O
DESAFIO DE ENCONTRAR RECURSOS PARA O TRABALHO MISSIONÁRIO
Autora: Monica Mesquita
(Veja link sobre como adquirir o livro da autora no final desta postagem).
--------------------------------------------///-----------------------------------
Algumas questões
sempre surgem quando o missionário está levantando seu sustento para ir ou
retornar ao campo. A filosofia referente
a sustento missionário que herdamos de irmãos como George Muller faz uma
dicotomia entre o sagrado – a oração, o estudo da Bíblia, uma vida piedosa – e
o profano – as questões financeiras, a arrecadação de fundo, o próprio
dinheiro. O primeiro estaria num patamar superior e o segundo, num inferior.
A postura de se
enxergar o ministério como algo espiritual e a angariação de fundos como algo
carnal precisa urgentemente ser desassociada.
Certa feita fomos à
capital federal visitar uma querida irmã, fiel mantenedora do nosso ministério
a qual não conhecíamos pessoalmente. Mensalmente ela enviava sua oferta que era
equivalente a mais ou menos 10% de sua pequena renda, que girava em torno de 1
salário mínimo.
Ao receber seu
salário, tirava seu dizimo para a igreja, separava sua oferta e nos enviava.
Chegando a sua casa, constatei a simplicidade em que vivia com seus filhos.
Elam, toda feliz e muito honrada em nos receber, ofereceu-nos um delicioso bolo
e ainda mandou a filha buscar um refrigerante. Conversamos, oramos,
testemunhamos e enfim chegou a hora de partir. Eu quase em lagrimas, após sair
da casa da irmã, falei com meu marido:
“Não podemos mais receber a oferta dela, é óbvio que sua renda mensal é menor
que a nossa!” Sabiamente, meu marido disse: “Quem somos nós para recusar uma
oferta que está sendo dada de todo coração ao Senhor?”
Outros exemplos foram
acumulando e, depois de algum tempo, pude perceber que a estratégia de Deus
difere da nossa em sua própria essência. Obviamente ele dá a seu povo – e isso
inclui aquela irmã do Distrito Federal – o imenso privilégio de contribuir para
sua obra, prometendo inclusive derramar seu inesgotável amor aos que forem
fiéis (2 Co 9.7).
UMA
CONFUSÃO DE SENTIMENTOS E CIFRAS
Para mim foi difícil estabelecer
alguns limites. Quando estávamos trabalhando com afinco no levantamento do
nosso sustento, surgiu uma nova pergunta. Será que devo esperar um retorno
financeiro de todas as pessoas e igrejas com as quais me relaciono ou vier a me
relacionar?
Como posso ser
autêntica bíblica e honesta nos meus relacionamentos?
Quando devo esperar um
envolvimento financeiro, quando um envolvimento de oração, quando de
informação, quando um de pura e genuína amizade?
Com excesso de zelo, o missionário pode cair em duas
armadilhas: não falar de sustento de jeito nenhum ou, então, falar de sustento
o tempo todo. É preciso que haja muito equilíbrio.
Aliás, equilíbrio é
uma das palavras-chave neste curso. Gosto de destacar cinco atitudes
indispensáveis na vida do missionário:
PERSEVERANÇA,
ORAÇÃO, MORDOMIA, EQUÍLIBRIO, SABEDORIA.
PERSEVERANÇA
– o missionário deve manter-se firme em seu propósito, fazendo a sua parte, na
certeza de que Deus fará o resto. “Por isso, não abram mão da confiança que
você têm , ela será ricamente recompensada. Você precisa perseverar de modo que
quando tiver feito a vontade de Deus, receba o que ele prometeu” (Hb 10. 35,36
– NVI).
ORAÇÃO
– orar para que Deus ministre nos corações para que ele mesmo providencie os
sócios daquele ministério.
MORDOMIA
– o missionário deve ser um bom mordomo em todas as áreas de sua vida e eu
destaco três delas: tempo, dinheiro e dons. É demorado o processo de se
formar uma boa e estável equipe, por isso deve haver uma boa mordomia do tempo.
É preciso muita responsabilidade no uso do dinheiro, afinal Deus tem usado
outras vidas para investirem naquele ministério e isso redunda em grande senso
de responsabilidade.
Por último, quando
Deus agracia um filho com um dom especial, este não pode ficar escondido, mas
deve estar a serviço do Reino.
AQUI ENTRA EM CENA UM
DOS PILARES DE QUALQUER MINISTÉRIO:
A PRESTAÇÃO DE CONTAS -
O missionário deve prestar contas a Deus, à missão da qual participa e às
pessoas que se associaram com ele no ministério. Essa prestação de contas deve
ser sadia, suficiente, verdadeira e sistemática.
EQUILIBRIO
– a formação de uma equipe de sócios em ministério exige um pleno equilíbrio
entre trabalho e fé. “Assim como o corpo sem espírito é morto, também a fé sem
obras é morta” (Tg. 2.26).
SABEDORIA
– Haverá momentos em que o missionário necessitará de muita sabedoria como, por
exemplo, ser sensível em relação à posição das igrejas no que diz respeito à visão missionária e como poderá
influenciar para que haja mudança quando for necessário.
Essas 5 atitudes devem
estar sempre presentes na vida de um missionário, inclusive quando o assunto
for “sustento”.
A despeito das
atribuições e responsabilidades concernentes à pessoa do missionário, faz-se
necessário desmistificar a velha história de que o missionário é alguém que tem
que sofrer muito, passar fome, contrair malária, morar no mato, vestir roupa
usada, andar a pé e viajar só de ônibus. Certa missionária, a quem muito
admiro, que desenvolve um profícuo ministério
e tem uma bela família, sofre de uma doença que aflige um grande número
de missionários a síndrome da justificação.
Quando me
encontrava com ela e dizia: “Que belo
vestido” Ele vinha logo com uma justificativa: “Veio numa caixa de roupas
usadas enviada pela minha igreja”. Se ia jantar na casa dela e elogiava a
refeição ela dizia: “Essa carne foi a mais barata que consegui encontrar no
mercado”. Haveria muitos outros exemplos e confesso que algumas vezes eu mesma
vivi atitudes semelhantes.
No início da década de 90 morávamos na zona rural, a
poucos quilômetros da sede da missão. Meu marido viajava muito e nossa filha
era muito pequena. Então, um belo dia, minha sogra resolveu presentear-nos com
um telefone celular, o que na época era ainda uma raridade naquela região. Eu
fiquei muito constrangida com a presença daquele novo “aparelho” em nossa casa.
Não havia a menor possibilidade de usá-lo publicamente.
Eu pensava, Afinal, o
que pensarão de nossos contribuintes? Ainda naquela época tínhamos um carro da
Chevrolet, um Monza 1984. Adquirimos esse carro nos primeiros anos de casados,
quando éramos ainda pequenos empresários na cidade de Goiânia/Goiás. Logo que
entramos na missão, principalmente quando começamos a formar nossa Equipe de
Sócios, entrei num neurótico e insistente processo de insistir com meu marido
que deveríamos vender aquele carro e comprar, quem sabe, uma velha “VW Brasília”.
Meu argumento era: Como pode um missionário andar por aí de Monza? O que as
pessoas dirão?
Enfim, com o passar
dos anos, aprendendo os conceitos bíblicos e adquirindo mais maturidade, pude
perceber que o missionário não é nenhum ser transcendental, não é alguém que
“vive de brisa”, não é menos digno que qualquer outra pessoa ou alguém que
necessite vestir uma máscara de coitadinho para obter o “favor” de quem quer
que seja. O missionário é aquele descrito com muita propriedade pelo apóstolo
Paulo, no capítulo 9 de 1 Coríntios como alguém que tem o direito de:
- comer e beber (v. 4)
- se casar (v. 5).
- descansar (v. 6)
- receber sustento
material da igreja (VV. 11, 13)
Se fizéssemos um exame
minucioso da extensão de cada um desses direitos, encontraríamos preciosidades
escondidas atrás de cada um.
O fator que merece
destaque aqui é: seja qual for a situação apresentada, deve-se voltar sempre
àqueles 5 aspectos perseverança, oração,
mordomia, equilíbrio e sabedoria. Numa constante busca dessas atitudes,
certamente o missionário desenvolverá um ministério pautado na mais genuína
ética cristã.
Em 1987, foi feita uma
pesquisa entre aproximadamente 2.500 angariadores de fundos evangélicos com o
intuito de enumerar os princípios éticos para obtenção de fundos nas
organizações cristãs.
Como resultado, foram
apontadas algumas práticas que continham possíveis questões éticas, diante
das quais os angariadores de recursos
deveriam se posicionar. Houve uma maior preocupação em externarem considerações
pragmáticas do que opiniões pautadas na Bíblia. Dentre as situações
apresentadas, destaco as seguintes:
Em relação à
realização de banquetes para os principais doadores – o grupo que se opôs a
essa prática mencionou Tiago 2. 1-9, que diz claramente que não deve haver
acepção de pessoas. O grupo favorável mencionou “honrar quem é digno de honra”.
·
OFERTA
DE PRÊMIOS COMO INCENTIVO – 1/3 dos
entrevistados usou essa prática no ano anterior e ¼ se opôs veementemente.
·
EXCESSO
DE CORRESPONDÊNCIAS – a grande maioria dos
entrevistados não vê problemas nessa prática. 90% deles enviam de uma a seis
cartas de apelo anualmente. Um dos problemas destacados foi o desgaste do
doador.
·
INFORMAÇÃO
FALSA – certos
angariadores enfatizam seus apelos numa pequena “faceta” do ministério por ser
a que mais produz respostas positivas. 86% abominaram essa prática.
·
ALIENAÇÃO
NO USO DE FUNDOS SEM NOTIFICAR O DOADOR – se algum
projeto alcança o suprimento necessário, a tendência é canalizar a verba para
outro fim. Os entrevistados foram quase unânimes em discordar dessa prática e
citaram muito 2 Coríntios 8. 20, 21.
·
DISTORÇÃO
DA VERDADE – em geral, o que não é dito pode ser
mais enganoso do que aquilo que é mencionado. Pode-se, por exemplo, mencionar o
ministério profícuo em determinada região sem mencionar a participação, efetiva
de uma outra organização. A maioria foi contrária a essa estratégia, oferecendo
mais de 50 passagens bíblicas como justificativa.
·
APELOS
EMOCIONAIS – podem ser
traduzidos por: ação manipuladora com o fim de encobrir a falta de razões
legitimas e racionais para alguém contribuir para uma causa, história
comovedora (tipo crianças famintas) sem o apoio de fatos subjacentes, exagero
sobre os resultados da contribuição.
É preciso lembrar que há o uso legítimo,
dado por Deus, da emoção em detrimento ao abuso da emoção. O apelo pode ser
totalmente verdadeiro e extremamente emocional ao mesmo tempo. Todos os
entrevistados reconhecem haver abusos por parte de algumas organizações.
“Todo angariador de
fundos precisa de uma forte base bíblica que sustente suas convicções. Deve,
ainda, desenvolver um método equilibrado de dependências de Deus além de percepção
de sua responsabilidade pessoal para com Deus”. (Linda A. Keener).
------------------------------------------------------------------
Siga o Link e adquira o Livro da Autora Monica Mesquita.
Saiba como arrecadar recursos para a Obra Missionária sem fugir aos princípios éticos.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele é muito importante para melhorarmos o nosso trabalho.
Obrigado pela visita, compartilhe e
Volte Sempre.