RELACIONAMENTO EM EQUIPES MISSIONÁRIAS
Fala-se
muito sobre problemas relacionais e equipes missionárias. Até que ponto a
origem é de cunho psicológico, de
personalidade ou imaturidade?
Os
problemas relacionais podem ser originados na dificuldade que alguém tenha em
se aceitar como é, gerando insegurança em si mesmo e nos outros. Podem ser
originados também a partir do desconhecimento das variáveis da comunicação
significativa. O desconhecimento das próprias reações, forças e fraquezas é
fonte geradora de conflitos.
Quando
me aceito, passo a me conhecer e saber os aspectos da comunicação, posso
inclusive flexibilizar meu ponto de vista para ponderar sobre a percepção do
outro.
* Todo encontro humano é um
relacionamento, mesmo durante um curto período de tempo. O ponto de vista
talvez seja a maior fonte de apego que temos e que gera problemas e conflitos
relacionais.
Sempre
pensamos: – o meu entendimento sobre este assunto é o certo, todos os outros
estão errados. De certa forma, a nossa forma de entender e perceber a nós
mesmos, aos outros e às situações da vida fazem parte da nossa maneira de ser no mundo. Esta parece ser a
atitude mais comum que as pessoas levam para um relacionamento: “como o meu
ponto de vista é o certo, o outro precisa mudar seu caminho, porque eu vou
seguir no meu. E, se num gesto de extrema bondade, eu ceder e mudar o meu
caminho, o outro vai ficar me devendo!”.
*
Mas, em qualquer relacionamento são necessários ajustes, para que possamos
conviver melhor. Saber o momento de abrir mão do próprio ponto de vista para
aceitar o do outro tem sido considerado sinal de fraqueza, quando, na verdade,
é sinal de sabedoria.
Enxergar o mundo pelos olhos de
outra pessoa? Esse
é o treinamento do missionário! Ele aprende a entender a cosmovisão da cultura.
Requer dele o exercício de sair do próprio centro de referência e se doar por
um período de tempo relativamente curto para a possibilidade que o outro
apresenta.
*
Parece que os missionários são treinados para compreender e ter empatia com
outras culturas, mas não recebem treinamento para compreender o irmão que faz
parte de sua própria equipe, que tem opiniões diferentes das suas.
* Para que a compreensão ocorra, é
preciso existir um interesse verdadeiro no outro. Não interesse sexual ou
financeiro, mas interesse naquilo que o outro representa na sua vida ou que
possa representar. Interesse no mundo do outro. Esse exercício requer depor as
armas da inimizade e não encarar o outro como ameaça.
A
natureza da comunicação é composta por três elementos da análise:
1. A
pessoa que gera a comunicação significativa,
2.
A que recebe e gera nova comunicação: e
3.
A própria relação que se origina nessa confluência, a interação que surge.
Para
que a interação aconteça de forma simétrica, é importante esclarecer as regras.
As identidades que estão envolvidas no relacionamento nem sempre estão
integralmente transparentes. Talvez somente uma parte delas esteja. Os aspectos
de personalidade e identidade que são compartilhados se tornam transparentes
para a equipe.
* A tendência é aumentar a interação ou a
comunicação significativa à medida em que cada um torna-se mais autêntico,
coerente consigo mesmo em relação aos demais no sistema dos relacionamentos.
No
entanto, para que a comunicação cause uma interação significativa precisa
ativar um novo recurso que chamamos de feedback – ferramenta de retorno ao
emitente de uma nova mensagem relacionada com os efeitos da comunicação
inicial, gerando novas experiências a serem comunicadas. Para que seja eficaz,
porém, deve haver certa predisposição das pessoas que fazem parte do sistema
relacional.
A
dinâmica descrita contém quatro centros de força que armazenam o fluxo de
energia do sistema relacional:
* experiência, percepção, comunicação e
interação. Entre dois estímulos devem ser inseridos para gerar o movimento de
fluxo:
ü dar atenção à experiência para descobrir o
significado implícito envolvido e, assim, compartilhar, receber e dar feedback para promover
a interação; continuar dando atenção à nova experiência que surgir e acompanhar
continuamente esse movimento.
A
função do feedback é tornar a interação significativa.
Ele é a essência da atitude interpessoal que ajuda a melhorar a qualidade das
relações pessoais.
* Se duas pessoas não interagem, elas
nunca poderão ser amigas e é provável que adotem uma atitude ainda mais
interpessoal. Proximidade física aumenta a frequência de interação, levando à
polarização de atitudes interpessoais, as quais tendem a ser mais favoráveis do
que desfavoráveis.
A
necessidade de proximidade é o que faz com que os sistemas relacionais
dedicarem tempo e espaço para a comunicação interpessoal, para a manutenção e o
equilíbrio.
* A visão de interação, então, é a
confluência de comunicação significativa entre pessoas diferentes, é o formular
das próprias experiências uns com os outros. Essa interação pode ser positiva,
favorável ao encontro, ou negativa, gerando conflitos. Mesmo assim, se
for conflituoso o encontro, mais uma vez devem ser comunicadas as experiências
do conflito que formam a base para o aprofundamento do processo de
transformação do relacionamento.
Se
a interação é percebida como forma gratificante e satisfatória, você pode
iniciar uma reunião com a experiência relacional, sustentando e dando-lhe
significado, comunicando essa percepção com o envolvimento necessário,
recebendo e fornecendo o feedback e gerando, portanto, nova
interação. Além de, dessa forma, dirigir o movimento elíptico e comunicativo, a
partir da energia emocional.
* Se, no entanto, a interação é
percebida como negativa como o conflito, pode ser tentador se esconder ou fugir
dessa interação. Porém, a possibilidade de geração de novas influências
mútuas a partir de conflito proporciona uma grande esperança no processo de
sistema relacional.
* O mecanismo é o mesmo movimento circular
para enfrentar a experiência: perceber o seu significado, engajar-se novamente
para produzir uma comunicação significativa, receber e fornecer feedback para facilitar a interação e
começar a confiar que o novo movimento é capaz de transformar os conflitos em
encontro.
Uma
observação a se fazer é que nem todo feedback recebido gera efeitos
interativos. Algumas trocas comunicativas se tornam cerimoniais e evasivas. Se
alguém experienciar essa percepção poderá ter a liberdade de compartilhar seu
conhecimento no grupo.
Algumas
recomendações bíblicas que podem nos assegurar saúde emocional nos
relacionamentos intra e inter equipes são:
“Por isso deixai a
mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns
dos outros”. Efésios 4:25
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as
tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que
estes”.
Marcos 12:30-32.
“Nada façais por contenda ou por vanglória,
mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo”. Filipenses 2:3-4
Fontes:
Barceló, T. Focusing y Relaciones
Interpersonales. Curso de Inverno, BH, 2012
Sugestões de
leitura: “Pra não perder a alma” de Roseli Kuhnrich de
Oliveira.
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