CHOQUE CULTURAL

 

STRESS CULTURAL NO CAMPO MISSIONÁRIO

  

O stress cultural é inevitável. Todos os obreiros enfrentarão stress para ajustarem-se á nova cultura. Reconhecer o fato que stress  cultural é normal e inevitável, dá condições ao obreiro para identificar os sintomas do stress e par aprender a lidar com eles adequadamente. A intensidade do stress varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com os diferentes temperamentos e personalidades, e a situação transcultural também varia largamente. 

O termo “choque cultural” é bem conhecido. Isto acontece quando não têm as dicas da cultura. Experimenta-se uma ansiedade quando se perde o que é familiar, vem a confusão e se experimenta um certo grau de “choque”. Quando os missionários chegam no seu novo campo, eles enfrentam vários ajustes que produzem stress cultural.  Uma boa maneira de suportar o stress cultural, é através de um bom preparo e orientação transcultural. 

Generalizando, existem 2 tipos de stress cultural, experimentados por missionários transculturais: o Choque Cultural e o stress em relacionamento. 

 

CHOQUE CULTURAL

Existe stress proveniente da perda das dicas familiares da cultura, o qual é denominado “choque cultural”. Nenhum missionário, mesmo que tenha uma preparação e orientação maravilhosa, será capaz de absorver todas as normas culturais de comportamento e normas de comunicação do povo diferente. Cada cultura tem milhares de dicas, algumas das quais só podem ser aprendidas com o passar do tempo na cultura que está exposto. Até que elas sejam aprendidas, o missionário estará culturalmente desorientado. Ele enfrentará dificuldades, tensão e até mau ajustamento emocional por causa da perda de coisas familiares. 

Na Ásia, por instância, onde o povo é educado, você nunca estará seguro quando deve aceitar ou não um convite para ficar e participar da refeição com a família. Você não deve aceitar o convite na primeira vez. Normalmente, não deve aceitar também o segundo convite. Você deve discernir através da dica sutil (o entusiasmo da pessoa e sua família, expressões faciais, outros comentários que foram feitos), então, de acordo com todas as dicas, você deve dar a resposta definitiva. Às vezes, você pode aceitar o convite precipitadamente e, em outra oportunidade, recusar e causar tristeza. 

Quando for de uma cultura para outra, o mais importante é guardar na mente que “NÃO É ERRADO, MAS DIFERENTE” . Por exemplo, em determinado lugar se você estiver  comendo barulhentamente (tomar sopa soprando e estalando os lábios), significa que a comida está muito deliciosa e a pessoa está gostando; isso dentro da cultura asiática, mas dentro da cultura ocidental, é falta de etiqueta. Não está errado, mas é diferente!

 

ESTILO DE VIDA E STRESS EM RELACIONAMENTO

Há outro tipo de stress que vem da mudança inevitável à nova maneira de viver e relacionar-se com o povo do país. Aqui os valores culturais são envolvidos. Enfrentando estes diferentes valores e tendo que passar por mudanças, resultará em stress. Valores relacionados a situações tais como a privacidade pessoal, o uso do tempo, dinheiro e limpeza afetarão o estilo e a vida do missionário. 

O primeiro tipo de stress, relativo a choque cultural, pode ser superado no período de tempo que o ajustamento requer. O segundo tipo, relativo a valores fundamentais, é mais difícil de superar. Frustrações e atitudes negativas para com o povo e sua cultura, podem exaurir as energias do missionário e sua família. Mas, por outro lado, com isto, o ajudará a reduzir o stress. Nesta segunda categoria de stress, é geralmente mais difícil para o missionário vencer. Vamos examinar algumas dessas áreas: 

PRIVACIDADE PESSOAL: A falta de privacidade pessoal pode ser a fonte do stress. Na Nova Zelândia, pode-se observar que a privacidade pessoal é altamente respeitada. Em muitas áreas, as casas não têm muros ou portões. Na popular e barulhenta Ásia, nem sempre é possível recolher-se em sua própria privacidade ou quietude. Fitar inquiridamente para você ou olhar longamente para dentro de sua casa pode parecer ser o passatempo de seus vizinhos ou estrangeiros, que passam na frente de seu portão e olham atentamente por cima do seu muro. 

Porque relacionamentos têm um papel importante, a casa do missionário é aberta freqüentemente para hospitalidade. Tive oportunidade de observar na casa dos nossos missionários em Timor Leste, que continuamente tínhamos estudantes e outros hóspedes em casa. Mesmo gostando de ministrar àquelas pessoas, a demanda da hospitalidade adicionava stress para nós. Para nós “tempo a sós com família” era coisa rara. 

Geralmente há uma expectativa maior sobre as mulheres para servir, portanto, elas experimentarão um stress maior que a demanda da hospitalidade. Com muitos “vai-e-vem”, o lar passa a ser um lugar de descanso e refúgio. Missionários transculturais precisam descobrir outras maneiras para relaxar. Esposos e esposas, pais e filhos precisam tomar tempo para desfrutar de uma comunicação significante e agradável. 

Outra prática comum entre os asiáticos é discutir preço e pechinchar. Os visitantes perguntarão o preço gasto nas compras, e alguns missionários podem sentir tensões, se eles sentem que estas visitas podem estar se intrometendo nos seus afazeres pessoais. 

Na maioria dos países desenvolvidos, o dinheiro é gasto para economizar tempo. Mas nos países em desenvolvimento, o tempo é gasto para economizar dinheiro. Alguns asiáticos irão longe se existem lojas baratas para economizar dinheiro. Os asiáticos podem gastar um dia inteiro à procura de “promoções” e não consideram a longa procura como perda de tempo. 

DINHEIRO E CONFORTO: Ser cuidadoso no uso do dinheiro é considerado uma virtude para a maioria dos povos. Os asiáticos são geralmente cuidadosos com suas finanças. Certas maneiras de gastar dinheiro serão consideradas como desperdício. Por exemplo: comprar artigos por conveniência ou comprar certos alimentos fora da época de cultivo ou produção, gastar dinheiro em certos tipos de roupas, etc. 

O ajustamento a um estilo de vida simples causará tensões para aqueles que vêm de países desenvolvidos ou foram criados e acostumados a terem tudo. O que é considerado necessidade para certa cultura, para outra é visto como luxo. 

AMBIENTE E SAÚDE: Sujeira e poeira são comuns em qualquer lugar, e geralmente não se pode fazer muita coisa para evita-las e mudar a situação. A dificuldade maior para suportar é a falta de higiene que prevalece em conseqüência do pobre serviço sanitário. Formigas, moscas, mosquitos, baratas, ratos e insetos em geral são abundantes em muitos lugares. Nem sempre há água potável à disposição. 

Um erro comum é pensar que o povo da localidade detesta limpeza. O problema de limpeza não é somente uma dificuldade para os missionários, como também para os moradores locais. Em um país da Ásia, os missionários tiveram que se ajustar ao fato de  que não se usava papel higiênico, pois era muito caro e, portanto, coisa de luxo para ser usado pelo povo local. 

Um dos sintomas mais comuns do stress é a preocupação com os germes. Alguns missionários persistem em lavar as mãos excessivamente, e até em momentos inadequados. Outros se recusam a comer alimentos oferecidos pelo povo local. Nenhum missionário transcultural pode viver normalmente e ministrar adequadamente, se ele se recusar a come com o povo. 

Os missionários transculturais freqüentemente pagam um preço alto onde o tratamento de saúde  é quase inexistente. Os nossos missionários no Timor Leste, têm sofrido com a maioria das doenças: tuberculose, hepatite, desinteria, doença sanguínea, câncer, malária e outras enfermidades. Outros têm retornado do campo prematuramente e permanentemente por causa da saúde. 

STRESS RELATIVO À LÍNGUA: Quando o novo missionário chega no campo, reconhece imediatamente o quanto ele é inútil sem o domínio da língua. Conheci um missionário que aonde ia carregava consigo um dicionário – isto  ele fez durante os primeiros meses de seu ministério. Não havia um amigo para ajuda-lo, então ele teve que aprender algumas palavras essenciais para locomover-se. Este foi um período muito estressante para ele e sua esposa. 

Uma pessoa sem o domínio da língua, sente-se constantemente inútil. Ela comete erros repetidamente e é semelhante a uma criança. Em alguns campos, mesmo depois de algumas semanas de estudo da língua, a comunicação ainda é limitada. 

Alguns estudantes de língua sofrem um bloqueio mental para falar algumas palavras que não conhecem bem – “sentem-se inseguros”. Alguns já são graduados na universidade com doutorado, mas acham mais difícil o aprendizado, do que alguém com o 2o. Grau. O estudante da língua precisa tornar-se como um bebê em suas atitudes, para ter progresso. Alguns se recusam a falar até terem praticado o suficiente. Em suas mentes, pensam continuamente o que querem dizer em sua própria língua, então traduzem para a nova língua. Usando este processo, perderão uma porção da nova língua. Gera um circulo vicioso, e eles ficam impossibilitados de fazer progresso e também comunicar sem estudar mais. 

Língua e cultura estão entrelaçadas. Aprender bem a língua contribui para aprender bem a cultura. Muito do stress cultural desaparece quando a pessoa aprende a falar a língua. O novo missionário aprende através de erros, e desenvolve o senso de humor, rindo de si mesmo. Quando ele é capaz de fazer isto, diminui as tensões e a comunicação não é tão difícil como parecia no principio. Aprendendo as dicas culturais torna-se mais fácil, e também relacionamentos mais profundos podem ser desenvolvidos.

 

 

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