ERA DAS MISSÕES - PARTE 1
TEXTO
BASE: Mateus28:18-20
Por
muito tempo as igrejas protestantes ficaram focadas com os desafios e os novos
rumos da Europa. Missões não era o foco da Igreja, e muito do trabalho
evangelístico realizado até então não era intencional, como por exemplo, os
imigrantes oriundos de países protestantes, que ao desbravar e explorar suas
colônias (nas Américas, África e Ásia), comunicava a sua fé através da cultura que
apresentavam ou impunham aos moradores locais.
Nesta
lição vamos estudar como esse espírito começou a mudar na Igreja Protestante, e
o que ocorreu para que uma preocupação com a urgência na evangelização de povos
não alcançados pelo evangelho sobreviesse sobre as igrejas, proliferando assim
as agências e sociedades missionárias para cumprir essa tarefa dada por Jesus
aos seus discípulos.
MISSÕES
MORÁVIA
Com
o seu zelo por Cristo, os irmãos morávios escreveram uma das páginas mais
nobres das missões cristãs em todos os tempos.
Nenhum
grupo protestante teve maior consciência do dever missionário e nenhum
demonstrou tamanha consagração a esse serviço em proporção ao número de seus
membros. Seu grande líder inicial e incentivador na obra missionária foi o
piedoso conde alemão Nikolaus Ludwig Von Zinzendorf (1700-1760).
Numa
viagem a Copenhague para assistir a coroação do rei dinamarquês Cristiano VI, o
conde Zinzendorf conheceu alguns nativos
das Índias Ocidentais e da Groenlândia. Regressou a Herrnhut, na Saxônia, a
sede do movimento, cheio de fervor missionário e, em conseqüência disso, dois
obreiros, Leonhard Dober
e David Nitschmann, iniciaram uma missão aos escravos africanos
em Saint Thomas, nas Ilhas Virgens, em 1732. Christian David e outros
missionários foram para a Groenlândia no ano seguinte.
Em
1734, um grupo liderado por August Gottlieb Spangenberg (1704-1792)
começou a trabalhar na Geórgia, no sul dos futuros Estados
Unidos.
No Natal de 1741, o próprio Zinzendorf visitou a América e deu o nome
de Bethlehem (Belém) à colônia que os morávios da Geórgia estavam criando mais
ao norte, na Pensilvânia. Essa cidade se tornaria a sede americana do movimento.
O
mais famoso missionário morávio aos índios norte-americanos foi David
Zeisberger (1721-1808), que trabalhou entre os creeks da Geórgia a partir de
1740 e entre os iroqueses desde 1743 até a sua morte.
Herrnhut,
na Alemanha, tornou-se um vigoroso centro de atividade missionária, iniciando
missões no Suriname, Costa do Ouro, África do Sul, Argélia, Guiana, Jamaica,
Antigua e outros locais. Em 1748, foi iniciada uma missão aos judeus em
Amsterdã.
Até
1760, o ano da morte de Zinzendorf, os morávios haviam enviado 226 missionários
a dez países e cerca de 3.000 mil conversos tinham sido batizados. Outros
locais alcançados posteriormente foram o Egito, Labrador, Espanha, Ceilão,
Romênia e Constantinopla.
Em
1832, havia 42 estações missionárias morávias ao redor do mundo. Os nomes dos
primeiros campos missionários mostram uma característica do trabalho morávio:
em geral eram locais difíceis e inóspitos, exigindo uma paciência e dedicação
toda especial,
traço que até hoje caracteriza o trabalho missionário desse grupo.
Uma
reunião de oração excepcional O renascimento da igreja morávia, em maio de
1727, havia resultado em grande parte de uma forte ênfase na oração. Nos meses
seguintes, um espírito de oração tomou conta da pequena comunidade evangélica.
No dia 27 de agosto daquele ano, 24 homens e 24 mulheres comprometeram-se a
orar uma hora por dia de forma seqüencial, de modo que sempre houve alguém
orando por missões.
Essa
“vigília de oração” sensibilizou Zinzendorf e a comunidade morávia a tentarem
alcançar outros para Cristo. Seis meses após o início da vigília, o conde
desafiou os companheiros a evangelizarem as Índias Ocidentais, a Groenlândia, a
Turquia e a Lapônia. No dia seguinte, 26 morávios se ofereceram como voluntários
para as missões mundiais, aonde quer que Deus quisesse levá-los.
A
vigília de oração prosseguiu sem interrupção, vinte e quatro horas por dia,
durante mais de 100 anos. Em 1792, sessenta e cinco anos após o início da
vigília, a pequena comunidade morávia havia enviado 300 missionários até os
confins da terra.
A
TEORIA DE MISSÕES DE ZINZENDORF
Zinzendorf
estabeleceu alguns princípios que deveriam nortear atividade missionária dos
morávios. Eles são os seguintes:
∙ Busquem
os primeiros frutos. Zinzendorf dizia aos voluntários que partiam de Herrnhut:
“Não
tenham como alvo a conversão de nações inteiras. Simplesmente procurem pessoas
interessadas pela verdade, que, como o eunuco etíope, pareçam prontas para abraçar
o evangelho” (ver Atos 8.27-28).
Assim,
os missionários morávios não saíam para o campo com expectativas exageradas.
Isso
os capacitava a enfrentar muitas situações em que os frutos surgiam lentamente,
mas também lhes proporcionava profunda alegria quando grandes números de
pessoas estavam prontas para abraçar a Cristo. Associada a isso estava a sua
dependência do Espírito Santo, que, como o verdadeiro evangelista, os
conduziria a almas como Cornélio ou o eunuco.
∙ Preguem
a Cristo. “Em segundo lugar”, instruía Zinzendorf, “vocês devem ser objetivos e
falar-lhes sobre a vida e a morte de Cristo”.
Alguns
missionários haviam ido para culturas pagãs e tinham tentado em vão ensinar
teologia ou começar com verdades sobre Deus. Zinzendorf partia do pressuposto
de que os pagãos já sabiam sobre Deus, mas precisavam conhecer sobre o
Salvador, especialmente seus sofrimentos sobre a cruz.
∙ Vão
para os povos esquecidos. As primeiras pessoas buscadas pelos morávios foram os
escravos negros. Nos anos seguintes eles foram para os leprosos, os esquimós,
os índios, os africanos, e parecem ter sido os primeiros a buscarem
sistematicamente a conversão dos judeus.
∙ Pelo
reino de Cristo. Os morávios têm buscado aumentar o reino de Cristo, e não a
sua própria expansão denominacional.
Inúmeras
sociedades de cristãos zelosos das igrejas tradicionais da Europa eda
Inglaterra oraram, contribuíram e forneceram voluntários para a causa
missionária mundial dos morávios no século 18.
∙ Sejam
auto-sustentados. Hutton observou que, na missão das Índias Ocidentais, “por
mais de cem anos ninguém recebeu um centavo da Igreja Morávia por seus
serviços; cada um... primeiro tinha de ganhar o seu próprio sustento”. Essa
política era seguida em toda parte. Na década de 1750, uma carta do Suriname
dizia: “O irmão Kam está colhendo café; o irmão Wenzel conserta sapatos; o irmão
Schmidt está fazendo uma roupa para um freguês”.
Com
seu heroísmo, apego às Escrituras e consagração a Deus, os irmãos morávios,
embora pouco numerosos, exerceram uma forte influência espiritual sobre outros
grupos e movimentos protestantes, especialmente na Inglaterra.
A
convivência com alguns morávios causou profundo impacto em João Wesley e
contribuiu para a sua conversão e o surgimento do metodismo. William Carey, o
pioneiro das missões batistas, os admirava grandemente e apelou para o seu
exemplo de obediência.
Eles
também inspiraram a criação de duas das primeiras agências protestantes de
missões – a Sociedade Missionária de Londres (1795) e a Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira (1804).
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