FILOSOFIA MISSIONÁRIA DO APÓSTOLO PAULO - PARTE 2
BARREIRAS E TENTAÇÕES ENFRENTADAS NO TRABALHO MISSIONÁRIO (2ª Corintios 4.1-15)
Quem
se candidata para o ministério de missionário deve-se prontificar para
enfrentar problemas, oposição e lutas. Paulo destaca alguns destes para mostrar
sua dependência do braço forte do Senhor.
O
apóstolo alista três tentações que todo obreiro transcultural deve esperar. A
primeira é o desânimo que se toma patente na frase, "não
desfalecemos" (v. 1, 16; 5.6, 8). O alento que conquista o desânimo é a
misericórdia de Deus. Se Deus demonstrou Sua bondade infinita, buscando e
salvando Paulo, um opositor tão empedernido e hostil a Seu evangelho,
certamente devemos esperar que Ele derrube qualquer inimigo humano e
transforme-o em aliado.
É
necessário lutar contra a segunda tentação de utilizar métodos ocultos e
vergonhosos para conseguir resultados visíveis. Mas Paulo rejeita,
terminantemente, toda forma de astúcia (v. 2; cf. 12.16). Missionários do
século XX também terão que rejeitar esta tentação de tirar vantagens para o
evangelho, usando métodos anti-éticos. Os fins não justificam os meios, declara
Paulo neste retumbante posicionamento. Não é licito adulterar a mensagem, mesmo
que isso traga um crescimento numérico à igreja.
A
terceira tentação que deve-se evitar, a todo custo, seria a pregação de si
mesmo (v. 5). Paulo queria dizer com estas palavras que a auto-promoção, para
ganhar um audiência maior, não é algo digno do Senhor da Glória a quem
servimos. Exaltar nossas habilidades, inteligência e autoridade humana, esbarra
no efeito inevitável: desmancha a glória do Senhor Jesus para focalizar o
pregador. Paulo venceu esta tentação, concentrando todo esforço em servir a
igreja como "escravo" (grego douleuo). Se reconhecemos que
somos "escravos", não teremos maior dificuldade em exaltar Jesus Cristo
à posição de Senhor. Ele é o Senhor e Rei.
A
Barreira da Cegueira dos Ouvintes
O
trabalho missionário inevitavelmente enfrentará a barreira da cegueira dos
incrédulos (v. 4). Não é somente Israel que tem os olhos vedados pelo véu de
incredulidade (v. 3), os pagãos também sofrem as conseqüências da ação satânica
que fura seus olhos espirituais.
O
deus deste mundo se defendeu contra a luz do evangelho destruindo a capacidade
natural do homem de perceber a verdade. Eis a razão da cegueira que envolve os
entendimentos. Quando os ouvintes da mensagem não
recebem auxílio de Deus, as boas novas parecem insensatez. Parecem uma invenção
fictícia que ilude aos que crêem. O objetivo do diabo se concretiza toda vez que ele impede que a luz do
evangelho da glória de Cristo
resplandeça nos corações dos pagãos. Esta barreira muda a glória em trevas, a sabedoria de Deus em insensatez, e a
verdade do evangelho em mentira.
Que outra barreira, que o missionário enfrenta
hoje, é mais formidável do que esta?
Alguns têm gasto a vida inteira tentando ultrapassar o abismo que separa os cegos dos que vêem. Mas Paulo
afirma que esta barreira não e
intransponível, por que ele mesmo foi recipiente do milagre da palavra criativa de Deus. Gênesis 1.3 revela o
efeito iluminador de Deus quando
disse, "Haja luz!" Algo semelhante ocorre quando o Criador ordena
que a luz brilhe nos corações dos que são espiritualmente cegos (v. 6). Deste modo Paulo reconhece o que disse
anteriormente. "Nossa suficiência
vem de Deus". Por isso, exclama: Ouk engkakoumen ("não
desfalecemos").
Na
realidade, não é uma luz abstrata, nem teórica, porque Deus mesmo "resplandeceu em nossos corações" (v.
6). A luz, que ali brilha, comunica "o conhecimento da glória de
Deus na face de Cristo" (v. 6). Na estrada de Damasco Paulo viu a glória
de Deus quando apareceu diante dele a pessoa de
Cristo. Por meio desse encontro transformador, chegou a conhecer a Deus como nunca antes. No farisaísmo conheceu a lei
de ordenanças e mandamentos. Mas pela revelação do Filho em Paulo (Gl 1.16),
toda sua visão da realidade espiritual mudou. Passou a experimentar o que Jesus
disse, "A vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (Jo 17.3).
Todos os meios de comunicação nos campos missionários serão ineficazes se faltar esta atuação miraculosa de Deus. Paulo pode plantar e Apolo regar, mas a germinação e crescimento vem de Deus (1Co 3.6). Daí a importância absoluta da dependência da oração dos que pregam e dos que enviam os obreiros. Doutro modo esta barreira da cegueira impossibilitará o avanço da obra de Deus.
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