A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO EM EQUIPE NA OBRA MISSIONÁRIA

 



FORMANDO UMA EQUIPE
 
Autora:  Monica de Mesquita



O texto bíblico em que mais me deleito quando se trata de questão “parceria igreja local & missionário” é o que se encontra no capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Filipenses:


“nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros” (v. 15).


O apóstolo aos gentios apresenta o paradigma perfeito de como funciona essa questão. São duas entidades – a igreja local e o missionário – que conjuntamente realizam um ministério. Ambas trabalhando arduamente para que o Reino de Deus seja engrandecido. Uma não está “pagando” para a outra trabalhar: elas estão realizando um projeto missionário em conjunto, cada uma em sua atribuição.


Quando o  missionário entender esse formato, ficará bem fácil se dedicar à formação da sua equipe de parceiros. Sua convicção, paixão e nível de comprometimento serão fatores determinantes quando estiver compartilhando seu projeto missionário e convidando alguém a participar dele. Não há mistério.


Se você tem convicção de que Deus o chamou para servir naquele ministério, esteja certo de que ele mesmo, de antemão, preparou uma equipe de pessoas e igrejas para o executarem com você.


Deus não é irresponsável. Ele jamais brincaria com a sua vida. O que cabe a você é encontrar essas pessoas e envolvê-las em seu ministério.


Entretanto, para que essa empreitada obtenha êxito, é preciso que você esteja muito bem preparado você deve saber o que vai dizer, deve ter informações precisas, deve estar pronto a responder perguntas e deve ter um bom material à disposição.


O primeiro passo é orar especificamente pela formação de sua equipe. Nesse ponto, sugiro que convide algumas pessoas bem chegadas, irmãos na fé, amigos fiéis com quem possam contar, para orarem junto com você. Não é muita gente: de 6 a 10 pessoas já seria ótimo. O importante é que sejam, de fato, pessoas de oração e comprometidas com você.


Num segundo momento, faça uma lista com os nomes de todas aquelas pessoas e igrejas com as quais você gostaria de entrar em contato. Ore por todas elas.


Podem ser pessoas e igrejas com as quais você se relaciona hoje, ou com quem se relacionou no passado. Essa lista pode ir aumentando com o passar do tempo.


Se for casado, faça a sua lista e peça a sua esposa que faça a dela em separado – depois devem juntá-las e certamente ficarão surpresos com alguns nomes que um se lembrou e o outro não.


Com a lista em mãos, decida qual a melhor maneira de se fazer um primeiro contato se pessoalmente, por carta ou telefone. O uso do telefone, a não ser em casos extremos, deve ser restrito a marcar um encontro ou a conseguir um endereço de correspondências.


É claro que se a pessoa mora em outro estado, ou até país, será muito difícil, num primeiro momento, fazer-lhe uma visita. Por isso, você deverá preparar com muito esmero uma carta que informe àquela pessoa sobre seu projeto missionário, e que lhe ofereça a oportunidade de participar.


Antes de continuar, faz-se necessário um importante – eu diria fundamental – esclarecimento: relacionamentos são a chave do sucesso! Veja bem, eu disse relacionamentos. O missionário não vai sair por aí, aleatoriamente, abordando desconhecidos e convidando-os a se envolverem no seu ministério. Não, Esse não é o caminho. Claro que Deus é soberano e haverá casos em que desconhecidos saberão de você e, por já terem sido preparados pelo Senhor, decidirão se envolver em seu ministério, mas essa não é a regra.


Esteja certo de que a partir de sólidos relacionamentos será construída uma sólida equipe. Você poderá ficar ANOS desenvolvendo determinado ministério, seja ele urbano rural ou transcultural e aqueles verdadeiros amigos que você cultivou estarão sempre como você. Na verdade, eles se sentirão parte de seu ministério.


É como se o sucesso ou o fracasso do seu ministério dependesse de cada um deles. No fim das contas, é assim mesmo que a coisa funciona.


Quando Paulo fala sobre dar e receber, ele nos ensina que cada uma das partes tem o seu papel. Quando ele usa o termo “ASSOCIAÇÃO”, deixa muito claro que haverá, no mínimo, duas partes.


Um ministério não será realizado solitariamente. Isso não é bíblico. Se você me mostrar, na Bíblia, um único caso em que alguém executou sozinho um ministério, darei minha mão à palmatória. Seja lá em Moisés, em Davi, com o próprio Jesus ou com Paulo, sempre houve o envolvimento de alguém. É assim que se faz a obra de Deus em conjunto.


Há missionários que ao iniciarem sua jornada  encontram um problema: conhecer poucas pessoas. Mesmo assim, devem estar certos de que Deus também sabe disso e será criativo ao formar aquela equipe. Uma boa estratégia, em casos assim é que ele solicite aos seus parceiros nomes de amigos que poderão ser contatados por ele.


Outra ação especifica seria contar com o apoio dos campeões. Quem seriam eles: Ainda não encontrei um termo bem apropriado no português para esse tipo de parceiro.


No contexto missionário norte-americano, o Champion é aquele que envolve outras pessoas com o missionário. É alguém que conhece bastante gente, organiza pequenos ou grandes eventos e apresenta o missionário às pessoas, abrindo portas para que ele aumente seu número de sócios no ministério. Na minha lista de tipos de contribuintes, apresentada no capítulo anterior, uma pessoa como essa eu chamei de “articulador”. Se o missionário tiver um Champion  em sua cidade natal e outros nas mais distintas cidades, certamente portas serão abertas e novos relacionamentos serão iniciados.


Quando o missionário se dedica seriamente à formação de sua equipe, pode ter uma grata surpresa após alguns meses, ao perceber como o Senhor dia a dia foi acrescentando nomes à sua lista. Em um determinado momento no nosso ministério, havia cerca de 400 pessoas e igrejas envolvidas.


Quando isso acontece, podem surgir alguns problemas. Não é nada bom, por exemplo, quando o missionário vai subscrever um envelope para enviar uma carta e ao ler certo nome em sua lista não tem a mínima idéia de quem se trata.


Ai... Isso não é mesmo nada bom! Em que parte do caminho se perdeu aquele princípio dos relacionamentos?  Apenas um nome? Onde está o rosto atrás daquele nome? Quem é essa pessoa afinal? Posso dar algumas dicas para que algo assim não aconteça. Uma prática que muito me ajudou foi a de classificar os nomes da minha lista.


Por exemplo, se determinada pessoa não me era íntima, a ponto de haver a possibilidade de um dia eu não me recordar dela, eu acrescentava aos dados básicos de cadastro algumas informações adicionais: “amiga do fulano”; “sobrinha de beltrano”; superintendente da Escola Dominical da Igreja “x”; “enfermeira que me atendeu no PS”; e por aí vai.


Outro bom costume é o de solicitar, de todos, uma fotografia. Nesse caso, você manterá um arquivo que pode ser de grande utilidade em algum momento. Claro que, além de dados desse tipo, você precisará obter os dados mais gerais: nome completo, sexo, endereço, estado civil, igreja a que pertence e-mail, data de nascimento e profissão.


Um arquivo completo assim pode ser uma grande bênção em várias ocasiões. Uma vez fui questionada sobre o porquê de se classificar a informação sobre o sexo da pessoa. Nada tão eficaz como a experiência...


Há alguns anos, escrevi uma cartinha para uma pessoa, em agradecimento a uma oferta enviada. Logo depois recebi dela uma carta, me informando que era “irmã Fulana” e não “irmão Fulano” como eu tinha colocado. (procurei um buraco para me enfiar, na hora, mas não achei). Essa pessoa tinha um nome que pode ser  atribuído a ambos os sexos, como por exemplo. Derli, Ceme, Juraci, Nadir, Darci, Dercy, Donizeti, Vanderci, Iris e outros mais.


Um aspecto precisa ser frisado quando alguém está em processo de formar sua equipe de sócios, um bom tempo deverá ser empregado nisso. Não adianta fugir se não investir tempo, não haverá retorno. Simples assim. E quando eu falo de tempo, quero dizer horas, dias, semanas, meses e anos! Não vou tentar dar um “jeitinho” para não espantar você. Não vou arrefecer, pois isso seria desleal da minha parte.


Algo que sempre digo aos meus alunos no começo do curso, e que já emocionei no primeiro capitula é:


Levantar sustento não implica interrupção do ministério, levantar sustento faz parte do próprio ministério, afinal sem sustento não poderá haver ministério”.


Para formar e manter a sua equipe, o missionário terá que participar de longas conversas, com várias pessoas e em locais variados. Ele deverá dar atenção genuína a essas pessoas para que seja ouvido e respeitado.


Por repetidas vezes, o missionário gastará um bom tempo falando sobre o seu chamado, justificando o porquê daquele povo ou país específico, dando informações detalhadas daquele campo... tudo isso sem contar o tempo empregado, por exemplo: no preparo do projeto na confecção de cartas, no deslocamento até as pessoas e igrejas, entre outros.


Além desses aspectos óbvios, o missionário deve estar atento a situações inesperadas, em que ao invés de ele compartilhar seu ministério com alguém,  como estava programado, ele acabará  exercendo o papel de conselheiro. Deve haver muita sensibilidade em ocasiões atípicas o mais importante é ser bênção na vida das pessoas, mesmo que isso signifique que o missionário “perdeu a viagem”. O compromisso original pode ser reagendado e no fim das contas o que houve mesmo foi o fortalecimento de uma amizade.


Nume determinada ocasião, quando eu e meu marido chegamos à residência de um casal para falarmos sobre o nosso ministério, percebemos que o “clima” entre eles não estava muito bom. Sem muito esforço, constatamos que eles haviam discutido e estavam chateados. De imediato procuramos identificar o problema e nos oferecemos para ajudar. Logo meu marido estava no banheiro com o rapaz, trocando o chuveiro que havia queimado – a esposa estava aflita porque ainda tinha que dar banho nas crianças – e eu fui para a cozinha ajudá-la com uma pilha de louça e com o preparo do jantar. Assim, conversamos e ela desabafou comigo, ao mesmo tempo em que os dois homens conversavam lá no banheiro. Naquele dia não pudemos falar sobre o nosso projeto ministerial, mas pudemos abençoar as vidas daqueles irmãos, além de termos sido abençoados também.

Um fator recorrente, e que merece uma menção neste capítulo, é o fato de que muitas vezes, de onde mais esperamos uma resposta positiva, recebemos um “não”. Parece que a pessoa não entendeu tudo do que dissemos. Podemos pensar: “Como ela pôde recusar sua participação nesse projeto comigo?” “Eu orei tanto por esse contato...” “Somos tão amigos!” “Não se surpreenda. Isso acontece. 


O importante é sermos sempre gratos a Deus em toda e qualquer situação. Se dizemos crer na soberania de Deus, já passa da hora, de colocarmos isso em prática, sem murmuração. De outro lado, às vezes recebemos todo apoio e interesse de onde menos esperamos.

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