prontidão em se dispor, abrindo mão da sua própria vida por amor a Cristo. Sabemos que isso é importante e deve existir na vida daqueles que se dispõem, contudo, não pode parar por aí, devendo-se levar em consideração diversos outros fatores que são essenciais para o envio, o sustento, a permanência do obreiro e sua família, quando for o caso, permanência essa com saúde física e espiritual e a qualidade do trabalho em si, para que os frutos surjam e permaneçam.

Portanto, visando contribuir nesse processo como um todo, buscou-se destacar diversas dicas, orientação para todos aqueles que ouviram a doce vós do Espírito Santo ao conceder a graça imensurável de sermos coparticipantes nessa sublime obra.

O CHAMADO MISSIONÁRIO

Quando se fala em evangelização global, pensa-se em pessoas chamadas especificamente para desenvolver tal obra, embora reconheçamos que Deus chama pessoas para realizarem trabalhos específicos em determinados lugares, não podemos desconsiderar que pesa sobre todos os cristãos a responsabilidade pela divulgação da mensagem, pois, Deus enquadra todos numa mesma ética missionária, somos chamados para servir conforme os talentos e dons que ele em sua graça, nos concede. (1 Pe. 4.10-11).  Portanto o Senhor nos dota de habilidades para melhor o servirmos em sua obra, e para isso, todos precisamos ter um coração e atitudes de servo de Deus.

A consciência do chamado precisa ser clara, humilde e objetiva em relação aos dons próprios a ele concedido. Em Rm 12.3-8 observa-se que os missionários devem conhecer seu potencial e limites a fim de terem plena convicção da tarefa que podem desempenhar.

Como dito antes, o chamado para servir é prerrogativa de todos no Reino, mas é possível se apresentar com um chamado específico tanto para uma missão em especial, quanto para um povo em particular (Êx 3.1-16; Jr 1.1-12; At 9.15; 13.1-3).

O chamado, no que se refere àquele específico em Deus direcionar para alguma tarefa, e uma experiência pessoal e intima. Mas normalmente o Senhor usa situações comuns, como utilizando seus outros servos de veículos comunicadores de sua vontade para o dito vocacionado, referindo-se àquele que tem um chamado para executar uma obra específica. (At 16.1-5; 1Tm 4.14; 2Tm 1.6).

A IDENTIFICAÇÃO DE UM VOCACIONADO

O chamado para servir pressupõe alguns requisitos, tais como espiritualidade, ética e ministério que revele um coração de servo na perseverante atitude de imitar o Mestre, o qual  se esvaziou a si mesmo e, assumiu a forma de Servo (Fp 2.5-11).

O futuro missionário transcultural deve mostrar, durante um tempo razoável, sua disposição de servir a Cristo em meio aos irmãos de uma comunidade local (Igreja Local enviadora), tornando visíveis seus dons  e capacidades e obtendo, portanto, um bom testemunho de todos.

Ele deve possibilitar à comunidade, o corpo de Cristo local, a chance de ver com seus próprios olhos o que ele faz e ensina ser exatamente aquilo que ele é como pessoa e seguidor do Senhor (2Co 8.18,22; 3Jo 12).

Há situações onde o vocacionado mesmo se envolvendo na comunidade local não é reconhecido como um separado para uma obra especifica, e isso se dá devido em alguns casos: a Lideranças sem visão missionária, que impedem que o missionário avance em seu chamado.

Neste caso a única atitude é orar, orar para que a igreja se abra para a visão missionária e, depois, procurar uma comunidade onde possa servir a Cristo com liberdade e anda ter seu chamado reconhecido. Jesus, no início do seu ministério, também não foi reconhecido nem por aqueles que estavam com ele (íntimos). Paulo, o apóstolo, só foi aceito pela igreja de Jerusalém depois de um grande esforço de Barnabé. Certamente, alguns, após o chamado, ficarão fragilizados, assim como foi com Jeremias e precisarão de encorajamento dos mais maduros e experientes. (Mc 3.21; At 9.26-30).

            A PREPARAÇÃO ACADÊMICA E A PRÁTICA

            A consciência de um chamado missionário específico não invalida ou descarta a necessidade de estudo, treinamento e aprendizado formal. Missionários precisam ter intimidade com a Palavra de Deus e suas doutrinas inegociáveis, atestadas pela igreja universal nestes dois mil anos de história do cristianismo (1 Tm 1.10; 2Tm 3.10; 4.3).

            Ele precisa saber manusear sabiamente a Escritura Sagrada, e poder responder a qualquer instante a razão de sua fé (1 Tm 4.13; 1Pe. 3.15).

            Ainda faz-se indispensável um conhecimento abrangente das principais religiões e tendências teológicas do nosso tempo, tanto a nível nacional e mundial. De certa forma, este conhecimento pressupõe conhecer e identificar as estratégias de Satanás, principalmente no momento histórico em que ele (a), como missionário vai exercer seu ministério, Paulo utilizava bem este conhecimento em seu trabalho missionário (2Co 2.5-11; Gl 4.1-11; Ef 6.10-20; At 17. 16-31; 23. 1-10).

            Um bom preparo teológico e missiológico possibilitarão uma base sólida para o exercício da missão, contudo não significa necessariamente ter um curso de Bacharel em teologia, mas ao menos, uns dois anos de estudos intensivos de qualidade. Como complementação ou em paralelo, uma preparação em lingüística e o aprendizado da língua inglesa se ornará indispensável à missão transcultural.

            A leitura de livros devocionais e teológicos que atualizem seu conhecimento do pensamento teológico em  voga, uma continua alimentação espiritual advinda de mensagem, pregações, conferências e simpósios, tanto sobre missões como sobre a vida com Deus, proporcionarão um discipulado com crescimento fortificado, se tornando também parte essencial à sua formação (1Tm 4.1-16).

            Em termos práticos, além do sólido desempenho ministerial no corpo local, pequenas iniciativas em projetos missionários de curto período, conectados com a futura missão serão de extrema valia. É possível que, nessa busca de conhecimento, alguns se surpreendam  com o NÃO CHAMADO, ou seja, percebam através da prática desempenhada nesses projetos que seus potenciais não estão de acordo com o ministério pretendido ou almejado ou até, não possuem condições de deixar tudo para o serviço missionário. Nesse caso, a síndrome de Marcos poderá ser evitada (At 13. 13-15), no entanto, tal descoberta não obrigatoriamente invalidará um futuro envolvimento com aquele chamado (At 15. 36-41; 2Tm 4.11).

            Dentro do âmbito da preparação prática, experiências transculturais básicas serão muito úteis, principalmente se forem experimentadas em equipe. O empírico traz maturidade emocional e espiritual (At. 13. 1-3).


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