BIOGRAFIA DO APÓSTOLO DA FÉ - (1805-1898) – PARTE FINAL
GEORGE MÜLLER
Ele
orava com noventa pessoas sentadas às mesas: "Senhor, olha para as
necessidades de teu servo..." Essa foi uma oração a que Deus
abundantemente respondeu. Antes de morrer, testificou que, pela fé, alimentava
2.000 órfãos, e nenhuma refeição se fez com atraso de mais de trinta minutos.
Muitas
pessoas perguntavam a Jorge Müller como conseguiria ele saber a vontade de Deus,
pois não fazia nada sem primeiro ter a certeza de ser da vontade do Senhor. Ele
respondia:
1)
"Procuro manter o coração em tal estado que ele não tenha qualquer vontade
própria no caso. De dez problemas, já temos a solução de nove, quando
conseguimos ter um coração entregue para fazer a vontade do Senhor, seja essa
qual for. Quando chegamos verdadeiramente a tal ponto, estamos, quase sempre,
perto de saber qual é a sua vontade.
2)
"Tenho o coração entregue para fazer a vontade do Senhor, não deixo o
resultado ao mero sentimento ou a uma simples impressão. Se o faço, fico
sujeito a grandes enganos.
3)
"Procuro a vontade do Espírito de Deus por meio da sua Palavra. É
essencial que o Espírito e a Palavra acompanhem um ao outro. Se eu olhar para
o Espírito, sem a Palavra, fico sujeito, também, a grandes ilusões.
4)
"Depois considero as circunstâncias providenciais. Essas, ao lado da
Palavra de Deus e do seu Espírito, indicam claramente a sua vontade.
5)
"Peço a Deus em oração que me revele sua própria vontade.
6)
"Assim, depois de orar a Deus, estudar a Palavra e refletir, chego à
melhor resolução deliberada que posso com a minha capacidade e conhecimento; se
eu continuar a sentir paz, no caso, depois de duas ou três petições mais, sigo
conforme essa direção. Nos casos mínimos e nas transações da maior
responsabilidade, sempre acho esse método eficiente".Jorge Müller, três
anos antes da sua morte, escreveu: "Não me lembro, em toda a minha vida de
crente, num período de 69 anos, de que eu jamais buscasse, sinceramente
e com paciência, saber a vontade de Deus pelo ensinamento do
Espírito Santo por intermédio da Palavra de Deus, e que não fosse
guiado certo. Se me faltava, porém, sinceramente de
coração e pureza perante Deus, ou se eu não olhava para Deus,
com paciência pela direção, ou se eu preferia o conselho
do próximo ao da Palavra do Deus vivo, então errava
gravemente".
Sua
confiança no "Pai dos órfãos" era tal, que nem uma só vez recusou
aceitar crianças no orfanato. Quando lhe perguntavam porque assumira o encargo
do orfanato, respondeu que não fora apenas para alimentar os órfãos material e
espiritualmente, mas "o primeiro objetivo básico do orfanato era -
afirmava -, e ainda é, que Deus seja magnificado pelo fato de que os órfãos sob
os meus cuidados foram e estão sendo supridos de todo o necessário, somente
por oração e fé, sem eu nem meus companheiros de trabalho pedirmos ao próximo;
por isso mesmo se pode ver que Deus continua fiel e ainda responde às nossas
orações".
Em
resposta a muitos que queriam saber como o crente pode adquirir tão grande fé,
deu as seguintes regras:
1)
Lendo a Bíblia e meditando sobre o texto lido, chega-se a conhecer a Deus, por
meio de oração.
2)
Procurar manter um coração íntegro e uma boa consciência.
3)
Se desejamos que a nossa fé cresça, não devemos evitar aquilo que a prove e por
meio do que ela seja fortalecida.
"Ainda
mais um ponto: para que a nossa fé se fortaleça, é necessário que deixemos
Deus agir por nós ao chegar a hora da provação, e não procurar a nossa própria
libertação.
"Se
o crente desejar grande fé, deve dar tempo para Deus trabalhar."
Os
cinco prédios construídos de pedras lavradas e situados em Ashley Hill,
Bristol, Inglaterra, com 1.700 janelas e lugar para acomodar mais de 2.000
pessoas, são testemunhas atuais dessa grande fé de que ele escreveu.
Cada
uma dessas dádivas (devemo-nos lembrar) Jorge Müller lutou com Deus em oração
para obter; orou com alvo certo e com perseverança, e Deus lhe respondeu.
São
de Jorge Müller estas palavras: "Muitas repetidas vezes tenho-me
encontrado em posição muito difícil, não só com 2.000 pessoas comendo diariamente
às mesas, mas também com a obrigação de atender a todas as demais despesas,
estando a nossa caixa com os fundos esgotados. Havia ainda 189 missionários
para sustentar, cerca de 100 colégios com mais ou menos 9.000 alunos, além de
4.000.000 de tratados para distribuir, tudo sob nossa responsabilidade, sem
que houvesse dinheiro em caixa para as despesas".
Certa
vez o doutor A. T. Pierson foi hóspede de Jorge Müller no seu orfanato. Uma
noite, depois que todos se deitaram, Jorge Müller o chamou para orar dizendo
que não havia coisa alguma em casa para comer. O doutor Pierson quis
lembrar-lhe que o comércio estava fechado, mas Jorge Müller bem sabia disso.
Depois da oração deitaram-se, dormiram e, ao amanhecer, a alimentação já estava
suprida e em abundância para 2.000 crianças. Nem o doutor Pierson, nem Jorge
Müller chegaram a saber como a alimentação foi suprida. A história foi contada
naquela manhã, ao senhor Simão Short, sob a promessa de guardá-la em segredo
até o dia da morte do benfeitor. O Senhor despertara essa pessoa do sono, à
noite, e mandara que levasse alimentos suficientes para suprir o orfanato
durante um mês. E isso sem a pessoa saber coisa alguma da oração de Jorge
Müller e do doutor Pierson!
Com
a idade de 69 anos Jorge Müller iniciou suas viagens, nas quais pregou
centenas de vezes em quarenta e duas nações, a mais de três milhões de pessoas.
Recebeu, em resposta às suas orações, tudo de Deus para pagar as grandes
despesas. Mais tarde, ele escreveu: "Digo com razão: Creio que eu não fui
dirigido a nenhum lugar onde não houvesse prova evidente de que o Senhor me
mandara para lá". Ele não fez essas viagens com o plano de solicitar
dinheiro para a junta; não recebeu o suficiente nem para as despesas de doze
horas da junta. Segundo as suas palavras, o alvo era "que eu pudesse, por
minha experiência e conhecimento das coisas divinas, comunicar uma bênção aos
crentes... e que eu pudesse pregar o Evangelho aos que não conheciam o
Senhor".
Assim
escreveu ele sobre um seu problema espiritual: "Sinto constantemente a
minha necessidade... Nada posso fazer sozinho, sem cair nas garras de Satanás.
O orgulho, a incredulidade ou outros pecados me levariam à ruína. Sozinho não
permaneço firme um momento. Que nenhum leitor pense que devido à minha
dedicação, eu não me possa 'inchar' ou me orgulhar, ou que eu não possa
descrer de Deus!"
O
estimado evangelista, Carlos Inglis, contou a respeito de Jorge Müller:
"Quando
vim pela primeira vez à América, faz trinta e um anos, o comandante do navio
era devoto tal que jamais conheci. Quando nos aproximamos da Terra Nova, ele me
disse: 'Sr. Inglis, a última vez que passei aqui, há cinco semanas, aconteceu
uma coisa tão extraordinária que foi a causa de uma transformação de toda a
minha vida de crente. Até aquele tempo eu era um crente comum. Havia a bordo
conosco um homem de Deus, o senhor Jorge Müller, de Bristol. Eu tinha passado
22 horas sem me afastar da ponte de comando, nem por um momento, quando fui assustado
por alguém que me tocou no ombro. Era o senhor Jorge Müller. Houve, então,
entre nós o seguinte diálogo:
-
Comandante - disse o senhor Müller, - vim dizer-lhe que tenho de estar em
Quebec no sábado, à tarde.
Era
quarta-feira.
-
Impossível - respondi.
-
Pois bem, se seu navio não pode levar-me, Deus achará outro meio de
transporte. Durante 57 anos nunca deixei de estar no lugar à hora em que me
achava comprometido.
-
Teria muito prazer em ajudá-lo, mas o que posso fazer? - Não há meios!
-
Vamos aqui dentro para orar - sugeriu.
Olhei
para aquele homem e disse a mim mesmo: 'De qual casa de doidos escapou
este?' Nunca eu ouvira alguém falar desse modo.
-
Sr. Müller, o senhor vê como é espessa esta neblina.
-
Não - respondeu ele - os meus olhos não estão na neblina, mas no Deus vivo que
governa todas as circunstâncias da minha vida.
O
senhor Müller caiu de joelhos e orou da forma mais simples possível. Eu pensei:
'É uma oração como a de uma criança de oito ou nove anos'. Foi mais ou menos
assim que ele orou: 'Ó Senhor, se for da tua vontade, retira esta neblina
dentro de cinco minutos. Sabes como me comprometi a estar em Quebec no sábado.
Creio ser isso a tua vontade."
Quando
findou, eu queria orar também, mas o senhor Müller pôs a sua mão no meu ombro e
pediu que não o fizesse, dizendo:
-
Comandante, primeiro o senhor não crê que Deus faça isso, e, em segundo lugar,
eu creio que Ele já o fez. Não há, pois, qualquer necessidade de o senhor orar
nesse sentido. Conheço, comandante, o meu Senhor há cinqüenta e sete anos e
não há dia em que eu não tenha audiência com Ele. Levante-se, por favor, abra a
porta e verá que a neblina já desapareceu.
Levantei-me,
olhei, e a neblina havia desaparecido. No sábado, à tarde, Jorge Müller estava
em Quebec.'"
Para
o ajudar a levar a carga dos orfanatos e a apropriar-se das promessas de Deus
em oração, lado a lado com ele, Jorge Müller tinha consigo, havia quase
quarenta anos, uma esposa sempre fiel. Quando ela faleceu, milhares de pessoas
assistiram ao seu enterro, das quais cerca de 1.200 eram órfãos. Ele mesmo,
fortalecido pelo Senhor, conforme confessou, dirigiu os cultos fúnebres no
templo e no cemitério.
Com
a idade de 90 anos pregou o sermão fúnebre da segunda esposa, como o fizera na
morte da primeira. Uma pessoa que assistiu a esse enterro, assim se expressou:
-"Tive o privilégio, sexta-feira, de assistir ao enterro da senhora
Müller... e presenciar um culto simples, que foi, talvez, pelas suas
peculiaridades, o único na história do mundo: Um venerável patriarca preside
ao culto do início ao fim. Com a idade de noventa anos, permanece ainda
cheio daquela grande fé que o tem habilitado a alcançar tanto, e que o tem
sustentado em emergência, problemas e trabalhos duma longa vida..."
No
ano de 1898, com a idade de noventa e três anos, na última noite antes de
partir para estar com Cristo, sem mostrar sinal de diminuição de suas forças
físicas, deitou-se como de costume. Na manhã do dia seguinte foi "chamado",
na expressão de um amigo ao receber as notícias que assim explicam a partida:
"O querido ancião Müller desapareceu de nosso meio para o Lar, quando o
Mestre abriu a porta e o chamou ternamente, dizendo: 'Vem!'"
Os
jornais publicaram, meio século depois da sua morte, a seguinte notícia:
"O orfanato de Jorge Müller, em Bristol, permanece como uma das maravilhas
do mundo. Desde a sua fundação, em 1836, a cifra que Deus tem concedido,
unicamente em resposta às orações, sobe a mais de vinte milhões de dólares e o
número de órfãos ascende a 19.935. Apesar de os vidros de cerca de 400 janelas
terem sido partidos recentemente por bombas (na segunda guerra mundial),
nenhuma criança e nenhum auxiliar foi ferido".
GEORGE MÜLLER (Extraido
do livro hérois da fé)
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