ENVIO DE MISSIONÁRIOS O QUE É E COMO DEVE SER REALIZADO - PRIMEIRA PARTE
O
QUE A IGREJA E OS MISSIONÁRIOS DEVEM SABER ANTES DE PARTIREM PARA O CAMPO
É
totalmente genuína a preocupação com aquilo que os missionários devem saber
antes de chegar aonde Deus os enviou como Seus embaixadores. Por esta razão é
que tantos se dedicam a instruí-los, treiná-los e prepará-los para essa
maravilhosa e divina empreitada.
Contudo,
a decisão de elaborar uma grade adequada de assuntos a serem abordados durante
a fase preliminar para a formação do missionário ainda é motivo de debate. O
que é realmente relevante durante a fase de preparo deve ser levado em consideração
de forma exaustiva. Tudo pode até começar com a chamada missionária, mas não
termina nela.
Muitas
vezes o caminho é longo até que se dê a chegada ao campo missionário. O
treinamento formal e informal, proporcionando ao candidato um conhecimento
prévio, mesmo que limitado, daquilo que supostamente encontrará no campo é de
grande valor e imprescindível.
A
necessidade do bom preparo é uma realidade, pois há muitos missionários que
estão servindo em campos transculturais que levaram entre 5 e 10 anos para se
prepararem adequadamente. Foram capacitados na igreja local, como também em
instituições teológicas visando um preparo missiológico antes de chegar ao
campo missionário apropriado. Existe também o cuidado que se deve tomar em não
queimar etapas.
Se
olharmos para a realidade missionária latinoamericana, reconheceremos
rapidamente que nosso “calcanhar de Aquiles” reside naquilo que chamamos de
imediatismo.
Na
verdade, aqui no Brasil, este costume junta-se a outro fator que podemos
denominar de “jeitinho brasileiro”, que se traduz como aquele comportamento
muito comum de realizar as tarefas que temos em nossas mãos no último momento,
quando não, fora do tempo determinado. Desta maneira, se junta a rapidez inconseqüente
a uma inusitada irresponsabilidade no desenvolvimento cronológico das nossas
tarefas
Da
mesma forma que se entende a necessidade do preparo, entende-se também a
necessidade de se evitar a procrastinação no envio do missionário. As conseqüências
da demora podem ser desastrosas, levando, inclusive, o vocacionado a abandonar
seu chamado porque sua igreja deixou de observar algumas etapas que deveriam
ser cumpridas no tempo determinado.
A
CHAMADA Indubitavelmente, todo aquele que tem um encontro pessoal com o Senhor
Jesus, passando pela experiência do novo nascimento (Jo 3.3), ou seja,
conversão, e decide tornar-se um de seus seguidores (Jo 3.67-69), recebe uma
chamada.
Esta
chamada é para apresentar e representar Jesus diante das pessoas (At 1.8),
fazendo com que todos O reconheçam como seu Senhor e Salvador pessoal.
A
chamada missionária, entretanto, apresenta um acréscimo na responsabilidade e comprometimento
com a evangelização mundial por ser mais específica, como o próprio apóstolo
Paulo salienta (1Co 9:17).
Faz-se
necessário dizer que a chamada missionária é, antes de qualquer outra coisa,
uma chamada direta do Espírito Santo. Este foi o caso de Paulo e Barnabé (At
13:2), por exemplo, e de qualquer outro que se declare comissionado pelo
Senhor.
Entretanto,
este texto não revela como esta chamada se deu. O mais provável é que Deus
tenha falado à igreja através de seus profetas (At 13.1). Porém, também se
aventa a possibilidade de que esta chamada tenha sido interna, e não externa,
ou seja, através do testemunho do Espírito em seus corações e mentes.
Por
outro lado, alguns cristãos colocam grande relevância no significado de uma
chamada específica recebida em uma data e local específicos. Contudo, missões
estão fundamentadas em uma base mais forte do que em apenas um senso subjetivo
de chamada de Deus.
Sem
sombra de dúvida, a chamada missionária é mais complexa do que se pode
imaginar. Por esta razão, uma compreensão do significado bíblico-teológico do
que é a chamada missionária se faz tão necessária.
A importância de compreender com exatidão o que é vocação missionária é real e há uma perspectiva sobre seu conceito tanto no Antigo Testamento (AT) quanto no Novo (NT). Como exemplo de chamada no AT, destaca-se a de Abraão (Gn 12.1-3).
Essa
chamada “torna-se praticamente um referencial clássico para tudo aquilo que
viria acontecer na história do povo de Israel”.
Em
contrapartida, é de bom tom recordar que, em conseqüência dessa chamada, Abraão
teve que romper seus laços familiares e deixar sua terra e seus amigos para
trás, dentre outras coisas.
Ao
se olhar para o NT, vê-se nos relatos de Mateus, Marcos e Lucas, em relação ao
chamado dos discípulos, o sentido de uma “convocação imperiosa a um indivíduo
ou a um grupo existente e mais ou menos bem definido como os discípulos”.
Já em Atos, pode-se ver um processo natural de desenvolvimento de chamadas. Essa convocação mencionada acima estaria sempre vinculada à comunidade dos santos, a saber, a igreja.
A
possibilidade de acontecer autochamamentos não existe, segundo a perspectiva
divina. Contudo, é a teologia paulina que provê a fundamentação teológica do
sentido de vocação missionária no NT.
Paulo
encarnou de forma plena o sentido bíblico-teológico da vocação missionária que
lhe foi concedida pelas seguintes razões:
1)
Afirma que não vive mais para si mesmo, mas para Aquele que o salvou e chamou
(Gl 2.20);
2)
Disponibiliza-se para se preparar devidamente (Gl 1.17);
3)
Dispõe-se a ser enviado por uma igreja local (At 13.1-3);
4)
Demonstra um estilo de vida que condiz com o de um missionário (Fp 4.11, 12).
5)
Está disposto a sofrer por amor a Cristo (2Co 11.24-27);
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