MISSIONÁRIOS & RECURSOS PARA A OBRA... PARTE 2

 


PROCEDENDO ADEQUADAMENTE

Monica de Mesquita


Há duas idéias paradoxais com relação a pessoa do missionário a primeira se apóia na afirmativa de que o missionário é um “santo” (com auréola e tudo), um ser especial, dotado de características espirituais inalcançáveis para um “simples mortal”. 

A  segunda diz que o missionário é aquele pobre coitado que não deu pra nada na vida e por isso decidiu ser missionário. Tanto um conceito quanto o outro está errado: entretanto, por várias vezes, os próprios missionários passam essa impressão – conscientemente ou não.

Numa das vezes em que ministrei o curso, deparei-me com um caso que poderia passar uma má impressão aos ouvintes, dependendo da forma como fosse exposto.

No curso temos muitas aulas práticas, nas quais realizamos ensaios, escrevemos cartas e simulamos encontros. É um tempo muito proveitoso e apreciado pelos alunos. 

Naquela ocasião, um jovem e novato missionário expôs seu testemunho, do qual relatarei um pequeno trecho. “Por vários anos, fui funcionário de uma grande indústria automobilística no ABC Paulista. Há alguns meses, houve um grande corte no quadro de funcionários e eu fui demitido. Depois disso resolvi ingressar na missão”. Após alguns minutos de conversa com Le, obtive mais informações sobre seu chamado e todo o processo que o conduziu para chegar a missão. Reescrevi  aquele trecho do seu testemunho da seguinte forma. 

Por vários anos fui funcionário de uma grande indústria automobilística no ABC Paulista, mas Deus tinha outros planos para minha vida. Com o passar do tempo, portas foram sendo abertas, outras fechadas, enfim entendi o plano de Deus e consagrei minha vida integralmente a este ministério. Hoje tenho o privilégio de servi-lo as habilidades que ele mesmo me concedeu. (Esse rapaz era mecânico de automóveis, se preparou durante alguns anos e hoje é mecânico de “aviões missionários”).

E então? Soou diferente aos seus ouvidos a forma como o testemunho foi contado? Creio que sim.

É bom que outras questões sejam observadas quando o missionário está formando sua Equipe de Sócios em Ministério:

·       De muitos locais de onde o missionário esperava receber apoio, a resposta será um NÃO ou um ESPERE. Curiosamente, o apoio, em muitas vezes, vem de onde menos o missionário espera. 

M Mesmo que a resposta seja negativa, não deve haver desânimo, pois o missionário pode estar sendo usado por Deus diante daquela pessoa ou igreja para um despertamento missionário. Além do mais, é recomendável manter contato por algum tempo através de cartas e visitas – quando possível – pois isso pode ser um estímulo para um futuro envolvimento. 

·  Um ponto importante é que em geral não são os ricos que contribuem para missões, por estarem tão envolvidos em tantas coisas, mas sim os mais pobres, idosos ou aposentados.

NO CASO DE APRESENTAÇÃO EM IGREJAS 

·  Sempre que o missionário for a uma igreja, o ideal é que converse antes com o pastor, para saber como funciona o sistema de contribuições naquele meio e se há liberdade para falar com os membros a respeito desse assunto.

·       No caso de uso de audiovisuais em igrejas, é preciso haver uma revisão continua do equipamento a ser usado: data show, laptop, retroprojetor, etc. O equipamento precisa ser previamente checado e é bom que haja sempre lâmpadas sobressalentes, fios de extensão, transformadores, lanternas, etc. Algumas vezes, inexplicavelmente, o arquivo que está em seu pen drive resolve não abrir bem na hora da apresentação, por isso tenha sempre à mão uma outra opção (você pode levar também um CD ou DVD.

·     Se for levar material impresso, o missionário deve se informar com antecedência sobre a média de participantes nos cultos. Isso evita que falte material ou que se leve material em excesso. 

·    Uma chave para o sucesso é chegar com bastante antecedência. Isso fará com que tenha tempo suficiente para preparar tudo e ainda ter um momento de oração antes do culto. 

·       Tão importante quanto chegar cedo é manter-se disponível após o culto para conversar com todos os interessados. É constrangedor quando um missionário “sai correndo” assim que termina a reunião.

 Se o missionário for casado, é muito bom que a família o acompanhe. A igreja gosta de conhecer a esposa e os filhos. 

·       Uma ferramenta quase que imprescindível é o que chamamos de “cartão missionário” ou “flder missionário”. Seria aquele impresso com a foto da família (ou pessoa), um resumo do chamado missionário e uma parte destacável com as opções de envolvimento. Há uma infinidade de modelos e sugestões. Escolha um que seja prático e facilmente assimilável. 

·  Após a participação naquela igreja, é recomendável que o missionário envie uma cartinha de agradecimento aos irmãos pela oportunidade concedida (se for com uma foto, melhor ainda). 

·       Durante alguns meses,  talvez por um ano, cada carta de oração ou carta circular que o missionário enviar à sua lista deve ser enviada àquela igreja também. 

AINDA COM RELAÇÃO ÀS IGREJAS, SEMPRE É BOM OBSERVARMOS: 

·       Em geral, demoram para conceder uma data ao missionário. O pastor precisa consultar à agenda e dependendo da igreja, já existem programações marcadas para o semestre ou o ano inteiro. Por isso, para planejar um período de divulgação o missionário deve começar a se organizar com bastante antecedência. 

·       Na maioria das vezes, as boas oportunidades com as igrejas acntecem aos domingos sejam na Escola Dominical ou no Culto (que pode ser matutino, vespertino ou noturno). 

·       O tempo de apresentação é bem resumido. Às vezes, o pastor ou responsável concede 10 ou 15 minutos. Hà casos de 5 minutos ou outros de meia hora. Enfim, a apresentação deve ser preparada de forma que o tempo seja aproveitado da melhor maneira possível. 

·   O uso de recursos audiovisuais é bem limitado. Talvez uma grande bandeira ou um grande mapa possam enriquecer a apresentação. Projeções de vídeos são recomendadas para a noite, pois, com a claridade, a qualidade fica muito prejudicada. No caso de DVD’s, daria para escrevermos um capítulo inteiro sobre isso. Convém, entretanto, lembrarmos que: 

·       Deve ter ótima qualidade de edição – tanto as imagens quanto o áudio. 

·    Deve ser breve (5 minutos seria um tempo bem adequado, 10 seria o máximo) .

·   E o mais importante: não adianta ter um ótimo filme sem o equipamento necessário para projetá-lo. Muitas igrejas ainda não têm esse equipamento. Além disso, o aluguel não é barato e não é qualquer pessoa que sabe manuseá-lo. De antemão (e por experiência própria1), sugiro que o missionário nem pense em usar um aparelho de TV e um de DVD na igreja, e não ser, é claro, que o templo seja bem pequenininho e com um grupo resumido de pessoas. Se insistir nesse erro, só quem estiver nas primeiras fileiras será beneficiado. 

·       Normalmente, na igreja, o missionário fala de uma vez só para um grande número de pessoas. 

·  A liderança demora um bom tempo para dar a resposta ao missionário – que pode ser um “sim” ou um “não” – pode levar meses. 

·       Os valores das contribuições das igrejas, na maioria das vezes, são baseados no salário mínimo vigente. ½ sm, 1 sm. 3 sm ou mais, dependendo do caso. 

·  O compromisso firmado quase sempre é anual, podendo ser renovado por muitos anos, ou não, isso depende de vários fatores. 

NO CASO DE ENCONTROS PESSOAIS 

·       São bem mais descontraídos e informais. 

·      As pessoas marcam o dia da visita com rapidez, às vezes, para a mesma semana ou até para o dia seguinte.

·   Qualquer dia da semana é bom para um encontro. Ainda há a facilidade de várias opções de horário.

·  Um encontro pode ser rápido, mas é raro. Geralmente o missionário fica mais de uma hora. (as vezes muito mais) com a pessoa ou família. 

·  O missionário pode usar álbuns de fotografia, objetos ou artesanatos provenientes do campo missionário. 

·       Um DVD assistido na sala de estar ou no escritório é uma ótima ferramenta. 

·    É claro que num encontro pessoal o missionário contacta um número bem menor de pessoas em cada vez. 

·    As respostas são rápidas. Normalmente no próprio encontro a pessoa diz se vai ou não se envolver com o missionário. 

·   Os valores das contribuições são menores. Eu soube de um estudo que classificava a oferta missionária média de um norte americano em 10 dólares. No Brasil ainda não há pesquisas suficientes. Uma missão brasileira que conheço fez um levantamento na década de 90 e classificou a média das ofertas pessoais em 30 reais. 

·       As pessoas, em geral, não determinam o tempo em que estarão ofertando para o missionário. O envolvimento pode durar meses, anos ou décadas. No meu caso, temos famílias que estão fielmente envolvidas desde 1992. Conheci um missionário, filho de missionários, que depois que seu pai se aposentou, passou a ser sustentado por grande parte dos mantenedores de seu pai. 

Missionários precisam compreender que é possível formar uma equipe que possibilitará seu envio e permanência no campo. É preciso também que se compreenda a importância de se manterem sensíveis e atentos aos costumes e ao sistema de cada igreja local, no lque concerne ao estilo litúrgico, aos horários das programações e a forma de contatar os membros de uma comunidade.

Um missionário pode abrir ou fechar uma porta – em caráter permanente – em uma igreja local, pela sua postura.

Certa feita, nós organizamos uma abençoada conferência missionária numa das igrejas em que trabalhamos. Uma das missionárias que convidamos para dar testemunho foi avisada que tinha 10 minutos para compartilhar com a igreja.

 Enfim, ela falou quase 40 minutos, a despeito dos sinais que fazíamos, deixando o pastor da igreja profundamente irritado. Após a conferência, ele comentou conosco que se dependesse dele aquela missionária jamais retornaria à sua igreja. Esse é um clássico exemplo do que um missionário NÃO DEVE FAZER.

Por outro lado, você pode estar certo de que o missionário que observa de maneira consciente e responsável as regras que lhe são apresentadas será sempre muito bem-vindo a determinada igreja.

 


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